Emenda quer independência na gestão financeira para todas as unidades da Federação



Encontra-se aguardando inclusão na Ordem do Dia do Senado proposta de emenda à Constituição que cria condições para que haja no Brasil uma ampla independência na gestão financeira de todas as unidades federativas, desvinculando estados e municípios das normas gerais de finanças públicas em vigor, fixadas por iniciativa da União.

A proposta, de autoria do senador Roberto Requião (PMDB-PR), recebeu, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), voto contrário em separado do senador Romero Jucá (PSDB-RR), para quem as mudanças propostas levariam o Brasil a uma situação similar à da Argentina, onde o poder central não consegue controlar as emissões de títulos e os gastos excessivos das províncias, gerando uma desordem fiscal e monetária no país.

Na proposta de Requião, o artigo 163 da Constituição seria alterado, admitindo, para o estabelecimento de normas de enquadramento das finanças públicas, o estabelecimento de -leis complementares-, em vez de -lei complementar-, como está definido ali, de modo a abrigar legislações estaduais e municipais.

A proposta também revoga o artigo 165, parágrafo 9º da Constituição e altera o art. 35 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, também com a finalidade de dar maior independência de gestão nas finanças públicas aos estados e municípios.

Para o senador Romero Jucá, a conseqüência prática da proposta seria permitir que estados e municípios passassem a fazer suas próprias leis de responsabilidade fiscal, deixando a lei atualmente em vigor ( nº 101 de 2000) destinada a enquadrar apenas as finanças da União.

Para Romero Jucá, a proposta -não contribui para que o Brasil alcance equilíbrio nas contas públicas. Pelo contrário, prejudica o processo de sua implementação, já em estágio avançado-. Para o senador, vice-líder do governo no Senado a proposta induziria os 5.550 municípios brasileiros a terem, cada um individualmente, sua própria lei de responsabilidade fiscal.

Com isso, entende Jucá, a manutenção do equilíbrio fiscal nas diversas esferas de poder estaria comprometida, abrindo-se espaço para que venha a ocorrer no Brasil, fenômeno similar ao que ocorre hoje na Argentina, -onde o governo federal é impotente na busca do equilíbrio das constas públicas-, uma vez que as províncias não se integram em um esforço comum em busca do ajuste fiscal do país como um todo.



22/11/2002

Agência Senado


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