Empresários apóiam PT








Empresários apóiam PT
O PT recebe hoje o apoio de um grupo de empresários, que lançarão em São Paulo um manifesto em defesa do voto em Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de outubro. O partido espera que ao menos 300 pessoas assinem o documento. Entre os principais nomes deverão estar José Pessoa de Queirós (representante do setor sucro-alcooleiro), Michel Haradon (produtor de defensivos agrícolas) e Lawrence Pih (do setor de alimentos). O manifesto, apesar de não contar com grande número de pesos-pesados da economia, será utilizado na campanha eleitoral pela coordenação da campanha de Lula como demonstração de que o candidato não assusta o empresariado.


Rumo ao FMI, de novo
Fernando Henrique compara situação atual à turbulência de setembro de 1998 e promete medidas : ‘‘Se é um acordo com o Fundo que vai acalmar o mercado, isso será feito’’

O presidente Fernando Henrique Cardoso admitiu a gravidade da crise econômica no país. Disse mais: que as turbulências que fazem tremer os indicadores econômicos do Brasil — até bem pouco tempo muito elogiados — são semelhantes às enfrentadas pelo país em setembro de 1998. Naquele mês, a economia brasileira entrou em um período de dificuldades por causa do calote da Rússia no pagamento de sua dívida externa, resultando, em janeiro de 1999, na desvalorização do real frente ao dólar.

‘‘Na campanha de 1998, quando eu era candidato (à reeleição), em setembro para ser mais preciso, vivíamos um momento muito difícil, de muita turbulência’’, disse, durante entrevista nos jardins do Palácio da Alvorada. ‘‘Eu falei para o povo que precisaríamos apertar o cinto e que pediria o apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI). E fiz isso. Alguns reagiram; outros, não. Mas o Brasil superou a dificuldade. Agora é a mesma coisa’’, comparou o presidente, procurando manter o bom humor. Naquele ano, o Brasil foi obrigado a recorrer a um empréstimo de US$ 41,5 bilhões do FMI para sair da crise.

Agora, o país assiste, atônito, a uma cotação recorde do dólar, superior a R$ 3. O risco-Brasil esbarra nos dois mil pontos. As empresas brasileiras estão renovando apenas 22% dos créditos que estão vencendo no exterior. ‘‘Se é um acordo com o Fundo que vai acalmar o mercado, isso será feito’’, prometeu o presidente, sem especificar prazos para isso. ‘‘O importante é cuidar para que as taxas de juros não disparem e que a população possa viver tranqüila’’, disse Fernando Henrique, numa alusão às duas vezes em o governo foi obrigado a dobrar os juros (setembro de 1997, na crise da Ásia, e setembro de 1998, na crise russa) para evitar a derrocada do Plano Real.

‘‘Apoio não nos faltará, porque eles (o FMI e os governos de países ricos) têm reiterado que a economia brasileira vai bem’’, afirmou o presidente, reforçando discurso feito na sexta-feira pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan. O ministro frustrou o mercado financeiro ao não anunciar o esperado acordo com o FMI. ‘‘Não será nesta semana, com certeza (que sairá o acordo). Uma negociação desse tamanho não pode ser feita tão rapidamente. Que país conseguiu fechar um acordo assim tão rápido?’’, indagou o presidente.

Fernando Henrique classificou as exigências do mercado financeiro de descabidas e disse que a fixação de datas para que o acordo com o FMI seja fechado serviria apenas para estimular a especulação. Quando perguntado sobre a visita do ministro Malan ao Palácio da Alvorada, ontem pela manhã, o presidente afirmou que eles não conversaram sobre a crise. ‘‘Somos amigos. Ele vem aqui quase todo fim de semana’’, enfatizou. Malan ficou uma hora e 40 minutos no Alvorada. Saiu 20 minutos antes da chegada do presidenciável do PSDB, José Serra.

A demora para um acordo com o FMI fará com que os preços do dólar se mantenham em disparada. Pelas projeções de Carlos Thadeu de Freitas Gomes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, a moeda norte-americana chegará a R$ 3,15 até sexta-feira. ‘‘Sem acordo, o dólar irá a R$ 3,20 em dez dias’’, previu. Ele não acredita, porém, que o acordo seja suficiente. ‘‘Somente a definição de quem será o novo presidente do Brasil poderá fazer isso. Até agora só temos incertezas sobre a moldura econômica do próximo ano’’, disse.

