Especialistas em meio ambiente defendem continuidade do Programa Antártico Brasileiro
A importância da continuação do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) e de suas diversas pesquisas para melhor compreender as mudanças ambientais e climáticas de todo o mundo foi defendida nesta terça-feira (13) por especialistas em meio ambiente. Eles estiveram reunidos em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), com o objetivo de apresentar as realizações do programa - que, em 2007, está completando 25 anos de existência - e abordar ainda a importância estratégica, política e econômica da presença brasileira no Continente Antártico.
O secretário da Comissão Interministerial para Recursos do Mar, contra-almirante José Eduardo Borges de Souza, lembrou que o Brasil é um dos 29 países que têm direito a voz e voto nos assuntos relacionados à Antártica, devido à relevância das pesquisas realizadas no âmbito do Proantar. Durante a exposição, ele citou vários motivos estratégicos, políticos, militares e econômicos para que o Brasil prossiga com suas pesquisas.
- Essa é uma ação de futuro e que vai garantir à nação brasileira muitas oportunidades para defender o futuro do país - afirmou o contra-almirante.
José Eduardo explicou ainda que, em média, cada missão leva cerca de 120 pesquisadores para a Antártica e desenvolve por volta de 20 projetos em áreas diversas como oceanografia física, química e biológica; climatologia; meteorologia; ornitologia; arquitetura; geologia e atmosfera.
Entre os produtos gerados para o Brasil, com base nos projetos desenvolvidos com o Proantar, o contra-almirante citou o monitoramentoda camada de ozônio; o acompanhamento do efeito estufa e das mudanças climáticas globais; asdiversas pesquisas da biodiversidade marinha; os estudos sobre a influência e o comportamento das correntes marinhas antárticas e do clima antártico no Brasil, entre outros.
Orçamento
Segundo José Eduardo, a única queda no Proantar está no orçamento destinado ao programa, que a cada ano recebe menos recursos. Em 1990, segundo ele, foram destinados R$ 9 bilhões ao programa, verbas que foram diminuindo paulatinamente até chegar, em 2007, com uma previsão estimada de apenas R$ 2,6 milhões.
- Essa foi a queda do Programa Antártico Brasileiro que impediu de sonharmos como queríamos - destacou o contra-almirante.
Para a gerente do grupo de avaliação ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Tânia Brito, o Proantar é uma grande conquista nacional e, durante esses 25 anos de estudo, foi possível compreender como a Antártica é importante para a vida de todos e essencial para o sistema global. Ela ressaltou também que a Antártica é um "termômetro da saúde do planeta" e importante ferramenta para a compreensão do funcionamento da terra.
- A Antártica é o melhor arquivo do clima do planeta. Precisamos de muito mais estudo para definir o que vai acontecer daqui por diante - afirmou.
Tânia lembrou ainda que, a partir de 1º de março deste ano, será instalado o Ano Polar Internacional, que envolverá 60 países em diversos estudos sobre as mudanças ambientais globais. Nesse setor, segundo ela, as pesquisas brasileiras estão tão adiantadas que até a Agência Aeroespacial Norte-Americana (Nasa) resolveu financiar projetos brasileiros.
- Precisamos de muito mais estudos, porque monitorar o ambiente antártico é fundamental para nos dar respostas suficientes para vários problemas que estão ocorrendo hoje no planeta - concluiu.
13/02/2007
Agência Senado
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