Erradicação de analfabetismo exige esforço coletivo, concordam senadores



A erradicação do analfabetismo no Brasil deve ser uma tarefa de toda a sociedade. Esta foi a opinião consensual dos senadores que participaram, nesta quarta-feira (19), de audiência pública promovida pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) sobre o Analfabetismo como Agressão aos Direitos Humanos, realizada a partir de requerimento apresentado pela senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN).

Ao defender um movimento nacional em favor da alfabetização, a senadora lembrou que, quanto atuava como médica no Rio Grande do Norte, precisava instruir as mães analfabetas a dar remédios para seus filhos ao amanhecer e antes de dormir, pois elas não saberiam ler a receita.

- A erradicação do analfabetismo deve ser uma luta de toda a sociedade e pode incluir a ação solidária dos jovens - recomendou.

Um dos expositores da audiência, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) enumerou diversas situações em que a impossibilidade de ler coloca em risco os direitos humanos dos analfabetos. Entre elas, a de uma mãe que não pode ler a carta do filho, a de doentes que não conseguem saber que remédio estão tomando e a de desempregados que não podem ler as ofertas de emprego em um jornal.

- É lamentável que, depois de 16 anos de governos de presidentes progressistas, continuemos tendo mais ou menos o mesmo número de analfabetos adultos de 20 anos atrás. O presidente Lula era a pessoa certa para mobilizar o Brasil para erradicar o analfabetismo - afirmou.

O professor Erasto Fortes Mendonça, representante da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República observou que o direito à educação de jovens e adultos está "plenamente assegurado" pela Constituição. Ele recordou que o Estado é obrigado a oferecer educação aos que não tiveram acesso a ela na idade própria. Em sua opinião, existe uma violação de direitos humanos quando esse direito não é assegurado.

O presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais em Educação, Carlos Eduardo Sanches, pediu que se estabeleça uma vinculação entre o Plano Nacional de Direitos Humanos e o novo Plano Nacional de Educação, a ser aprovado pelo Congresso Nacional nos próximos meses.

Por sua vez, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, Roberto Franklin de Leão, disse que o "analfabeto de hoje é a criança sem escola de ontem", ao defender a destinação de maiores recursos para a educação.

Durante o debate, o senador José Nery (PSOL-PA) observou que outros países da América do Sul, menos desenvolvidos que o Brasil, como a Bolívia, estão obtendo grandes sucessos no combate ao analfabetismo.

- O que está errado? Não é compreensível que não sejamos capazes de fazer algo que países vizinhos mais pobres do que nós foram capazes de fazer. Precisamos de um processo de mobilização social que envolva uma decisão governamental - disse ele.

Ao presidir a reunião, a senadora Fátima Cleide (PT-RO) concordou com a necessidade de um esforço nacional pela erradicação do analfabetismo. Em sua opinião, esta "não é uma tarefa para um único setor, é uma tarefa coletiva de todos e todas".

19/05/2010

Agência Senado


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