DUTRA DEFENDE REVOGAÇÃO DA DECISÃO DO PT CARIOCA



Com base na "Carta do Rio de Janeiro", o senador José Eduardo Dutra (PT-SE) disse hoje (dia 29) que o diretório nacional do seu partido tem poder para revogar a decisão, tomada pelo PT-RJ no último domingo, de lançar candidatura própria ao governo estadual. Pela decisão, a regional do partido negou apoio a uma aliança com o PDT e à candidatura de Anthony Garotinho ao governo carioca, contrariando orientação da direção nacional do PT.

- O problema não foi criado pelos aliados e cabe ao PT resolvê-lo - reiterou.

Como o próximo encontro nacional do partido só será realizado no final de maio, Dutra afirmou que Lula, a maior liderança popular que surgiu no país, deveria contar com uma solução mais urgente, oferecida pelo próprio Vladimir Palmeira: "Bastaria ele retirar seu nome".

O senador leu o seguinte trecho da carta que, a seu ver, justifica seu posicionamento:

"Do ponto de vista do PT, a concretização de um programa comum, o fortalecimento dos movimentos sociais, o combate às reformas conservadoras, a difusão de propostas alternativas e o estabelecimento de uma política nacional de alianças são condições indispensáveis para derrotar FHC e seus aliados nos estados. Para ganhar e governar transformando o Brasil, é necessário que esta política nacional comande o complexo jogo de forças e pretensões locais, ou regionais, sem o que a fragmentação e o conseqüente enfraquecimento da Frente serão inevitáveis. Nenhum interesse regional deverá prevalecer diante do desafio de barrar a recondução de FHC e bater o neoliberalismo".

Conforme Dutra, se a convenção do Rio foi democrática e legítima, o encontro nacional, que reuniu delegados de todo o país em agosto de 1997 e firmou o compromisso de uma política nacional de alianças, foi ainda mais democrático e legítimo. A seu ver, a resolução de 1997 apontou claramente para o fortalecimento de um PT nacional, e não para "uma federação de interesses regionais".

Dada a tradição carioca de fazer política nacional, Dutra confessou-se surpreso com o fato de o seu partido "tomar uma decisão paroquial, provinciana, colocando interesses regionais acima dos nacionais".

Em apoio a sua posição, o senador também destacou que não seria a primeira vez que a instância máxima do PT revogaria uma decisão estadual. Assim aconteceu em 94 com o PT do Ceará e de Rondônia, que pretendiam apoiar, respectivamente, as candidaturas de Tasso Jereissati e Valdir Raupp; em 86, decisão de apoiar Waldir Pires ao governo da Bahia também foi revogada, disse.

A senadora Benedita da Silva (PT-RJ), em aparte, citou o próprio Vladimir Palmeira, que, antes de sua indicação, disse que, quando as lideranças se equivocam, as suas bases não têm a obrigação de acompanhá-las. Para ela, "as bases do Rio se equivocaram e o conjunto do partido não tem por que acompanhá-las". Eduardo Suplicy (PT-SP), por sua vez, considerou que, agora, cabe a Vladimir refletir se "a candidatura de Lula é mais importante do que a disputa no Rio de Janeiro". Ele acentuou que a decisão carioca foi tomada quando as últimas pesquisas de opinião revelam um crescimento da candidatura Lula.



29/04/1998

Agência Senado


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