Encontro em Bauru discutiu importância do Aqüífero Guarani



Reserva natural integra integrar a lista de 21 projetos estratégicos para o meio ambiente

O Aqüífero Guarani, maior reservatório de água subterrânea do Brasil, foi tema de encontro em Bauru no final do mês e agosto. O evento teve como objetivo conscientizar a população sobre a importância de explorar adequadamente esse bem natural, assim como preservá-lo para o futuro. O encontro também faz parte de um projeto mais amplo que abrange os Estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O Paraguai, o Uruguai e a Argentina, também têm o Guarani sob o seu solo.

Saiba mais sobre a extensão do Guarani

Pelo governo estadual, compareceram autoridades e técnicos de órgãos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA) – Instituto Geológico (IG). Na platéia, professores da rede pública, representantes de ONGs, autoridades municipais e integrantes de comunidades. O próximo encontro está previsto para o ano que vem, provavelmente em Araraquara.

O programa de estudos do Aqüífero Guarani é financiado com verba de US$ 13,4 milhões do Fundo para o Meio Ambiente, do Banco Mundial. Cabe aos quatro países participantes a contrapartida de US$ 11,8 milhões, dos quais US$ 6,6 milhões ao Brasil. O projeto começou em 2003 e prosseguirá até o ano que vem.

O diretor-geral do IG, Ricardo Vedovello, conta que o programa do Banco Mundial divide-se em quatro capítulos. O primeiro visa ao conhecimento técnico e científico do reservatório (localização e fluxo de água). O segundo é a proposta de gestão integrada dos Estados brasileiros e dos outros três países. Segue-se a comunicação com a população, da qual fez parte o encontro de Bauru. Finalmente, a avaliação e o resultado do projeto inteiro.

Uma das palestras em Bauru foi proferida pela geógrafa da Seção de Hidrogeologia do IG, Luciana Martins Ferreira, que apresentou estudo sobre o aqüífero, denominado Formação Serra Geral como Conexão Hidráulica entre o Aqüífero Guarani e a Superfície. “Acreditamos que haja pequenos orifícios entre a superfície e o aqüífero, nos locais onde a água se encontra quase no nível do solo. Trabalhamos com a possibilidade de que esses canais levem poluentes às águas subterrâneas”, explica Luciana.

Embora não faça parte, o estudo do IG irá colaborar para a conclusão da primeira etapa do programa do Banco Mundial. O trabalho do IG é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), com previsão para ser concluído no ano que vem.

A parte mais rasa do aqüífero corta o Estado de São Paulo ao meio, de leste a oeste. “Em Ribeirão Preto, por exemplo”, destaca Luciana, “é possível encontrar água a menos de 100 metros do solo. Nessa cidade, todos os consumidores são abastecidos pelo Guarani. Em Botucatu, a água aparece a mais ou menos 200 metros”.

Quanto mais para oeste, como Presidente Prudente, mais fundo fica o aqüífero, que tem 16 mil quilômetros quadrados de área nessa faixa. Em todo o Estado, são 155,8 mil quilômetros quadrados. Em Bauru, o aqüífero não é o Guarani, mas outro que recebe o nome da própria cidade.

No estudo trabalham seis técnicos do IG e outros do instituto de Geociências da Universidade de São Paulo. Colaboram professores universitários de Ribeirão Preto e pesquisadores do USGS, sigla em inglês do serviço geológico norte-americano.

Riqueza profunda

Ricardo Vedovello conta que os oito aqüíferos paulistas, tendo o Guarani e o de Bauru à frente, são tão importantes que foram escolhidos pelo governo do Estado como tema de um dos 21 planos estratégicos para o meio ambiente. A novidade foi anunciada durante o evento de Bauru. O plano prevê procedimentos para uso adequado das águas subterrâneas e ações de proteção. Haverá também a integração de redes de monitoramento da qualidade e quantidade do volume dos aqüíferos.

Todo esse aparato técnico preparará normas gerais ou específicas por regiões, mecanismo de outorga (licença de uso da água), cadastro de empresas de perfuração, produção e divulgação de cartilhas, e manuais para promover educação ambiental. Grande parte dessas ações deverá estar pronta entre dezembro deste ano e abril de 2008, cabendo a Vedovello a responsabilidade da coordenação dos trabalhos. Haverá a colaboração de técnicos de outros setores do governo estadual, como da Cetesb, do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

SERVIÇO

www.igeologico.sp.gov.br

www.sg-guarani.org (site do programa do Banco

Mundial, publicado em português e espanhol)

Otávio Nunes

Da Agência Imprensa Oficial

(I.P.)



09/09/2007


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