Escolas públicas premiadas por qualidade de ensino
Supervisores de ensino e diretores ganharam viagens para Madri
Situada em Monções, município de 2 mil habitantes na região de Votuporanga, a Escola Estadual José Florêncio do Amaral atende a estudantes carentes, em geral filhos de lavradores. Até dois anos atrás, a instituição de ensino quase não mantinha atividades em conjunto com órgãos locais. Os alunos tinham pouco ou nenhum contato com a informática e os professores não contavam com um programa definido de formação em serviço.
Principalmente em razão do trabalho desenvolvido pela direção, em parceria com a supervisão de ensino, a escola mudou essa realidade e se tornou uma das quatro unidades, em âmbito estadual, contempladas com o prêmio Gestão Pedagógica: Ação Integrada Escola e Supervisão, oferecido pela Secretaria de Estado da Educação.
Além da unidade de Monções, foram escolhidas a EE Eng. Haroldo Guimarães Bastos (de Macedônia, Diretoria de Ensino de Fernandópolis), EE Dom Romeu Alberti (Diretoria de Ensino de Ribeirão Preto) e EE Coripheu de Azevedo Marques (Diretoria de Ensino de Jales).
Diretores e supervisores dos estabelecimentos de ensino premiados visitarão, de 17 a 27 de novembro, escolas de Madri (Espanha), para conhecer o que é feito lá. As viagens serão financiadas pelo Instituto SM para a Qualidade Educativa, que fechou parceria com a secretaria. As escolas foram selecionadas por terem se transformado em espaços de aprendizado de qualidade.
O objetivo do prêmio é incentivar a melhoria das escolas e a relação entre diretores e supervisores de ensino. Outras quatro instituições (das Diretorias de Ensino de Diadema, Jacareí, Sorocaba e Fernandópolis) receberam menção honrosa. Inscreveram-se 63 escolas públicas estaduais, de 17 Diretorias de Ensino.
Conhecimentos compartilhados – O supervisor de ensino Benhur de Paiva, da Diretoria de Ensino de Votuporanga, destaca que todas as ações empreendidas são resultado de decisões coletivas, em que abrangeram pais, grêmio estudantil, conselho de escola e Associação de Pais e Mestres. “Mesmo a participação no prêmio foi decidida com o aval dessa coletividade”, revela.
Em decorrência desse trabalho coletivo, a escola oferece oficinas de informática educacional, orientação de estudo e pesquisa, entre outras. A instituição tem um programa de visita domiciliar direcionado a alunos faltosos. Também realiza ações conjuntas com a prefeitura e demais órgãos públicos da comunidade. Os professores passaram a ter programas de formação em serviço, em que lêem, estudam e compartilham conhecimentos com os colegas. O conteúdo das disciplinas se tornou contextualizado, ou seja, vai além do que é dado nos livros. A Matemática, por exemplo, é trabalhada de maneira lúdica, com jogos e outros recursos.
Com relação à viagem, a intenção de Paiva e da diretora da unidade escolar de Monções, Maria Aparecida Agostini Alves, é levar à Espanha toda a experiência acumulada pela escola. Em contrapartida, pretendem conhecer como tratam questões relativas à prática pedagógica, promoção, evasão e repetência. Querem ainda saber como é a gestão pedagógica, de pessoal, financeira e de resultados nas escolas visitadas e de que maneira cuidam do patrimônio escolar.
Evasão zero – A busca por melhoria na qualidade do ensino foi intensificada a partir de auto-avaliações realizadas na própria instituição – envolvendo pais, professores e profissionais da equipe escolar – e pelo Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp).
Com base nesses diagnósticos, lembra a diretora – da EE Eng. Haroldo G. Bastos também situada no noroeste paulista – Sônia Maria de Freitas Martins, foram traçadas metas e decididas ações mais pontuais para chegar àqueles resultados. “Foi interessante sentar e discutir, com todos os participantes no processo de ensino e aprendizagem, as soluções para a escola”, observa.
Nessas reuniões, a equipe escolar conheceu as dificuldades dos professores e alunos em sala de aula. Decidiu-se, então, desenvolver projetos colaborativos, interdisciplinares e contextualizar o aprendizado, ou seja, mostrar ao aluno o porquê do que se aprende.
Também se detectou a necessidade de formação continuada dos professores. “O foco central está direcionado não só à formação profissional que devem ter, mas principalmente à capacitação em serviço. Ouvir os pais, inseri-los no processo de ensino, foi outro aspecto relevante”, explica a diretora. Ela destaca que, com essas novas ações, “percebe-se mais entusiasmo e participação dos alunos durante as atividades.” Por isso, “nos últimos três anos o índice de evasão é zero no ensino fundamental e corresponde a 1,19% no ensino médio. No Saresp, o desempenho dos alunos está acima da média da Diretoria de Ensino e do Estado”.
Paulo Henrique Andrade
Da Agência Imprensa Oficial
10/30/2007
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