DUTRA ALERTA PARA MANOBRAS GOVERNISTAS CONTRA A CPI
"Para o governo, uma CPI nunca é oportuna", afirmou nesta terça-feira (dia 17) o senador José Eduardo Dutra (PT-SE), alertando para as manobras governistas que inviabilizaram outras CPIs, como a das empreiteiras. "Precisamos nos precaver contra parlamentares que assinam o requerimento e depois, pressionados pelo governo, retiram suas assinaturas. Esperemos que não se repita a manobra regimental que abortou a CPI do sistema financeiro, depois que já havia sido instalada", lembrou.Segundo Dutra, o fato da exigência para instalação da comissão ser de apenas um terço dos parlamentares indica que a CPI é um instrumento para possibilitar à minoria exercer seu papel de vigilância, de fiscalização dos atos do governo, sem ser barrada pela maioria governamental. "O objetivo não é paralisar o país. Isso somente acontece quando o governo está atolado em crimes como aconteceu com o ex-presidente Fernando Collor", esclarece.O senador por Sergipe afirmou que a CPI das privatizações pretende investigar muito além do episódio da "escuta telefônica" que envolveu o ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros. "Em especial, queremos conhecer o motivo do BNDES ter financiado a compra de empresas brasileiras, por grupos brasileiros e estrangeiros, com juros "de pai para filho". Será que esse tipo de operação se chama privatizar? O BNDES também não é governo?", indagou.José Eduardo Dutra também questionou o papel desempenhado pelos fundos de pensão. "Eles parecem ter obedecido ordens do governo para comprar esta ou aquela empresa, ao invés de agir no melhor interesse de seus cotistas. Tudo isso é muito estranho, sem esquecer o comportamento do ministro de interferir para alavancar consórcios e obter carta de fiança do Banco do Brasil para concorrentes", concluiu.
17/11/1998
Agência Senado
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