DUTRA ALERTA PARA ABUSOS NA CAMPANHA DA REELEIÇÃO



Dizendo temer pelo futuro da democracia brasileira, o senador José Eduardo Dutra (PT-SE) denunciou hoje (dia 4) irregularidades na campanha eleitoral em Sergipe, atribuindo-as sobretudo à emenda que permitiu a reeleição. Ele lembrou que, em nível nacional, a imprensa tem meios eficientes de fiscalizar o presidente da República, o que não acontece nos estados e municípios. Observou também que até o presidente da República se queixa da vigilância da oposição.

- O presidente da República já chamou de dedo-duro quem entrou com uma ação na Justiça contra o ministro José Serra. O que ele quer? Que não tenha mais oposição? - questionou Dutra. Na opinião do senador, já existe "uma santa aliança em torno do governo de Fernando Henrique Cardoso, mas ele não quer nem mesmo que a oposição aja como oposição". Dutra considerou essa reação do presidente da República inexplicável, até por tratar-se de um político que começou sua trajetória na oposição.

Sobre o governador de Sergipe, Albano Franco, também candidato à reeleição, Dutra disse que em seu estado já começou "a cooptação da oposição". Conforme o senador, a conquista de oposicionistas empreendida pelo governador culminou com a adesão do ex-prefeito Jackson Barreto, tradicional adversário de Albano Franco. O parlamentar informou que, não muito tempo atrás, Barreto deu entrevista acusando o governador e a primeira dama de fazerem caixa 2 com o dinheiro resultante da venda da Energipe (Companhia de Energia Elétrica de Sergipe). "Jackson Barreto foi processado por isso e agora está junto com o governador nesta eleição", afirmou Dutra.

Na opinião do senador, o dinheiro resultante da privatização dessa estatal poderia ter servido para subsidiar micro, pequenas e médias empresas do estado. Listando irregularidades cometidas na campanha estadual sergipana, ele afirmou que a lei eleitoral fixou em 30 de julho o prazo limite para repasse de recursos de convênios. Mas, em Sergipe o Diário Oficial ficou dez dias sem ser publicado para, em 7 de julho, trazer uma série de convênios assinados pelo governo com municípios. Isso porque, segundo Dutra, demoraram a se definir as coligações partidárias em seu estado.

Outra denúncia do senador apontou a ação do programa de saúde conhecido como "Viva Mulher", que leva médicos e dentistas para atender a população carente. Na opinião de Dutra, o programa poderia se chamar agora "Viva Albano", porque os servidores que ali atuam são obrigados a vestir a camiseta da campanha para a reeleição do governador. Dutra também condenou o fato de o presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe ser primo de Albano Franco, acrescentando que o chefe da Casa Civil do governo já anunciou que sua função principal é coordenar a campanha para a reeleição de Albano Franco.

O parlamentar observou que tanta irregularidade é conseqüência do absoluto sentimento de impunidade que domina o estado, sem contar a omissão dos meios de comunicação, geralmente nas mãos dos que detêm o poder. Ele disse que Albano Franco é dono da TV Sergipe, veículo que anuncia o show da Banda Mel, sem mencionar que na verdade se trata de um comício do governador em sua campanha pela reeleição.

"É esse o estado de coisa que enfrentamos em Sergipe", lastimou Dutra, informando que, apesar do uso da máquina administrativa pelo governador, o candidato apoiado pelo PT, Antonio Carlos Valadares, está tecnicamente empatado com o do PFL, João Alves, ambos em segundo lugar nas pesquisas. E preconizou que haverá segundo turno no seu estado. Dutra também apelou para que os fatos ocorridos em seu estado sirvam de alerta para o Legislativo voltar discutir o instituto da reeleição.



04/08/1998

Agência Senado


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