Em audiência na CI, convidados apontam benefícios da transposição do São Francisco



Irrigação para agroindústria e lavoura, fornecimento de água para animais, perenização de córregos e rios do Nordeste Setentrional, avanços na saúde e geração de empregos. Esses seriam alguns dos benefícios da transposição do Rio São Francisco, de acordo com os participantes da audiência pública promovida pela Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) na noite desta segunda-feira (9).

Para o presidente do Instituto Internacional de Ecologia (IIE), José Galizia Tundisi, a transposição do Rio São Francisco não é simplesmente uma obra de integração hídrica, mas uma obra de integração regional. Tundisi disse que a transposição vai garantir segurança hídrica para milhões de nordestinos, observando que açudes, barragens e cisternas são importantes, mas não garantem a perenização do fornecimento de água – o que pode ser resolvido pela transposição.

Tundisi acrescentou que uma quantidade maior de água disponível no Nordeste vai incrementar a agricultura e fortalecer a economia regional. Para o presidente do IIE, água é fator de desenvolvimento econômico e social, além de auxiliar na saúde e na qualidade de vida.

- Os críticos não precisam se preocupar com a quantidade de água que está sendo transportada. É muito pouca água, é menos de 5% do volume do rio – explicou Tundisi.

Apesar de apontar vários benefícios, Tundisi alertou para a importância da qualidade da gestão da água no Nordeste. Medidas como plano de gestão integrada de todos os recursos hídricos da transposição, monitoramento da qualidade e da quantidade da água e mais investimentos nos recursos tecnológicos de irrigação, para melhor aproveitamento da água, foram apontadas por Tundisi como importantes para o sucesso do projeto. Manutenção de áreas de preservação ambiental ao redor da obra, capacitação de gestores e técnicos que vão trabalhar com a transposição e campanhas de educação sanitária para a população também são medidas que precisam ser implementadas pelo governo, segundo Tundisi.

- Este projeto é fundamental para o Nordeste. Mas, se não houver um plano de gerenciamento, pode se transformar em um grande desastre – alertou.

Redentor

O engenheiro Francisco Xavier Mill, representante da Secretaria de Infraestrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional, apresentou várias fotos da situação atual das obras e explicou detalhes técnicos do projeto. Ele informou que a transposição poderá beneficiar até 12 milhões de pessoas, em cerca de 390 municípios. Mill explicou que os eixos norte e leste da transposição, que distribuirão água para o interior da região do Nordeste Setentrional, são apenas parte dos benefícios da obra. Ele acrescentou que os ramais vão perenizar outros córregos e rios do Nordeste – o que poderá beneficiar até a região de Fortaleza (CE).

Mill reconheceu que a obra enfrentou problemas de execução, mas informou que todos os lotes contratados estão em atividade operacional. Ele informou que cerca de 8 mil pessoas trabalham na transposição e que o orçamento da primeira etapa da obra é de R$ 8,2 bilhões. Mill ainda apontou entre os benefícios da transposição a irrigação para a agroindústria local.

O engenheiro também admitiu que o Rio São Francisco tem problemas de poluição, mas em região fora daquela em que está sendo realizada a transposição. Ele acentuou que somente uma parte muito pequena do rio será transposta na obra, garantindo que jamais faltará água no leito do rio e que o excesso do volume vai garantir a solução de problemas crônicos na região.

- A abrangência da perenização não é orçada e nem visível para a população. Este projeto é redentor para o Nordeste Setentrional – afirmou.

O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) lembrou que muitas regiões do Nordeste enfrentam até dois anos seguidos de seca grave. Assim, disse o senador, a situação climática termina comprometendo o crescimento da economia. Arruda disse que já visitou a obra de transposição várias vezes e a definiu como “extraordinária”.

- A transposição é muito importante para o Ceará e para o Nordeste – disse Arruda.

Segundo o senador José Pimentel (PT-CE), que presidiu a audiência pública, a grande vantagem da transposição é usar a água que está à disposição do Nordeste. O senador lembrou que não se pode ter a certeza da abundância de chuvas todos os anos. Daí, a necessidade de uma reserva para atender os momentos mais críticos de seca.

- É segurança para 12 milhões de pessoas que hoje dependem do carro-pipa e que amanhã poderão ter outra qualidade de vida – declarou o senador.

Agenda

A reunião desta noite faz parte do 6º ciclo de debates sobre recursos hídricos, da agenda da comissão para o biênio 2013/2014, proposta pelo presidente da CI, senador Fernando Collor (PTB-AL). A agenda tem como nome Investimento e Gestão: Desatando o Nó Logístico do País. Collor não esteve presente na audiência porque está em viagem à África do Sul, para acompanhar o funeral do ex-presidente daquele país, Nelson Mandela.

As obras de transposição também serão tema de audiência pública nesta terça-feira (10), quando a Comissão Externa para Acompanhar os Programas de Transposição e Revitalização do Rio São Francisco ouvirá o ministro da Integração Nacional, Francisco José Coelho Teixeira, que irá apresentar aos senadores um balanço das obras de revitalização do Rio São Francisco.



09/12/2013

Agência Senado


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