Encontro de prefeitos abre Fórum Social









Encontro de prefeitos abre Fórum Social
Conferência do ex-presidente de Portugal, Mario Soares, dá início ao evento hoje no Hotel Plaza São Rafael

Com a apresentação de três prefeitos e de um governador estrangeiros, o prefeito Tarso Genro iniciou formalmente ontem as atividades de recepção e instalação do 2º Fórum de Autoridades Locais.

O evento, que será aberto oficialmente na noite de hoje, no Hotel Plaza São Rafael, reunirá representantes de 29 países para debater a inclusão social e a paz mundial.

Os prefeitos de Genebra (Suíça), Manuel Tornare, da cidade francesa de Saint-Denis, Patrick Braouzec, da cidade turca de Van, Schabetin Ozarslaner, e o presidente (função equivalente à de governador de Estado) da região italiana da Toscana, Claudio Martini, chegaram ao Aeroporto Internacional Salgado Filho no início da tarde de ontem. Eles são os primeiros participantes do Fórum a aterrissar em Porto Alegre.

Independentemente das diferenças existentes entre seus governos, esses políticos chegam a Porto Alegre com um objetivo comum, pelo menos em tese: o de trabalhar por uma globalização calcada nos direitos humanos e na autonomia nacional.

De acordo com Tarso, a pluralidade e no teor democrático do evento são os primeiros passos para chegar a esse objetivo.

– O Fórum de Autoridades Locais é um momento constitutivo de alternativas cooperativas entre as cidades, em oposição a uma globalização que tenha o predomínio do capital – disse o prefeito.
Para o presidente da Toscana, o Fórum traz oportunidades de trocar experiências.
– Vivemos os mesmos problemas, como o aumento da poluição, a superpopulação e conflitos político-sociais. Nesse sentido, discussões como as que serão abertas no Fórum podem ser decisivas para nós - afirma Martini.

O Fórum de Autoridades Locais, promovido pela prefeitura de Porto Alegre, integra o 2º Fórum Social Mundial, que se inicia no dia 3. Este ano, a participação de governantes do mundo inteiro no evento teve um incremento substancial. Estão inscritos mil participantes, dos quais 203 prefeitos, representando 29 países que ouvirão 70 conferencistas. Amanhã estão previstas conferências sobre descentralização e gestão local, Agenda 21 e reflexos da globalização.

O ex-presidente de Portugal e integrante do Partido Socialista português Mario Soares falará sobre o tema Globalização e Inclusão Social na conferência de abertura, que ocorre às 19h de hoje, no Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre. O evento prossegue até quarta-feira e inclui temas como globalização, ambiente, educação, segurança, paz e participação popular.


Encontro atrai políticos franceses de todas as tendências políticas
Com eleição para a presidência da república marcada para o dia 21 de abril, o canto da sereia antiglobalização do 2º Fórum Social Mundial atrai políticos franceses da esquerda à direita.
O presidente conservador Jacques Chirac e o premiê socialista Lionel Jospin escalaram ilustres representantes para o evento que ocorre na Capital, de 31 de janeiro a 5 de fevereiro. Em número de participantes, a França, com cerca de 3 mil inscritos, só perde para o Brasil.

Jospin mobilizou sete de seus 34 ministros para o Fórum. Dois deles, o da Cooperação, Charles Josselin, e o da Economia Solidária, Guy Hascoët, desembarcam hoje em Porto Alegre para participar do Fórum de Autoridades Locais, que se realiza até quarta-feira. Chirac recrutou um representante oficial, o conselheiro diplomático Jérôme Bonnafont, Serge Lepeltier, secretário-geral de seu partido (RPR, Reagrupamento pela República), e membros de siglas conservadoras que o apóiam. Três candidatos à presidência, prefeitos (incluindo o de Paris, Bertrand Delanoë) e outras personalidades políticas francesas fazem parte da comitiva que transfere o debate eleitoral para este lado do Atlântico.

Ainda assim, a Ação pela Tributação das Transações Financeiras e Apoio aos Cidadãos (Attac), organização francesa que está entre os principais idealizadores do Fórum e é o mais importante braço europeu do evento, garante que estará atenta para impedir que o encontro se transforme em palanque eleitoral.

