Especialistas apontam preconceito e falta de investimentos como fatores do aumento do câncer de próstata



Para conscientizar os homens sobre a importância de cuidar da saúde, em especial no que se refere ao câncer de próstata e peniano, é preciso investimentos em campanhas de informação, bem como em infraestrutura de saúde. Barreiras socioculturais e institucionais são os principais impedimentos ao diagnóstico precoce e tratamento das doenças que afetam os homens.

O tema foi discutido em audiência pública nesta quinta-feira (16), na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). A iniciativa foi da senadora Ana Amélia (PP-RS) por solicitação da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

Em geral, o homem sente-se forte e pensa que os centros de atendimento à saúde foram criados para os mais frágeis, como crianças, mulheres e idosos, disse o coordenador da Área Técnica de Saúde do Homem do Ministério da Saúde, Eduardo Schwarz. Assim, os homens só procuram atendimento médico quando a doença avançou de forma irreversível.

O Ministério da Saúde trabalha para mostrar, por meio de campanhas educativas, a importância de o homem cuidar da saúde. Para ele, é preciso uma mudança do paradigma de que o cuidado com a saúde é uma particularidade feminina.

A falta de informação associada ao preconceito masculino e à falta de recursos também foram apontados pelo presidente da SBU, Aguinaldo César Nardi, como um dos principais fatores de avanço de câncer de próstata e de pênis no Brasil. Ele ressaltou  que essas doenças têm alto índice de cura quando diagnosticadas precocemente e, na maioria dos casos, podem ser evitadas com “água e sabão”. Nardi assinalou que as mulheres consultam ginecologistas com mais frequência do que os homens vão a urologistas. Segundo informou, quase a metade dos homens nunca consultou um especialista.

O presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Anderson Arantes Silvestrini, informou, citando dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), que depois do câncer de mama, o de próstata é o que mais mata no mundo. Considerando apenas a população masculina, ressaltou, o câncer de pulmão é o mais fatal, seguido pelo de próstata. Os grupos de risco, informou, são os homens com mais de 50 anos, os obesos, os negros e os que têm histórico da doença na família.

Estilo de vida

O médico e colunista do blog Saúde do Homem, Flávio Lobo Heldwein, ainda apontou o estilo de vida adotado pelos homens como fator de risco para o desenvolvimento de cânceres. Ele lembrou que mesmo sendo mais propensos a problemas como alcoolismo, tabagismo e sedentarismo, que podem levar a outras doenças, os homens não têm o hábito de ir ao médico a não ser por pressão de uma mulher (esposa, namorada, mãe ou filha).

Apesar de, na avaliação do coordenador da Câmara Técnica de Psiquiatria do Conselho Federal de Medicina, Emmanuel Fortes Cavalcanti, ser importante a adoção de campanhas educativas, é preciso investir em infraestrutura de saúde e equipar centros de saúdes e hospitais para atender à demanda.

Na avaliação de Emmanuel Cavalcanti, a saúde do homem, como já acontece com a da mulher, deve receber atenção por meio de uma política de Estado, que continue com a alteração de governos. Ações e campanhas voluntárias, observou, não terão a perenidade que o problema requer.

O presidente da CAS, senador Waldemir Moka (PMDB-MS), disse que a comissão apoia iniciativas que buscam conscientizar a sociedade sobre a necessidade de o homem cuidar de sua saúde, como a campanha Novembro Azul, em que os prédios públicos recebem iluminação azul para lembrar as pessoas da importância do assunto.



16/05/2013

Agência Senado


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