Especialista espanhol critica postura "corporativista" de professores



Especialista no acompanhamento da reforma educacional da Espanha, o professor Mariano Engüita, da Universidade de Salamanca, recomendou ao Brasil que evite o erro cometido em seu país de se permitir que os professores exijam sempre os melhores salários sem se comprometer com a melhoria da qualidade do ensino. Mesmo após a redemocratização espanhola, recordou, os professores mantiveram a postura que haviam adotado durante a ditadura franquista, quando existia um "péssimo sistema educativo".

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- Os professores assumiram a linguagem dos sindicatos e achavam sempre que podiam pedir mais dando menos. Atualmente, os professores da Espanha estão entre os mais bem pagos da Europa, mas transmitem uma imagem catastrófica e apocalíptica da situação da educação no país - disse Engüita durante o painel Políticas Educacionais na Espanha e no Brasil, promovido pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).

Logo após a abertura do painel, que contou com a presença do presidente do Senado, Garibaldi Alves, Engüita fez um balanço dos êxitos e fracassos da reforma espanhola, com ênfase para os esforços pela garantia de igualdade de oportunidades para os alunos e de estímulo à inovação. Em seguida, ele criticou a postura "corporativista" dos professores de seu país e a falta de uma "cultura de compromisso e êxito" entre os professores. Depois de ouvir o comentário, o senador Valter Pereira (PMDB-MS) provocou risadas no plenário ao perguntar se Engüita falava da Espanha ou do Brasil.

O representante no Brasil da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), Vincent Defourny, observou que o maior desafio dos sistemas de educação em todo o mundo é o de garantir educação de qualidade "para todos e para cada um". Terceiro participante do painel, o professor da Universidade de Brasília (UnB) Antonio Ibañez elogiou a adoção pela Espanha dos centros de formação continuada dos professores. E lamentou a grande carência, no Brasil, de professores de nível médio de Ciências e de Matemática.

Essa carência foi apontada por Valter Pereira como um dos "grandes gargalos" da educação brasileira. Durante o debate, o senador Paulo Duque (PMDB-RJ) elogiou a realização do painel, por permitir que se conheçam "as boas lições" de outros países. O senador Mão Santa (PMDB-PI) recordou que o Senado prestaria homenagem aos 200 anos de criação da primeira faculdade de Medicina do Brasil, enquanto a Universidade de Salamanca, de onde provinha o palestrante convidado, tinha mais de 800 anos. Por sua vez, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) elogiou a preocupação do governo espanhol de "universalizar a boa qualidade do ensino".

Presidente da comissão, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que tem citado a reforma espanhola como um exemplo de como um país pode "dar um salto na educação".



25/03/2008

Agência Senado


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