Efetivo da Polícia Civil no RJ continua o mesmo desde a década de 70



O efetivo policial civil no estado do Rio de Janeiro hoje chega a 11 mil, praticamente o mesmo do antigo estado da Guanabara. A informação é do presidente da Associação dos Delegados do Rio de Janeiro, Wladimir Sérgio Reale, que considera o número uma "desproporção brutal". Ele respondeu a questionamento do senador Roberto Saturnino (PT-RJ), para quem no Brasil há seis vezes menos policiais em ação do que nos países mais ricos.

Já Robson Robin da Silva, diretor do Departamento de Políticas, Programas e Projetos da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, destacou que antes da discussão sobre se o efetivo policial é pequeno, é preciso gerenciá-lo melhor. Ele criticou o deslocamento de grande número de policiais para trabalhar na segurança de tribunais, como ocorre em Brasília, ou para fazer a segurança de shows privados, com custeio pela máquina administrativa e sem responsabilização dos organizadores sequer com a cota de água que o policial precisa tomar durante o evento.

- Quem paga o efetivo para um grande evento é a sociedade. Tem de haver comprometimento com a população. É preciso uma regra nacional (para que uma parte do valor do ingresso seja repassada para a polícia) - sugeriu.

Mauro Spósito, coordenador de Operações Especiais de Fronteira do Departamento da Polícia Federal (DPF), destacou que o efetivo da Polícia Civil do Rio de Janeiro é o mesmo da Polícia Federal e ressaltou as dificuldades enfrentadas pela PF na Amazônia, já que nenhum dos nomeados em concurso quer permanecer no posto por muito tempo, principalmente porque não há compensação financeira.

A inspetora Marina Maggessi citou informação dada pelo diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, durante sua posse, de que a instituição tinha 10% de corruptos e 80% de burocratas, ou seja, só 10% dos funcionários trabalham efetivamente. Ela lamentou que seja praticamente impossível manter nos quadros os policiais de qualidade, que querem sempre subir na carreira.

Debate

O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) criticou algumas posições dos defensores de direitos humanos, que, em sua opinião, às vezes atrapalham a atuação policial. Ele defendeu a vinculação de receitas para a área de segurança, como ocorre com a saúde e a educação. O senador Romeu Tuma (PFL-SP), que é policial, emocionou-se durante a audiência pública e lamentou que tantos policiais tenham morrido covardemente nos ataques promovidos pelo PCC (Primeiro Comando da Capital). Ele ressaltou que é preciso combater a criminalidade, mas sem se esquecer a possibilidade de ajudar na recuperação dos meninos e meninas que atuam no crime, a exemplo do que ocorre no Rio de Janeiro.

Marina Maggessi destacou que o grupo AfroReggae, formado por ex-criminosos, toca com a banda da polícia.



25/05/2006

Agência Senado


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