Especial D.O. 1: Hospital Brigadeiro é pioneiro em nova técnica cirúrgica para epilepsia
Unidade é referência no tratamento da enfermidade, que compromete 1,3% da população brasileira
Um jovem de 18 anos e uma mulher de 32 anos, ambos com quadros epilépticos graves, foram os primeiros pacientes do Hospital Estadual Brigadeiro a serem submetidos a um novo tipo de cirurgia. A técnica consiste em implante cerebral de eletrodos profundos em portadores de epilepsia. Considerado referência no tratamento da doença, o Hospital Estadual Brigadeiro operou 1,5 mil portadores da moléstia nos últimos dez anos. É o primeiro da América do Sul a oferecer a nova técnica aos pacientes. Além de cirurgias tradicionais, a unidade oferece técnicas como implante de eletrodos subdurais (abaixo da membrana que envolve o cérebro). É o único hospital público do País a realizar rotineiramente o implante de eletrodos vagais (colocados no pescoço do paciente).
De acordo com o neurocirurgião Arthur Cukiert, que conduziu as operações, os pacientes, submetidos aos procedimentos em julho e agosto, respectivamente, se recuperam bem e não tiveram novas crises. O dr. Cukiert afirma que essas pessoas haviam sido submetidas à cirurgia convencional, na qual a parte lesionada do cérebro é removida. Mesmo após a intervenção, porém, continuavam a ter crises - com menos intensidade, mas freqüentes - e seu quadro era considerado de epilepsia refratária - não controlada por medicamentos ou cirurgia.
O novo tipo de procedimento utiliza material importado, mas a tecnologia é brasileira. "Vem sendo desenvolvida há dois anos pela equipe do Hospital Brigadeiro", diz o neurocirurgião. "Trata-se de uma revolução no tratamento da doença, que beneficiará principalmente pacientes graves que não responderam aos remédios ou às cirurgias convencionais", afirma a diretora do Hospital Brigadeiro, Zeni Tolói. Nos Estados Unidos, uma cirurgia desse tipo custa entre US$ 30 mil e US$ 40 mil. A expectativa é realizar anualmente 10 procedimentos cirúrgicos com a utilização da nova técnica, que representa investimento de R$ 640 mil.
Eletrodos monitorados
O implante de eletrodos profundos é usado para a estimulação elétrica das regiões cerebrais, sem necessidade de cortes ou remoções. A técnica, recomendada para epilepsias de difícil controle (refratárias), utiliza eletrodos monitorados por telemetria, que permite modificar a potência da estimulação cerebral no acompanhamento pós-cirúrgico. A operação demora cerca de seis horas. O paciente fica dois dias internado na Unidade de Terapia Intensiva e depois passa para o quarto. De acordo com o dr. Cukiert, o tempo médio de internação do paciente é de uma semana. As cirurgias mais freqüentes em serviços especializados em epilepsia são a ressecção temporal anterior (lobectomia temporal), as remoções de lesões corticais guiadas por eletrocorticografia e as hemisferectomias. Há ainda procedimentos paliativos que visam a facilitar o controle das crises, sem a intenção de curá-las.
09/15/2006
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