José Barrionuevo, diretor, em Nova York, de Estratégia de Mercado para a América Latina do Barclays Bank, não pensa diferente. Ele estima cotação de R$ 3,25 para o dólar na primeira semana de agosto, caso os candidatos de oposição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PPS), continuem à frente das pesquisas de intenção de voto. Ricardo Amorim, chefe da Área de Pesquisas Econômica da Consultoria Idea Global, também de Nova York, fala em cotação de R$ 3,20 para a moeda norte-americana se não houver acordo.


Colados ao presidente
José Serra e Rita Camata almoçam no Alvorada e iniciam estratégia de identificação explícita com o governo FHC. Dona Ruth estréia na sucessão

Às 13h30 de ontem, o candidato a presidente da República José Serra (PSDB) cruzou os portões do Palácio da Alvorada para almoçar com o presidente Fernando Henrique Cardoso e sua mulher, dona Ruth. Uma hora depois, chegou a deputada federal Rita Camata (PMDB—ES), candidata a vice na chapa de Serra. À mesa, salada, peixe e frutas, de sobremesa. Por volta das 15h30, o grupo surgiu nos jardins do palácio e os anfitriões do almoço dispararam elogios aos convidados. Fiéis ao script previamente ensaiado, Fernando Henrique descarregou seus elogios em Serra, e dona Ruth, em Rita.

Estava concluído o primeiro evento da campanha presidencial do PSDB destinado a colar de vez a imagem do candidato José Serra à de Fernando Henrique Cardoso. Nos próximos dias, o presidente terá novas oportunidades de expressar sua preferência por Serra em solenidades que estão sendo detalhadamente discutidas pelo comitê de campanha do tucano. Serra e seus assessores avaliam que ele ganhará votos dos eleitores de baixa escolaridade e de baixa renda se explicitar, cada vez mais, que é o candidato de Fernando Henrique.

‘‘Entre os eleitores que avaliam positivamente o presidente, muitos ainda não sabem que Serra é o seu candidato. Vamos acelerar esse processo de identificação’’, disse ontem ao Correio o publicitário Nelson Biondi, um dos responsáveis pela estratégia. O almoço foi marcado pelo próprio Serra, que acatou o conselho dos seus marqueteiros.

Elogios
Foi a primeira vez que Fernando Henrique Cardoso apareceu em público para elogiar o presidenciável do governo. Ao lado da mulher, de Serra e de Rita, disse que o candidato é ‘‘confiável, experiente, tem capacidade administrativa e conhecimento da situação internacional’’, atributos que seriam essenciais para ‘‘levar adiante o país’’. O presidente minimizou a performance de Serra nas pesquisas eleitorais — ele está tecnicamente empatado com Anthony Garotinho (PSB), que ocupa o quarto lugar. ‘‘Pesquisa é como câmbio: sobe e desce’’, ironizou, dizendo que seu candidato vai decolar quando começar o horário eleitoral gratuito.

Dona Ruth Cardoso, que fez ontem sua estréia na campanha presidencial, também cumpriu seu papel. A primeira-dama elogiou Rita Camata, dizendo que há muito tempo queria uma mulher na presidência e que estava muito feliz com a deputada. ‘‘Agora temos uma candidata a vice com biografia política. Ela tem qualificações. Também enfeita, porque é muito bonita, mas essa não é a questão’’, afirmou. Os candidatos ficaram calados durante todo o tempo. Rita, com um largo sorriso no rosto. E Serra, tentando parecer simpático.

A participação do presidente da República na campanha de Serra se tornou mais explícita no fi nal da tarde de ontem. Cerca de 45 minutos depois de Serra e Rita terem deixado o Alvorada, começava lá uma reunião de trabalho pilotada pelo presidente. Além dos dois candidatos, participaram do encontro os deputados federais Pimenta da Veiga (PSDB-MG), coordenador da campanha de Serra, José Aníbal (PSDB-SP), presidente nacional do partido, e Francisco Dornelles (PPB-RJ), ex-ministro do Trabalho.

