Educação e capacitação podem evitar contaminação de alimentos, dizem debatedores



Investimento em educação e capacitação de quem trabalha com a produção de alimentos é medida importante para evitar problemas de saúde provocados pela contaminação. Este foi um dos pontos levantados por participantes de audiência pública que discutiu o assunto, nesta quinta-feira (29), na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Outra necessidade, afirmaram os especialistas, é conscientizar a população para que fiscalize as condições dos alimentos que consome.

A audiência foi requerida pelo senador Cyro Miranda (PSDB-GO).

O representante da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Fernando Cabral, disse que os projetos de qualificação para atuação em hotéis e restaurantes, sob responsabilidade do Ministério do Turismo, estão parados, o que gera preocupação, tendo em vista a realização de grandes eventos no país, como a Conferência Rio+20, a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

O desconhecimento sobre a correta conservação, manipulação e preparo dos alimentos, afirmou o diretor diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Barbano, compromete toda a cadeia produtiva, que deve obedecer a rigorosas normas de segurança. Para ele, os principais pontos a serem enfrentados são os problemas de saúde em razão do consumo de alimentos deteriorados e as perdas que ocorrem durante a cadeia de produção.

Fernando Cabral disse que a legislação sobre o tema é adequada, faltando, no entanto, educação e informação à população. Ele sugeriu a realização de campanhas para divulgar informações sobre segurança alimentar e consumo.

- Não adianta pensar que a Anvisa vai contratar centenas de fiscais e o problema será resolvido. Muitos aspectos são de higiene, que é um problema cultural das pessoas, disse.

Papel do consumidor

A representante da Sociedade Brasileira de Gastronomia e Nutrição, Vera Megumi Kawasaki, sugeriu que o consumidor visite a cozinha dos restaurantes que frequenta e exija qualidade dos produtos. Ainda com relação ao desconhecimento da população, ela observou que os rótulos dos produtos possuem importantes informações, mas o consumidor não as compreende ou não sabe como utilizá-las.

- Apesar de toda a legislação, o conhecimento da população a esse respeito é muito pequeno. Os direitos do consumidor devem ser divulgados em forma de fácil compreensão pelo cidadão comum. A Anvisa e os órgãos de fiscalização locais não dão conta de fiscalizar - disse.

Representante do Serviço de Informação da Carne (SIC), Licinia de Campos apontou problemas na cadeia produtiva, que exige abate, transporte e conservação adequados. No entanto, destacou, é comum o produto ficar exposto nos açougues por muitas horas em temperatura ambiente ou ser transportado em carrinhos para as feiras, o que aumenta o risco de contaminação bacteriana.

- Cada tipo de produto tem um tempo e uma temperatura ideal de conservação, não muito seguida por ignorância, e não por má fé. O que falta é treinamento - disse.

O representante da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Márcio Milan, garantiu que a entidade possui recursos para investimento em qualificação e treinamento de pessoal, especialmente com ênfase.

Cyro Miranda sugeriu que as entidades deem prosseguimento ao debate e trabalhem para implementar medidas educativas. Ele também informou que vai apresentar requerimento para nova audiência, desta vez com o ministro do Turismo, Gastão Dias Vieira, para conhecer os preparativos para a Copa no que se refere ao controle sanitário.



29/03/2012

Agência Senado


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