– Não deixaremos que os políticos venham somente se mostrar em Porto Alegre. Estaremos vigilantes – garante Christophe Aguitton, encarregado de relações internacionais da Attac.
A entidade propõe a tributação do capital especulativo. É presidida pelo editor do jornal Le Monde Diplomatique, Bernard Cassen. A tributação das operações financeiras se daria por meio da Taxa Tobin, proposta em 1972 pelo economista norte-americano James Tobin, Prêmio Nobel de Economia de 1981. O dinheiro arrecadado seria aplicado na estabilização de países cuja economia seja afetada por crises decorrentes da especulação financeira.

“Ir a Porto Alegre está na moda este ano entre a esquerda”, afirmou um editorial do prestigioso jornal Le Monde na semana passada. A moda, porém, também tem adeptos entre a direita, que se mostra interessada na pauta do Fórum. A adesão teve início depois da primeira edição do encontro, no início de 2001.

Se o Fórum ainda não demonstrou plenamente que um outro mundo é possível, como anuncia seu slogan, tornou realidade, em contrapartida, cenas que seriam consideradas inverossímeis. Um exemplo seria uma audiência mantida, ainda em 2001, entre Bernard Cassen, presidente da Attac e diretor do Le Monde Diplomatique, com os assessores mais próximos de Chirac, interessados em saber o que há por trás da tal da globalização solidária do Fórum Social Mundial.

A migração para Porto Alegre também está despertando a atenção da imprensa francesa, que dedica espaços diários para o acontecimento, ao contrário do que ocorreu em 2001. Na edição anterior, o Fórum atraiu somente dois ministros de Jospin.

Na época, os nomes da França que ganharam destaque foram o do próprio Cassen, envolvido pessoalmente na idealização do encontro, e o do líder camponês José Bové, que ganhou as manchetes depois de participar da destruição de uma lavoura experimental de soja transgênica da empresa Monsanto, em Não-Me-Toque, no interior do Estado.


Danielle Mitterrand retorna ao Estado
Ex-primeira dama participa do Fórum Social Mundial

A ex-primeira-dama da França Danielle Miterrand, 79 anos, desembarcou ontem à noite no Aeroporto Internacional Salgado Filho, na Capital, depois de 12 horas de vôo e uma escala no Aeroporto de Guarulhos, São Paulo.

A viúva do ex–presidente francês François Miterrand chegou às 23h30min e foi recebida por representantes da organização do 2º Fórum Social Mundial (FSM), evento do qual participa a partir da próxima quinta–feira. Cansada da viagem e escoltada por amigos e seguranças, Danielle não quis dar entrevista e, à meia–noite, foi conduzida para o Hotel Plaza São Rafael, onde ficará hospedada. Presidente da Organização Não-governamental France Libertés – fundação voltada para a defesa da cidadania e dos Direitos Humanos – a ex–primeira–dama foi uma das figuras de destaque na primeira edição do FSM.

Logo após a chegada de Danielle, que era acompanhada de uma comitiva de franceses, desembarcaram também o ministro francês de Economia Solidária, Guy Hascöet, e o prefeito de Roma, na Itália, Walter Veltroni. Ambos participam do 2º Fórum de Autoridades Locais, que ocorre de hoje até quarta–feira no Centro de Eventos do Hotel Plaza São Rafael.


Polícia analisa pistas em casa suspeita
Amostras de terra serão comparadas com solo do local em que estava corpo de prefeito

O Instituto de Criminalística de São Paulo (IC) deve começar a divulgar na tarde de hoje os resultados de exames que podem dar novo rumo às investigações do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT).

O instituto está analisando amostras de terra encontradas num suposto cativeiro em Embu, na Grande São Paulo, e confrontando com a que foi recolhida dos sapatos do prefeito. Também vai comparar as duas amostras com o solo do local onde o corpo de Daniel foi encontrado.

A polícia tem informações de que o suposto cativeiro, uma casa de tijolo à vista descoberta na noite da sexta-feira passada, é a casa de Cleiton Gomes de Souza, 20 anos, acusado de ser um dos homens que usaram um helicóptero para resgatar, no dia 17, dois detentos do presídio de segurança máxima de Guarulhos, também na Grande São Paulo.

No local foram encontrados um Santana azul, semelhante a um dos carros citados como tendo sido usados pelos seqüestradores de Celso Daniel, um envelope com o logotipo do restaurante Rubaiyat, onde o prefeito jantou na noite do crime, e pedaços de um tecido bege, cor da calça que Daniel usava na ocasião. No porta-malas do Santana, que pertence ao irmão de Souza, foram identificados também fios de cabelo grisalho, como os de Celso Daniel.