Pimenta da Veiga foi o único a falar com a imprensa. Ele disse que a reunião serviu para avaliar a candidatura de Serra e melhorar a comunicação entre os diversos setores que o apóiam. ‘‘Além disso, revimos o que foi feito de melhor no governo FHC e o que deve ser mantido por Serra’’, explicou o deputado. Na reunião, também ficou acertado que o candidato do governo vai criticar promessas dos seus adversários que seriam impossíveis de serem cumpridas.

O cientista político Marcos Coimbra, do Instituto Vox Populi, disse que explicitar a ligação entre Serra e Fernando Henrique não trará ganhos para o candidato. ‘‘Não existem muitas dúvidas sobre quem é o candidato do presidente.’’ Além disso, a popularidade do presidente — cerca de 30% dos eleitores o apóiam — não se transfere para Serra integralmente, e o candidato não pode contar com esses votos. ‘‘Não é uma nova foto ao lado do presidente que vai mudar a situação de Serra’’, afirmou.


Jofran ganha ajudinha extra
Candidato ao Senado pelo PPB, Jofran Frejat vira centro das atenções em palanque peemedebista. Ele aceita os afagos de Roriz, mas terá que explicar sua ausência na campanha de Benedito, concorrente do PPB ao Buriti

Passado quase um mês da campanha eleitoral nas ruas, o governador Joaquim Roriz (PMDB) resolveu reforçar o discurso em favor do candidato ao Senado pelo PPB, o deputado federal Jofran Frejat. Provocado com o resultado de pesquisas que apontam Paulo Octávio (PFL) e Cristovam Buarque (PT) como líderes na disputa pelas duas vagas, Roriz quer deixar claro que Frejat é um companheiro leal de seu governo, apesar de pertencer ao mesmo partido do seu adversário Benedito Domingos. Só assim, conseguiria garantir dois aliados como senadores e tirar o ex-governador petista do páreo.

Ontem, durante a inauguração do comitê do candidato a deputado distrital Pedro Passos, em Samambaia, Roriz foi enfático e didático ao convocar seus eleitores em apoio à Frejat. ‘‘Quando passar por aqui alguém fazendo pesquisa, diga a todos os nossos companheiros e amigos de Samambaia que não deixem de apontar na pesquisa também o nome de Jofran Frejat’’, pediu o governador. A idéia é que o segundo voto dos eleitores de Paulo Octávio vá para Frejat.

Roriz disse ao eleitorado que não quer perder a disputa para o PT. ‘‘Ele (Frejat) não tem aparecido em televisão nem rádio junto conosco por pertencer a outra coligação. Mas ele é mais rorizista, ele é nosso companheiro, é um amigo. E se ele perder uma eleição, eu vou ficar envergonhado porque ele vai perder pro nosso maior adversário’’, afirmou Roriz. ‘‘Ele não pertence a outro partido. Ele pode pertencer acidentalmente, mas ele está comigo no palanque’’, completou.

Ainda que não estejam coligados formalmente — o PPB tem como candidato ao Buriti o vice-governador Benedito Domingos — Frejat vem passando mais tempo em palanque rorizista do que ao lado dos seus companheiros de partido. Como ex-secretário de Saúde de Roriz, o deputado nunca escondeu o conforto que sente no palanque peemedebista.

Frejat enfrentou o próprio Benedito, quando percebeu o naufrágio político que o rompimento com Roriz poderia significar. Ameaçou deixar o partido caso sua candidatura ao Senado fosse ameaçada, mas o prazo para a troca de legenda já havia passado.

Em pesquisa do Instituto Soma, divulgada pelo Jornal de Brasília, a corrida para o Senado tem como favoritos Paulo Octávio, com 25%, e Cristovam, com 22%. Frejat só aparece na terceira posição com 10%. Uma das explicações do deputado para a estagnação de sua campanha é o racha entre Benedito e o governador. ‘‘Muita gente pensa que não estou com Roriz’’, lamentou Frejat, em frente à Feira Permanente de Samambaia, onde terminou uma carreata. A dedicação quase exclusiva do deputado à campanha de Roriz está despertando insatisfação dentro do PPB. A executiva estuda convocar uma reunião para exigir mais presença de Frejat junto a Benedito.


Agenda dos candidatos a presidente

Lula - PT
Passa o dia em São Paulo, fazendo gravações para a propaganda do horário eleitoral gratuito.


