Especialistas pedem prioridade para campanhas de prevenção de queimaduras
O presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) Flávio Narduz Novaes alertou nessa terça-feira (9) para a necessidade de realização de campanhas nacionais de prevenção a queimaduras. Estimativas apontam para a existência de cerca de um milhão de queimados hoje no Brasil, entre queimaduras leves e graves. Desse total, 30% são decorrentes de acidentes domésticos com crianças e jovens, provocados principalmente por álcool líquido e fogos de artifícios.
As informações foram prestadas por Novaes e por diversos especialistas que participaram de audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), que discutiu medidas de incentivo à prevenção de queimaduras e à reabilitação de queimados.
- As queimaduras podem ser evitadas em sua quase totalidade. Deveria haver uma articulação entre o Ministério da Saúde e a SBQ para construção de modelo de política para prevenção a queimaduras. No entanto, o que há é uma ausência de política nacional de prevenção, que nunca foi realizada - avaliou o presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras.
Ao destacar o fato de o país em ter sido reconhecido mundialmente como líder no combate à Aids, Flávio Novaes disse ser possível reduzir muito o número de queimados com campanhas preventivas e evitar os altos custos do tratamento hospitalar e da reabilitação psicossocial e educacional, ambos de longa duração.
O presidente da SBQ propôs ações educacionais, nos moldes da distribuição, realizada em 2000, de cartilhas produzidas com desenhos do cartunista Maurício de Souza, criador de A Turma da Mônica. Na ocasião, frisou, foram distribuídas 10 milhões de cartilhas a alunos do ensino fundamental de São Paulo.
Lei exclui queimados
Ana Aparecida de França e Silva, presidente da Associação dos Portadores de Sequelas por Queimaduras (Aposeq), também presente ao debate, apontou dificuldades decorrentes da não inclusão das pessoas com queimaduras no Decreto-Lei 3298/1999, que propicia uma série de benefícios à pessoa com deficiência, como passe livre e reserva de vagas em concursos públicos, entre outros.
- Ninguém vai querer dar trabalho de recepcionista para uma pessoa com sequela no rosto. A sociedade tem buscado formas de inclusão, mas o sequelado não está incluído - denunciou.
Entre os problemas enfrentados por pessoas com queimaduras graves, a professora listou a dificuldade de acesso aos centros de referência; os custos do transporte e da permanência do paciente e dos familiares nos locais de tratamento; o preconceito social que o queimado sofre na escola, no mercado de trabalho e no convívio social; a dificuldade para aquisição de medicamentos e equipamentos; e a falta de profissionais qualificados para atendimento aos pacientes.
A presidente da Aposeq defendeu a necessidade de ampliação da capacidade do Sistema Único de Saúde (SUS) de realizar cirurgias reparadoras, promover assistência social, fornecer medicamentos e dar apoio psicoterapêutico e psicológico aos pacientes.
Conforme França e Silva, a sociedade não está preparada para receber e dar assistência adequada à criança queimada na escola e a auxiliar a reinserção do queimado no mercado de trabalho.
Cristina Vidigal - Agência Senado
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09/06/2009
Agência Senado
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