Se os exames indicarem que a terra encontrada nos sapatos dele é semelhante à recolhida no cativeiro ou que os fios de cabelo no carro são do prefeito morto, a possibilidade de o assassinato ter sido um crime político – ainda defendida pela cúpula do PT – fica mais enfraquecida.

Além do Santana, a perícia do IC também está analisando duas Blazers que foram encontradas queimadas na semana passada. Uma delas foi localizada na madrugada de sábado na Rodovia Régis Bittencourt, nas proximidades do local onde o corpo de Celso Daniel foi achado. O carro é preto e foi batido na lateral direita e na frente, o que aumenta as suspeitas de que possa ser o mesmo usado pelos seqüestradores de Daniel.

Segundo o deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), que acompanha o caso, o partido pediu que fosse verificado se a Blazer foi queimada antes ou depois da data do seqüestro, ocorrido no dia 18. Responsável pelo acompanhamento das investigações como representante da direção nacional do PT, Greenhalgh saiu satisfeito da casa em Embu.

– Acredito que estamos perto da elucidação deste caso – afirmou o parlamentar, que é advogado criminalista e atua em entidades de defesa de direitos humanos.


Preso suposto autor de ameaças
Um carcereiro da Polícia Civil afastado há cinco meses do trabalho por problemas psiquiátricos é o principal suspeito de ser autor das mensagens eletrônicas com ameaças a integrantes do PT. Edson Simões Amparo (E), 50 anos, foi preso no sábado pela Polícia Federal (PF), no bairro Guarujá, em Santos, litoral paulista.

O filho de Edson, M.N.N., 15 anos, também foi ouvido pelos agentes federais. O carcereiro negou as acusações.

Para chegar a Amparo, a PF rastreou e-mails atribuídos à suposta organização Forças Armadas Revolucionárias Brasileiras (Farb). Além das ameaças, o remetente assumia a autoria do assassinato do prefeito de Campinas, Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, ocorrido em setembro do ano passado.

Amparo teve prisão temporária decretada pelo juiz Roberto Lemos dos Santos Filho, da Justiça Federal de Santos, e foi indiciado por ameaça.


Fiesp apresenta propostas a candidatos
Iniciativa é inédita na história da federação de empresários

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulga hoje um documento com propostas para os candidatos à Presidência da República.

O trabalho, elaborado em seis meses de pesquisa, aborda temas como política industrial, distribuição de renda e reforma do Estado.

Segundo o diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp, Mário Bernardini, o estudo não é um programa de governo, mas uma contribuição da entidade para o debate sucessório. Esta é a primeira vez que a federação elabora um documento desse tipo.

– Nossa intenção é mostrar também como fazer as mudanças no país, não apenas o que fazer. E expor a distância que é possível percorrer no período de um mandato – afirma Bernardini.

Segundo ele, a Fiesp não proporá soluções “revolucionárias ou radicalmente inovadoras” no documento. As propostas da entidade serão encaminhadas aos partidos políticos e aos pré-candidatos à Presidência, que serão convidados a debater as sugestões da federação.

Segundo Bernardini, a Fiesp é uma entidade “apartidária”, e não deverá apoiar nenhum dos candidatos oficialmente.


Artigos

A propósito de Argentina
Francisco Renan Proença

A crise econômica enfrentada pela Argentina, que culminou com a moratória da dívida pública interna e externa e levou à renúncia do presidente De la Rúa, constitui-se, sem dúvida, em um dos fatos mais marcantes desse início de século, surpreendendo a todos pela situação de verdadeiro caos social e político que se estabeleceu naquele país, que teve, por exemplo, cinco presidentes em 12 dias.

A circunstância de esse episódio ter acontecido em sucessão a uma década ao longo da qual foram implementadas pelo governo Menem reformas importantes no âmbito da previdência social, da flexibilização das relações de trabalho e de um extenso programa de privatização tem levado alguns analistas de nosso país e, especialmente, de dirigentes do Partido dos Trabalhadores de nosso Estado à conclusão de que a crise argentina representaria a falência do “modelo neoliberal”. Será que devemos aceitar tal conclusão?

