Esgrima do Brasil brilha nos Jogos Sul-Americanos



O Brasil conquistou, nessa quarta-feira (12), a dobradinha inédita na disputa de sabre dos Jogos Sul-Americanos, disputados no Chile. O ouro ficou com Karina Laberkai, nascida na Bielorrussia e naturalizada brasileira, que derrotou a companheira de equipe Élora Ugo na decisão por 15 x 13.

Para chegar à final, as duas brasileiras tiveram que superar sete adversárias. Na semifinal, Karina estava perdendo por 14 x 11 para a panamenha Eileen Grench, mas conseguiu virar o jogo para 15 x 14. O ponto decisivo, porém, veio após Karina pedir à arbitragem para rever o lance no vídeo. Os árbitros, inclusive, já haviam dado a vitória para a atleta do Panamá. Já na final, Karina disse que a vitória foi acirrada.

“Foi um jogo muito técnico. Eu e Élora treinamos juntas e nos conhecemos bastante. Valeu o esforço de pedir meu desligamento no ano passado da ONG onde eu trabalhava porque já não poderia mais cumprir as oito horas de trabalho devido aos treinamentos”, disse Karina, 25 anos, que também foi campeã pan-americana juvenil, em 2007.

“No ano passado, cada segundo do meu treinamento era assimilado e hoje tenho consciência de que valeu a pena. Terminei a temporada em primeiro lugar no ranking brasileiro”, afirmou Karina. Seu pai, Alkhas Laberkai, e também treinador, era um dos mais felizes com o resultado conquistado pela dupla treinada por ele e o significado do resultado para a esgrima do País. “Conquistar um ouro é um resultado inédito. Uma dobradinha como essa era um sonho que se tornou realidade”, resumiu o técnico da Seleção feminina.

O Brasil fechou a quarta-feira na liderança isolada do quadro de medalhas nos Jogos Sul-Americanos. O País soma 107 medalhas, sendo 48 de ouro, 26 de prata e 33 de bronze. Em segundo aparece a Argentina, com 73 pódios (24 ouros, 29 pratas e 20 bronzes). Em terceiro está a Venezuela, com 68 medalhas (22 ouros, 14 pratas e 32 bronzes). O anfitrião Chile aparece na quinta colocação, com 68 medalhas (13 de ouro, 27 de prata e 28 de bronze).

Tanto Karina Laberkai como Élora Ugo são beneficiadas pelo Programa Bolsa-Atleta do governo federal. Ao fim da disputa, ela conversou com a equipe do Portal Brasil 2016 e falou sobre diversos assuntos relacionados à carreira.

Surpresa do ouro

"Fiquei um período sem treino e para mim foi totalmente inesperado. Eu fiz tudo que pude para ganhar, mas nem em minha perspectiva mais otimista eu achei que ficaria em primeiro. Eu e Elora treinamos juntas e no campeonato nacional no Brasil a gente normalmente disputa a final. Às vezes ela ganha, às vezes eu e é sempre muito tenso entre nós, porque a esgrima é muito técnica. Então,uma ganha no erro da outra.

Orgulho de ser brasileira

"Espero que eu seja bem mais brasileira agora (depois da medalha), já que eu não nasci no Brasil. Nasci na Bielorrussia e fui com 6 anos para o Brasil. Me sinto totalmente brasileira, comecei lá no Brasil. É sempre um prazer enorme ganhar uma medalha para o País que me recebeu e que investiu em mim."

Investimento no esporte brasileiro

"Espero que o Brasil continue investindo muito nos esportes. A gente tem um grande patrocinador, que é a Petrobras, e antes a gente só vivia da Lei Agnelo/Piva, que já nos ajudava bastante, mas o repasse não era muito grande para esgrima. Hoje em dia, com o auxilio do Bolsa-Atleta e da Petrobras, conseguimos pagar nossas passagens e equipamentos. Eu e Élora somos Bolsa-Atleta e isso nos ajuda bastante. Nos ajuda na compra e manutenção de nosso equipamento, em nossas viagens e competições nacionais. Para ajudar um atleta a ser o primeiro no ranking do Brasil, a Bolsa-Atleta se encaixa perfeitamente como uma escada."

Rio 2016

"Esse ano vou ficar firme no meu treinamento e pretendo passar o ano fora treinando na Ucrânia, se até lá a situação do País se estabilizar. Se não, vou pra Rússia ou algum país do leste europeu. Quero ganhar mais medalhas para o Brasil. Tem feito bastante diferença porque treino com a seleção ucraniana, que tem vocação na esgrima. Afinal, a gente não tem muito ainda a cultura da esgrima no Brasil."

O início da carreira

"Eu era da ginástica, como a minha mãe, que inclusive fez a série de solo da ginástica das meninas do Brasil aqui em Santiago. Mas, eu era muito gordinha e acabava me machucando muito com as chegadas dos saltos e piruetas quando eles não davam certo. Com 12 anos, larguei a ginástica e fiquei pensando no que iria fazer. Eu não achava esgrima legal, mas mesmo assim comecei a treinar meio que brincando. Aí eu comecei a ganhar e ganhar e comecei muito a gostar de ganhar (risos). Mas só com 15 para 16 anos é que comecei a entender mesmo toda a parte técnica e tática da esgrima e como ela é bonita.  O oponente pode ser o mais forte ou o mais alto. Um homem de 15 anos pode competir com um outro de 40 e os dois podem ganhar. Sempre vai ganhar o mais técnico. Força não ganha na esgrima e é isso que eu acho maravilhoso. E desde que percebi isso eu realmente gosto de esgrima mesmo."

Fonte:
Brasil 2016



13/03/2014 11:12


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