Ciro - PPS
Faz caminhada no centro do Rio de Janeiro, a partir do meio-dia.
A concentração está marcada para o Buraco do Lumem, ao lado do ‘‘Banerjão’’.


Serra - PSDB
Das 10h às 14h, faz caminhada no centro de Campinas (SP). Depois, vai para a cidade de São Paulo, onde se reúne com assessores e concede entrevista para o jornalista Bóris Casoy, do Jornal da Record.


Garotinho - PSB
Pela manhã, se reúne com prefeitos e candidatos a deputado estadual e federal do PSB fluminense para discutir comício previsto para o próximo dia 2. À tarde, grava programa eleitoral.


Agenda dos candidatos a governador

Joaquim Roriz - PMDB
Passa o dia reunido com assessores.


Geraldo Magela - PT
Passa o dia reunido com a coordenação de campanha.


Rodrigo Rollemberg - PSB
Passa a manhã em reuniões de campanha. À noite, vai ao jantar do candidato a distrital Chico dos Hoteleiros, no restaurante Xique-xique, na 107 Sul


Benedito Domingos - PPB
Às 9h, reúne-se com moradores do Entorno no comitê de Taguatinga.
Às 11h, vai ao lançamento da pedra fundamental do Shopping Popular, ao lado da Feira dos Importados.


Carlos Alberto Torres - PPS
Passa o dia em reuniões de campanha. À noite participa de um debate no Café com Letras, na 203 Sul.


Orlando Cariello - PSTU
Passa o dia em reuniões de campanha. À noite participa de um debate no Café com Letras, na 203 Sul.


Guilherme Trota - PRTB
Reúne-se pela manhã com a coordenação de campanha.Expedito


Mendonça - PCO
Não forneceu a agenda.


Artigos

A Igreja e as eleições
Dom Raymundo Damasceno Assis

O ano de 2002, do ponto de vista político, tem especial importância para os brasileiros, pois, em outubro, haverá eleições nacionais e estaduais para os poderes Executivo e Legislativo.

No sistema democrático, o voto é a maneira de o cidadão exercer o direito e o dever cívico de escolher, com liberdade e responsabilidade, os governantes.

O homem é um animal político (Aristóteles). É um ser social. Por isso, deve participar da vida da pólis. Como cidadão, deve interessar-se por tudo o que se refere à vida da comunidade e colaborar para o bem-estar de todos (Tomás de Aquino).

A Igreja nutre preferência pela democracia. João Paulo II, na Encíclica Centesimus Annus (nº 46), diz que a Igreja vê a democracia de maneira positiva ‘‘na medida em que assegura a participação dos cidadãos nas opções políticas e garante aos governados a possibilidade, quer de escolher e controlar os próprios governantes, quer de os substituir pacificamente, quando tal se tornar oportuno; ela não pode, portanto, favorecer a formação de grupos restritos de dirigentes, que usurpam o poder do Estado em favor dos seus interesses particulares ou dos objetivos ideológicos’’.

Mahatma Ghandi dizia que são suficientes poucas coisas para arruinar e destruir uma nação e, entre elas, citava a política sem princípios, o prazer sem consciência, a riqueza sem trabalho, o conhecimento sem qualidade e o convívio sem moralidade.

A democracia deve encarnar e promover a liberdade, a verdade, a justiça e os autênticos valores culturais e religiosos do povo. Se não o faz, transforma-se rapidamente em anarquia ou ditadura, abertas ou disfarçadas.

O maior problema do Brasil, no sentido mais amplo do termo, é de natureza política. Para solucioná-lo, urge a substituição da crescente decepção do povo diante dos políticos e das instituições por uma vigorosa retomada de critérios éticos como base de toda a ação humana. ‘‘A falta de referências éticas leva à degradação, manifestada pela avidez desenfreada da riqueza, do poder e do prazer, onde só contam as vantagens pessoais, o lucro, a produtividade e as leis do mercado, que passam a ser parâmetros absolutos, não levando em conta a dignidade das pessoas e o bem do povo. A crise, nas suas raízes, é também de ordem religiosa, com enfraquecimento da fé e de vivência concreta do Evangelho, e conseqüente desagregação das famílias, em prejuízo especialmente da juventude‘‘ (CNBB — Declaração do Conselho Permanente, ago/99).