Na verdade, o “modelo neoliberal” que devemos ter em mente é o caso bem-sucedido do Brasil a partir de 99

Um exame mais qualificado da realidade atual e da própria história argentina revela, entretanto, que a atual crise financeira e cambial representa a culminância de um longo e difícil processo de involução econômica que se iniciou nos anos 30. Processo esse que se constituiu em um verdadeiro círculo vicioso de caudilhismo, populismo e até mesmo de uma guerra civil nos anos 70. Nesse sentido, podemos dizer que as reformas do período Menem, a que nos referimos, embora fossem a condição necessária para modernizar aquele país, acabaram, infelizmente, não sendo suficientes.

Na verdade, o “modelo neoliberal” que devemos ter em mente é o caso bem-sucedido do Brasil a partir de 1999. Graças a um profundo ajuste fiscal que reduziu dramaticamente o déficit público e à adoção do regime de câmbio flutuante, a economia brasileira foi recolocada no caminho do crescimento pelas mãos competentes do ministro Malan e do presidente do Banco Central, Armínio Fraga. E decisivo para que isso ocorresse esteve a resolução inabalável do presidente da República, que tomou medidas impopulares e soube resistir às pressões populistas daqueles que recomendavam a adoção de uma moratória e o conseqüente fechamento de nossa economia. A propósito do que hoje ocorre na Argentina, imaginem o que seria hoje do Brasil se a nação tivesse sido seduzida pelo canto das sereias que à época pediam a renúncia de Fernando Henrique Cardoso! A propósito da Argentina, é sempre bom lembrar.


Colunistas

ANA AMÉLIA LEMOS

Estímulo à violência
O Poder Judiciário no Rio de Janeiro deu na semana passada uma boa contribuição para estimular o aumento da violência. Por unanimidade concedeu indulto a Paula Thomaz, co-autora do assassinato da atriz Daniella Perez, morta a tesouradas em dezembro de 1992. Guilherme de Pádua, o outro assassino da atriz, em abril estará livre de obrigações com a Justiça. Condenada a 18 anos pelo bárbaro crime, Paula Thomaz esteve presa apenas sete anos. Com o indulto, dentro de cinco anos ela será considerada ré primária . Guilherme de Pádua, condenado a 19 anos, está em liberdade condicional faz dois anos. A morte da jovem atriz, como o assassinato do prefeito de Santo André, comoveu e indignou o país. Todos exigem medidas enérgicas para o combate ao crime e à violência.

A decisão da Justiça do Rio de Janeiro aconteceu na hora em que se discute a adoção da pena de prisão perpétua para crimes como o de seqüestro seguido de morte. Isto é, na contramão do que a sociedade espera de suas instituições. Os desembargadores podem alegar que decidiram com base na lei penal em vigor. Nesse caso é urgente a alteração da lei, que está sendo benevolente com os criminosos e, assim, tornando a violência um bom negócio, já que não há conseqüências para quem mata, seqüestra ou rouba. Especialistas brasileiros, aliás, já tratam a violência em seu aspecto econômico.

A lucratividade dos seqüestros também estimula o incremento desse tipo de delito, avaliam os estudiosos.

É claro que os magistrados não podem dar suas sentenças movidos pela comoção ou pela pressão popular. Devem decidir com base nos autos, na lei e nos direitos dos réus. Poderiam, pelo menos, ter o cuidado de não ter dado a sentença no momento em que a sociedade, refém da bandidagem, aumenta a desconfiança na competência nas instituições que têm o dever de dar-lhe proteção e segurança.


JOSÉ BARRIONUEVO

Pesquisas começam a mudar
O candidato a presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva sofre a sua primeira queda nas pesquisas desde que foi anunciado para disputar o cargo pela quarta vez. Na pesquisa Ibope publicada na revista Veja, Lula aparece com 28%. Roseana Sarney (PFL) e Anthony Garotinho (PSB) brigam pelo segundo lugar com 18% e 15%, respectivamente. As aparições nos programas partidários de TV podem ter contribuído para o crescimento de ambos.

Nas projeções para o segundo turno das eleições, Lula perderia somente para Roseana Sarney.
Nesse cenário, Roseana chegaria a 46% e Lula a 39%. Se disputasse o segundo turno com Garotinho, Ciro Gomes (PPS) ou José Serra (PSDB), Lula poderia sair vencedor, com índices que variam de 43% a 47%.

