Especial do D.O.: Rede pública do Estado de São Paulo terá telecursinho pré-vestibular
Outros projetos incluem bolsas e incentivo à pesquisa
O primeiro projeto da Secretaria de Ensino Superior, criada oficialmente no começo do mês por meio de decreto do governador José Serra (PSDB), prevê a formação de telecursinhos pré-vestibulares nas escolas de ensino médio da rede e o pagamento de bolsas de estudo para alunos carentes freqüentarem os cursinhos oferecidos nos campus das três universidades estaduais – Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Isso porque, segundo o secretário José Aristodemo Pinotti, uma das propostas da pasta é atuar como ponte entre o ensino básico e o superior – até então, as universidades estaduais eram subordinadas à Secretaria de Ciência e Tecnologia. “Vestibular muitas vezes mede a capacidade econômica do aluno; aquele que estuda numa boa escola e paga um bom cursinho tem mais chances. Vamos tentar diminuir essa distorção”, afirma.
O secretário informou também que serão dadas aulas a distância, utilizando a estrutura de televisão, antenas e vídeos existentes nas escolas de ensino médio. “Vamos fazer parceria com a Secretaria da Educação, aproveitando o que já existe, com custo baixo. O aluno do terceiro ano do ensino médio já estará na escola, vai apenas continuar mais algumas horas ou voltar em outro período, se quiser”, explicou.
Bolsas de estudo
O método de ensino e o formato das aulas serão escolhidos por meio de licitação, para a qual as instituições que trabalham com esse tipo de ensino devem enviar as propostas. O secretário cita o Estado de Pernambuco como modelo para a iniciativa. Outra medida que pode começar no segundo semestre é o pagamento de bolsas de estudo, para alunos carentes freqüentar os cursinhos oferecidos pelas três universidades estaduais. Seriam mil bolsas para estudantes de cada uma.
Pinotti ressalta que a idéia não é criar cursinhos, mas firmar parcerias com os que já existem e são, na maioria, administrados pelos próprios estudantes. Na USP, por exemplo, há cerca de dez do tipo, além do Cursinho da Poli, o maior e mais conhecido deles, cuja mensalidade gira em torno de R$ 270 e não está mais nas mãos de estudantes.
Estágios
Além disso, a secretaria pretende investir na criação de escolas de aplicação, instituições modelo ligadas à universidade, que servem como local de pesquisa, experimentação e estágio de alunos. Em São Paulo, a Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da USP funciona como referência para pesquisa pedagógica.
“Além de melhorar o ensino e aperfeiçoar a rede, essas escolas fazem a aproximação entre o conhecimento acadêmico e a sociedade, a vida real da escola. É um modelo que foi muito usado no passado, mas foi deixado de lado e o governador disse que vai retomá-lo”, avisa o secretário. Pinotti diz que algumas escolas da capital estão sendo estudadas para receberem os primeiros projetos.
Autonomia
Com as propostas, o secretário pretende também combater a desconfiança que surgiu em parte do meio acadêmico com a criação da pasta: o da perda da autonomia, prevista no estatuto das universidades. “A autonomia é essencial e é uma grande conquista, inclusive a garantia do repasse de 9,6% do ICMS. Isso não vai mudar. Sei que falaram sobre o assunto, que existe esse medo, mas não podemos mexer nessas questões. Isso não está cogitado”, afirma. Ele cita, como exemplo, os encontros que tem mantido com os reitores.
02/01/2007
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