Educação: Novo programa da USP amplia acesso dos alunos de escolas públicas a seus cursos



Uma das principais medidas garante o acréscimo de 3% na nota obtida no vestibular da Fuvest

O Conselho Universitário da USP aprovou, no mês passado, conjunto de medidas destinadas a ampliar o acesso à universidade de alunos vindos de escolas públicas. Trata-se do Programa de Inclusão Social da USP (Inclusp), que garante a esses candidatos acréscimo de 3% na nota obtida nas provas da Fuvest (vestibular realizado para ingresso na USP), a partir do próximo exame. O benefício será concedido aos alunos que cursaram todo o ensino médio na rede pública.

Segundo a reitora da USP, Suely Vilela, o programa combina a inclusão social com o mérito acadêmico e a autonomia universitária. “A idéia é aumentar o porcentual de estudantes egressos do ensino público de 24% para 30% no primeiro ano de aplicação da medida”, afirma. As alterações visam também a tornar o exame mais direcionado à cobrança de competências, com questões para avaliar conhecimentos, analisar contextos e fazer comparações. A estimativa dos conselheiros é de que 600 candidatos sejam beneficiados no próximo exame, número que abrange os vestibulandos que costumam ficar próximos à nota de corte.

A primeira fase da Fuvest deste ano será no dia 26 de novembro, e as inscrições começam no mês de agosto. Oferecerá 10.202 vagas para cursos na USP (250 a mais que no ano passado) das quais 3.602 para o período noturno. O aumento de vagas à noite também está previsto no documento, para favorecer estudantes que trabalham. No último vestibular, participaram cerca de 170 mil interessados.

Avaliação seriada 

O Inclusp prevê, ainda, a redução no número de questões da primeira fase da Fuvest, de 100 para 90, com a inclusão de mais temas interdisciplinares, a realização de cursos de formação continuada para professores do ensino público, o apoio aos cursinhos pré-vestibulares comunitários, o intercâmbio entre as universidades e as escolas públicas, o estímulo à adoção de professores tutores, a ampliação dos recursos para bolsas de moradia e alimentação, entre outras iniciativas. As atividades de pesquisa na graduação serão também beneficiadas, com a criação do Programa Ensinando com Pesquisa, que prevê a concessão de bolsas de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).

A pró-reitora de graduação, Selma Garrido Pimenta, anunciou que a USP deverá efetivar um sistema de avaliação seriada do ensino médio público a partir de 2007. A iniciativa consistirá na aplicação de provas ao final de cada ano letivo do ensino médio, com avaliação pela Fuvest, para utilização dos resultados no vestibular. A adesão ao sistema será voluntária, e ainda não está definida a forma de aplicação das notas para pontuação extra no vestibular. “Para isso, será formado grupo de trabalho”, avisa Selma Pimenta.

A reitora explica que a intenção é ajudar na melhoria do ensino médio. “Vamos nos esforçar com o propósito de usá-la em 2008”, diz. Ressalta, também, que as novas ações serão acompanhadas de pesquisas de avaliação de desempenho. Está prevista a criação de um portal na Internet para que a sociedade tenha acesso ao desenvolvimento do projeto. Oito entidades de movimentos sociais solicitaram à reitoria a apresentação do Inclusp em audiência pública na Assembléia Legislativa, para que possam também fazer propost

06/02/2006


Artigos Relacionados


Pequisa constata que alunos de escolas públicas têm desempenho melhor em 31 dos 56 cursos da Unicamp

Pesquisa: Alunos de escolas públicas têm melhor desempenho em 31 dos 55 cursos analisados pela Unica

Garibaldi recebe manifestantes favoráveis a projeto que amplia acesso de estudantes de escolas públicas a universidade

Projeto que amplia acesso de estudantes de escolas públicas à universidade será debatido em audiência pública conjunta

Alunos de 450 escolas públicas de ensino médio terão aulas de educação financeira

Governo do Estado lança programa de concertos didáticos para alunos das escolas públicas