Sem trégua
O candidato a presidente do Cpers-Sindicato da chapa Pó de Giz, Luiz Afonso Medeiros, não dá folga para o governo e seus apoiadores que integram a direção da entidade. Depois de sugerir que os professores não retornem às aulas em março em razão da possibilidade de aumento da contribuição para o IPE, agora Medeiros cobra decisões aprovadas pelo conselho do Cpers e que ainda não foram cumpridas: a antecipação das duas parcelas de 5% de reajuste escalonado previstas para junho e dezembro deste ano, o fim da sobreposição dos níveis e a incorporação do abono nos salários.

A França é aqui
Nada menos do que seis ministros da França baixam em Porto Alegre nos próximos dias para o Fórum Social Mundial. Enquanto Laurent Fabius, Alain Richard e Hubert Védrine voam para Nova York para o Fórum Econômico Mundial, Marie-George Buffet, Guy Hascoët, Charles Josselin, Jean-Luc Mélenchon, Marie-Noëlle Lienemann e Christian Paul vêm para o Brasil.
Dois assessores de Lionel Jospin – François Hollande e Henri Emmanuelli – também desembarcam na Capital, além dos candidatos a presidente da França Jean-Pierre Chevènement, Noël Mamère e Olivier Besancenot.
Quem não fala francês pode começar a se preparar, ou não vai entender nada.

Sucessão no cardápio
O presidente nacional do PTB, deputado federal José Carlos Martinez, do Paraná, esteve sábado em Porto Alegre para uma conversa ao pé do ouvido com o presidente da Assembléia, Sérgio Zambiasi. Recheou o cardápio da Churrascaria Nova Bréscia com temperos sobre as sucessões presidencial e estadual. Zambiasi reclamara de movimentos do PTB nacional em direção ao presidente Fernando Henrique Cardoso e cobrou apoio mais efetivo à candidatura Ciro Gomes. Martinez veio tranqüilizá-lo quanto ao compromisso do partido com a candidatura do PPS. Zambiasi aproveitou para deixar claro que é candidatíssimo ao Senado. Nada mais.

Festa no mar
O Litoral Norte reuniu políticos de todos os partidos no final de semana. No primeiro evento, a festa de aniversário do deputado estadual Vilson Covatti, do PPB, em Xangri-Lá, dois leitões foram assados para receber o ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, e seus correligionários. Pratini fugiu de perguntas sobre a aliança do PPB com o PFL:
– Isso é coisa pra junho.

Encontro planejado
Dois ex-governadores e um que pretende assumir o cargo futuramente se encontraram no final de semana em Atlântida. Num jantar no sábado à noite da Sociedade Amigos do Balneário de Atlântida (Saba), preparado por diferentes chefs de cozinha, Pedro Simon (PMDB), José Fortunati (PDT) e Alceu Collares (PDT) conversaram em plena harmonia.
O deputado estadual Kalil Sehbe Neto, também do PDT, foi testemunha de um encontro que, para quem acredita na união do PMDB com o PDT na eleição deste ano, foi um prato cheio.

De olho
Serra vem aí
O Congresso Estadual do PPB, marcado para o próximo sábado, trará ao Estado o ministro da Saúde e candidato a presidente da República, José Serra. Será no Hotel Fazenda Três Figueiras, em Imbé, a partir das 9h.Uma comissão do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, presidido pelo ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, acompanhará as investigações do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. O deputado federal gaúcho Marcos Rolim (PT) faz parte do conselho e já propôs que se acelere a votação dos cerca de 180 projetos sobre segurança pública que estão tramitando na Câmara.

Serra vem aí
O Congresso Estadual do PPB, marcado para o próximo sábado, trará ao Estado o ministro da Saúde e candidato a presidente da República, José Serra. Será no Hotel Fazenda Três Figueiras, em Imbé, a partir das 9h.

"Não costumo falar mal publicamente
de quem não gosto. Ele é apenas candidato ao governo
de São Paulo e eu, à Presidência da República"
PRATINI DE MORAES (PPB)
Ministro da Agricultura e candidato
a presidente falando sobre o companheiro
de partido Paulo Maluf:


ROSANE DE OLIVEIRA

O crime venceu de novo
O Brasil ainda não se recuperou do choque pela forma como foi morto o prefeito de Santo André, Celso Daniel, e assiste a outro crime hediondo: o assassinato do promotor Francisco José Lins do Rego Santos, em uma sinaleira de Belo Horizonte. Tiros disparados por dois homens que estavam em uma motocicleta acabaram com a vida do promotor de 43 anos, pai de dois filhos.

