Especialistas prevê reflexos da Lei Seca na venda de café



Estabelecimentos podem investir na sofisticação do preparo e blends gourmets

A chamada Lei Seca, que restringe a quase zero a tolerância à ingestão de bebidas alcoólicas por parte de condutores de veículos automotores e que tem causado polêmica nos últimos dias, também pode representar oportunidade para alguns ramos de atividade, um deles, o do agronegócio café. É o que aponta Celso Vegro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola, ligado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (IEA/Apta/SAA).

Os reflexos da lei, segundo ele, vão desde efeitos sobre os estabelecimentos especializados na bebida (cafeterias e quiosques) e os do ramo da alimentação, mas não especializados em café (bares, lanchonetes, restaurantes, doçarias, sorveterias, dentre outros), até sobre outras casas comerciais e de serviços (revenda de automóveis, bancos, clínicas, laboratórios e cabeleireiros, por exemplo), além das modificações nos hábitos de consumo dentro de casa.

Vegro prevê uma “corrida” dos estabelecimentos em busca de oferecer alternativas. “Disso resultará um aumento do interesse em profissionalização do serviço de café, com a introdução do tipo expresso e a especialização do barista na execução do preparo da bebida, a seleção de grãos gourmet ou superior e ainda a introdução das cartas de café para diversificação das origens, preparações e combinações não-etílicas”, diz.

Ele alerta, no entanto, que é necessário um esforço de marketing para que essa alternativa se firme no âmbito das escolhas dos apreciadores de bebidas alcoólicas. E não só: “Esses estabelecimentos demandarão alguma repaginação de desenho, propiciando ambientes em que prevaleça a frugalidade, a simplicidade e a valorização do ócio criativo. Cresce, portanto, o apelo para que sejam agregados serviços como o acesso à web, com decoração de cunho moderno e jovial”.

As mudanças nos hábitos e preferências dos consumidores são graduais, mas deve haver, por parte dos comerciantes, empenho em ampliar o “leque”. As estratégias sugeridas pelo pesquisador são a introdução de outras formas de preparação, como as bebidas lácteas à base de café e o iced coffee. “Ademais, deveriam avaliar a possibilidade de estender o funcionamento para as 24 horas do dia e promover uma desconcentração do menu alicerçado nos tira-gostos e pão de queijo, introduzindo pratos requintados e especialidades em doces e salgados”.

Vegro afirma que a reglamurização das cafeterias poderá ganhar ímpeto ainda maior, “desde que o segmento se empenhe em manter a oferta de produtos de alta qualidade (cafés gourmet, superiores, especiais), e lidere os esforços em publicidade que motivem a troca de hábito que a nova legislação induz”.

Da Secretaria de Agricultura e Abastecimento

(I.P.)



07/09/2008


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