Educação é o principal meio para a conscientização ambiental, dizem debatedores



O Brasil está retomando o ciclo de desenvolvimento econômico depois de quase duas décadas de estagnação. O grande desafio agora é aliar crescimento com inclusão social, com a manutenção dos valores democráticos e principalmente, com a preservação ambiental, ação que passa pela educação ambiental. Também é preciso conscientização da população que cresceu acreditando na eternidade dos recursos naturais. Essa são algumas das conclusões da reunião da comissão mista de Mudanças Climáticas, ocorrida nesta terça-feira (16).

- A reconstrução da rede social capilar das escolas é que leva a essa consciência - destacou Hamilton Pereira, secretário de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente.

Para criar essa conscientização, explicou Hamilton, uma das ações do ministério é a criação de um Sistema Nacional de Educação Ambiental (Sisnea), a partir da Política Nacional de Educação Ambiental em vigor. Pela proposta, ainda em estudo, práticas como a do coletivo educador poderiam ser potencializadas: um conjunto de instituições que atuam em processos de mobilização social e formação de educadores ambientais populares, para atuar na comunidade e na criação e no fortalecimento de Comunidades de Aprendizagem e Qualidade de Vida, as Com-vidas, que já são mais de 4 mil em todo o país.

Hamilton destacou ainda que não é possível apostar na ilusão do consenso para resolver a questão ambiental. O melhor caminho para enfrentar o problema, afirmou, é evitar cair nessa armadilha:

- É preciso identificar os dissensos, tratá-los adequadamente, trabalhá-los com maturidade. E o poder público deve ser o indutor do desenvolvimento.

O diretor de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Marcos Sorrentino, lembrou que educação ambiental não se faz só com informação, mas com mudança de valores e comportamento:

- E não são só os professores e estudantes que devem contribuir para a transformação. O sistema nacional de educação ambiental deve ser articulado, e dialogar com todos os outros sistemas - salientou.

Rachel Trajber, coordenadora geral de Educação Ambiental do MMA, explicou como o trabalho conjunto com o Ministério da Educação deve ajudar na mudança de valores, a partir de ações de educação difusas, com conferências e mobilização, e até mesmo presencial, em cursos de formação continuada. Ela também aposta na realização de conferências nas escolas e na efetivação da 3ª Conferência Nacional Infanto Juvenil pelo Meio Ambiente, em 2008, um processo de mobilização para a formação de comunidades sustentáveis.

- Sem educação nada faz sentido - disse.

Já a coordenadora do Laboratório de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), Eda Tassara, acrescentou ainda que as chamadas "forças catastróficas", que causam alarde sobre as conseqüências do aquecimento, não ajudam a compreender o "papel de cada um para a resolução do problema".

Triângulo

A coordenadora-geral do Instituto Ecoar para Cidadania, Mirian Duailibi, apresentou a teoria do triangulo de estabilização, cálculos que determinam a diminuição drástica das emissões de gases causadores do efeito estufa, como o CO2. Se as emissões não forem cortadas em 50%, a Terra se aquecerá até 2050 em mais de dois graus centígrados, o que seria insuportável, explicou.

Essa mesma teoria determina que sete "cunhas", ou conjuntos de ações sejam tomadas coletivamente, como a diminuição da emissão de sete gigatoneladas de carbono ao ano ou o reflorestamento de 300 milhões de hectares de florestas tropicais.

- Mas antes das sete cunhas, é necessário investir na cunha da educação local e global, um trabalho de mobilização e sensibilização para enfrentar e vencer os desafios. Muitas pessoas desconhecem as conexões entre o seu modo de vida e o aquecimento - explicou

Ela sugeriu o trabalho conjunto da sociedade civil organizada, da mídia, das empresas e do governo nesse sentido, e explicou que os Estados Unidos emitem anualmente 5,9 bilhões de toneladas por ano de CO2, dez vezes mais o que a África, que só emitiu 3% de todos os gases causadores de efeito estufa da história, e é a nação que mais vai sofrer com os efeitos do aquecimento.

Vice-presidente

Durante a reunião, o senador Magno Malta (PR-ES) foi eleito por aclamação o novo vice-presidente da comissão. Como a licença do vice anterior, senador Fernando Collor, o cargo havia ficado vago.

Também foram aprovados dois requerimentos: o primeiro, de autoria do senador Renato Casagrande (PSB-ES), solicita a realização de audiência pública para que o Brasil assuma metas de redução de emissões de CO2 a partir de 2012, quando acaba a primeira fase das resoluções do Protocolo de Kyoto. O segundo, do deputado Rodrigo Rollemberg, solicita audiência pública com representantes do Ministério Público do Pará, da Companhia Vale do Rio Doce e do governo do estado do Pará para discutir a instalação de uma termelétrica em Barcarena.



16/10/2007

Agência Senado


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