A CNBB está divulgando o documento ‘‘Eleições 2002 — propostas para a reflexão’’, nº 67, (Ed. Paulinas), com o objetivo de despertar a consciência dos cidadãos sobre a importância das próximas eleições. A Igreja não propõe aos eleitores o nome de nenhum candidato ou partido político, mas lhes apresenta, sim, princípios e critérios para que, à luz da doutrina cristã, votem em candidatos honestos, competentes, com passado de serviço à comunidade, ao Estado e ao país. Com o documento, a Igreja quer colaborar para o restabelecimento da dignidade da política como serviço de caridade, abnegação e solidariedade.

‘‘É preciso expurgar as eleições de toda espécie de corrupção eleitoral, que instrumentaliza a pobreza do povo e usa o poder econômico e a máquina administrativa para assegurar a continuidade do poder político nas mãos de quem o exerce em proveito próprio, de grupos corporativos ou de organizações partidárias’’ (CNBB — Declaração do Conselho Permanente, ago/99).

A dimensão ética exige, de cada cidadão, a participação no processo eleitoral que se expressa, sobretudo, por meio do voto. Este não é, portanto, facultativo. A abstenção ou a anulação do voto favorecerão, certamente, os candidatos que não gostaríamos de ver no poder. Se nos omitirmos, não teremos, depois, o direito de nos lamentarmos ou de criticar os eleitos pelo mau desempenho na vida pública.

Na hora de votar, temos de ter presente que o voto não tem preço, mas conseqüências para cada cidadão e para o país.


Editorial

MOMENTO DIFÍCIL

O Brasil passa por um momento difícil, que requer ações firmes do governo e até cooperação internacional. A dívida líquida do setor público atingiu a marca recorde de R$ 750,2 bilhões, equivalente a quase 60% de tudo o que o país produz ao longo de um ano. Para agravar o problema, o débito cresce em velocidade impressionante. No mês de junho, houve aumento de R$ 41,3 bilhões única e exclusivamente por causa da elevação da cotação do dólar, que não parou de subir neste mês de julho. Ao contrário, o valor da moeda americana atingiu R$ 3, desafiando as intervenções do Banco Central. Para pagar essa dívida (débito que deve ser respeitado), o governo é obrigado a cortar gastos. Fato que leva à redução de investimentos em um país que precisa deles nas áreas de infra-estrutura, saúde e educação, por exemplo. Não é conseqüência agradável.

A saúde precária das contas públicas, a desaceleração econômica mundial e a elevada cotação do dólar no país agravam o dia-a-dia dos brasileiros. Os preços internos subiram a ponto de inviabilizar a meta governamental de inflação para este ano, fixada em 5,5% no máximo. Além disso, a desvalorização do real não é compensada com forte aumento das exportações. O desemprego, que era de 6,83% da população economicamente ativa em janeiro, chegou a 7,50% em junho, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A renda real do trabalhador caiu 4,6% no primeiro semestre deste ano e a informalidade aumentou 3,9%.

Apesar de grave, o país está diante de uma situação administrável. A dívida pública, por exemplo, recuará a partir do momento em que a cotação do dólar ceder. O mesmo acontecerá com vários preços pagos pelos brasileiros. O problema é que não se vislumbra melhora no quadro econômico no curto prazo. Um fator importante na solução do problema é a necessidade que o país tem de capital estrangeiro para equilibrar as contas externas. Mas não há oferta de dinheiro no mundo por causa da crise internacional. Além disso, os investidores evitam o Brasil porque temem mudança na política econômica por causa da eleição presidencial de outubro.

Resta o Fundo Monetário Internacional (FMI). Se preciso, um acordo emergencial deve ser fechado, mesmo nestes últimos meses de governo. Superar este momento difícil deve ser prioridade não só da atual administração, mas de qualquer um dos presidenciáveis. E, sem dúvida, há responsabilidade internacional no caso, pois o Brasil vem cumprindo as metas estabelecidas no programa assinado com o FMI. Por isso, o próprio Fundo não pode se omitir financeiramente se for chamado a contribuir com empréstimos que têm sido honrados pelo país.


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07/29/2002


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