Efraim: escândalos do "mensalão" e dos cartões compõem "o mesmo cenário de degradação moral"
O senador Efraim Morais (DEM-PB) afirmou que "a farra dos cartões corporativos " é "um dos momentos mais constrangedores do ponto de vista ético e moral" da história do Brasil. Segundo ele, o escândalo do "mensalão", ainda na memória dos brasileiros, e a farra dos cartões corporativos "compõem um único e mesmo cenário de degradação moral das instituições, de que fazem parte ainda os sempre crescentes gastos de gabinete e verba secreta da Presidência da República".
Efraim citou reportagem do jornal O Estado de S. Paulo publicada no último sábado (9), segundo a qual as despesas sigilosas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva passaram de R$ 16,9 milhões, em 2004, para R$ 35 milhões, no ano passado.
- O que justificaria tal aumento, se a inflação está estabilizada desde o Plano Real e o país não vive nenhum tipo de emergência administrativa? - perguntou Efraim, para responder ele mesmo que a única explicação plausível é "o desperdício do dinheiro público, ação predatória e delinqüente".
O senador da oposição criticou também o aumento de cargos de confiança no governo. Citou o próprio Ministério do Planejamento, segundo o qual o número de cargos comissionados da administração federal no segundo mandato de Lula cresceu 7,6 vezes em relação ao primeiro mandato. De acordo com Efraim, o número médio mensal de postos criados saltou de 23,8, no primeiro mandato, para 179,7, na média dos seis primeiros meses de 2007.
- Somados os dois mandatos, o governo Lula bateu um recorde administrativo: nada menos que 22.345 cargos comissionados - informou, acrescentando que o Partido dos Trabalhadores ocupa mais de cinco mil desses cargos, o que possibilitou o aumento de receita partidária em 45%, graças ao dízimo cobrado pelo partido dos filiados que ocupam cargos de nomeação. Lamentou que os funcionários comissionados tenham tido aumento de 140%, enquanto os servidores de carreira, como os militares, são enganados com promessas não cumpridas.
Efraim disse que o governo, ao propor a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a "farra dos cartões", quer, na verdade, "compor uma fachada de transparência para impedir a transparência":
- É mais ou menos como indicar o conde Drácula para investigar o roubo num banco de sangue - comparou Efraim, que também atacou a tentativa da base do governo de investigar os gastos do governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso, e do governo de São Paulo, chefiado pelo também tucano José Serra.
- Outra manobra oblíqua do governo Lula foi a de tentar lançar lama sobre o governo paulista de José Serra. Não há, porém, medida de comparação. Lá os cartões funcionam dentro de critério bem mais transparente, sendo cartões de débito, e não de crédito, destinados apenas aos ordenadores de despesas. Mesmo assim, não há por que não investigá-lo - salientou.
Em aparte, a senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) afirmou que o governo diz não ter recursos, mas tem dinheiro "para usar nos cartões corporativos de forma não muito recomendável".
11/02/2008
Agência Senado
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