Promotor da Vara de Defesa do Consumidor, Francisco – parente distante do escritor José Lins do Rego – trabalhava numa investigação rumorosa: a adulteração de combustíveis, que resultou na decretação da prisão preventiva de pelo menos oito pessoas.

Ainda não se sabe se a morte tem a ver com essa investigação, mas é assustador constatar que um homem encarregado de promover a justiça tenha sido mais uma vítima da violência. Santos participou também das investigações sobre uma possível facilitação da fuga do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que escapou em 1997 da Delegacia de Operações Especiais em BH.

A execução do promotor é só mais um capítulo na história de horror que se escreve nas grandes capitais brasileiras. Raríssimos governadores podem dizer que conseguiram algum avanço no combate à criminalidade. O Rio se orgulha de ter conseguido reduzir o número de seqüestros de 108 no auge, em 1995, para nove no ano passado, mas as chacinas continuam, os traficantes controlam a maioria das favelas e decidem até as cores permitidas e proibidas em seu território.
Os sucessivos planos de segurança anunciados pelo governo federal têm apresentado resultados pífios. Para piorar a situaç ão, o Orçamento de 2002 prevê queda no volume de recursos da União para os Estados aplicarem em programas de segurança pública neste ano.


Editorial

A SEMANA DO FÓRUM do

Ocenário mundial em que se abre nesta semana o 2º Fórum Social Mundial em Porto Alegre apresenta-se profundamente diverso daquele que, no ano passado, nesta mesma época, dominava as preocupações dos milhares de convidados e participantes desse encontro planetário. Os acontecimentos desencadeados em 11 de setembro tiveram tal contundência que redirecionaram as preocupações da comunidade humana, redefiniram as estratégias de países e regiões e deslocaram para a questão da paz o foco dos debates, atingindo até mesmo – e compreensivelmente – a pauta do fórum de Porto Alegre.

Essa readequação do tema do encontro e o nível dos convidados – intelectuais, políticos, governantes e militantes de causas sociais – refletem a preocupação dos organizadores em dar atualidade e seriedade ao debate sobre o futuro da humanidade e do planeta. O cenário mundial não está diferente apenas porque a mão do terrorismo internacional pôs abaixo as torres gêmeas de Nova York, com todo o simbolismo desse ato. Está diferente também porque cresce em todos os âmbitos do pensamento humano a percepção de que a experiência patrocinada pelo Consenso de Washington e pela ação das organizações multilaterais – FMI, Banco Mundial e Organização Mundial do Comércio – não produziu e talvez não possa produzir os efeitos benéficos que dela se esperavam. Assim, o mundo parece encaminhar-se para a compreensão de que é necessário encontrar um novo caminho capaz de garantir paz e justiça. O refluxo de alguns movimentos antiglobalização não pode ser interpretado como o sinal de que eles perderam sua força ou seus argumentos. Talvez o que eles tenham perdido é a contundência, eis que as principais teses que defendiam são hoje adotadas por numerosos governos e por grande parte da opinião pública.

E Porto Alegre terá ela mesma a responsabilidade de ser o palco
privilegiado desse encontro mundial

Essa situação não diminui nem a importância nem a responsabilidade do que vai acontecer em Porto Alegre a partir do dia 31. Ao contrário, permite que se enfatize a intenção do 2º FSM de ser mais propositivo que contestador, de acender luzes mais que condenar a escuridão.

E Porto Alegre, que pelo segundo ano consecutivo se abre para essa experiência, terá ela mesma a responsabilidade de ser o palco privilegiado desse encontro mundial. A iniciativa se tornou muito importante para a cidade e o Estado. Tão importante que justificou o aporte de dinheiro público em sua organização e a mobilização de muitas das energias dos governos municipal e estadual. Neste sentido, a capital gaúcha precisa estar preparada para dar as boas-vindas aos visitantes e para partilhar com eles suas experiências e seu modo de vida, garantindo sua segurança e mostrando que efetivamente pretende ser um exemplo de que, na busca de outro mundo possível, trabalha-se para tornar viável uma vida de dignidade, de segurança e de pluralismo. Soam portanto como ameaças ao próprio Fórum as informações de que grupos radicais se preparam para estragar essa festa de democracia e testar a eficiência e a coerência das autoridades.


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01/28/2002


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