EMILIA DIZ QUE AGRICULTORES NÃO QUEREM PERDÃO, MAS RENEGOCIAÇÃO DAS DÍVIDAS
"O que precisa mudar substancialmente é a visão do presidente da República e da equipe econômica com relação aos agricultores", aconselhou nesta terça-feira (dia 17) a senadora Emilia Fernandes (PDT-RS), ao pedir que se evitem expressões depreciativas, como "caloteiros", para referir-se aos produtores rurais. A senadora lembrou que eles não estão em Brasília para pedir perdão para sua dívidas, mas para renegociá-las.A senadora propôs que o Brasil reverta a lógica que trata setores produtivos, entre eles a agropecuária e a indústria, como "bandidos", enquanto o capital financeiro é tratado com benevolência. "A renegociação de dívidas para a agropecuária é vista como um prejuízo para o Tesouro Nacional, mas o recente Proer, que consumiu mais de US$ 20 bilhões, ou a doação de US$ 1,7 bilhão para dois bancos falidos, desmascarados pelo CPI do Sistema Financeiro, são apresentados como imprescindíveis para a estabilidade da economia nacional", reclamou.Emilia Fernandes destacou que, enquanto os produtores rurais são obrigados a recorrer a um movimento nacional para buscar uma solução para suas dívidas, os 15 maiores bancos do país nunca lucraram tanto como neste primeiro semestre. Ela lembrou o crescimento da dívida agrícola durante o Plano Real, passando de US$ 8 bilhões em 1993, para mais de US$ 20 bilhões, hoje, o que significa uma transferência de recursos do sistema produtivo para o sistema financeiro nacional e internacional. - Esquece o governo federal que a agropecuária brasileira é que sustentou o Plano Real até o seu esgotamento, não sendo justo que pague com a falência e descapitalização o fracasso da política econômica - disse a senadora.Para Emilia Fernandes, a mobilização dos produtores rurais em Brasília deve ser vista como um alerta definitivo ao governo federal quando, "não por acaso, o presidente Fernando Henrique Cardoso atinge seus mais altos índices de impopularidade". Em aparte, os senadores Ademir Andrade (PSB-PA), Arlindo Porto (PTB-MG), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Casildo Maldaner (PMDB-SC) elogiaram as preocupações da senadora, concordando que o assunto é de extrema importância.
17/08/1999
Agência Senado
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