DUTRA PEDE A CONVOCAÇÃO DE LUIZ ESTEVÃO
O senador José Eduardo Dutra (PT-SE) apresentou nesta terça-feira (dia 29) requerimento para que o senador Luiz Estevão (PMDB-DF) deponha na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades no Poder Judiciário. Para Dutra, as informações prestadas pelo empresário Fábio Monteiro de Barros Filho contradizem aquelas apresentadas por Estevão em plenário, e precisam de maiores esclarecimentos. Dutra chegou a aventar a possibilidade de pedir a prisão de Monteiro de Barros por acreditar que o empresário mentiu em seu depoimento.O senador por Sergipe lembrou que em discurso feito há um mês, Estevão disse ter encarado com naturalidade o fato de a CPI ter encontrado ligações feitas por Monteiro de Barros a ele ou suas empresas. Estevão informou ter se associado ao empresário paulista em apenas duas ocasiões: na construção do prédio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília, e em um empreendimento agropecuário, no Mato Grosso.Segundo Dutra, em seu depoimento à CPI, o dono da construtora Ikal listou outros negócios entre ele e o senador pelo Distrito Federal, com quem mantém relações comerciais desde 1989. Monteiro de Barros disse que seu grupo associou-se às empresas de Estevão, o Grupo OK, para empreendimentos na área de construção, agropecuária e financeira.Dutra também levantou suspeitas sobre manipulação prévia da licitação para a obra do TRT paulista. O senador revelou que a empresa do advogado Pedro Rodovalho retirou o edital para a construção do prédio do TRT, e desistiu de participar, mas, três meses mais tarde, assinou contrato para fazer investimentos estrangeiros para o grupo de Monteiro de Barros. "Essa operação Panamá ficou muito mal explicada", disse Dutra.Monteiro de Barros foi taxativo ao dizer que nunca conversou sobre a definição do modelo da licitação do prédio do TRT de São Paulo com qualquer autoridade em Brasília. "Nem aqui, nem em lugar nenhum", disse. O senador informou que foi encontrado cheque do empresário para Rodovalho a título de emissão de ações da empresa do advogado. Nesse momento, o depoente disse que realmente comprou uma sociedade de Rodovalho e, mais tarde, mudou o nome da pessoa física. Dutra perguntou ainda a Monteiro de Barros se ganhou muito dinheiro e quais as características da venda de um prédio para o TRT paulista da qual participou como corretor, em 1979. O empresário disse que foi um negócio grande, mas que obedeceu as condições normais de mercado da época.
29/06/1999
Agência Senado
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