Especialistas recomendam integração com a comunidade para reduzir violência nas escolas



Em audiência pública realizada pela Comissão de Educação (CE) nesta quarta-feira (28), dois especialistas convidados para debater o tema da violência nas escolas apontaram a integração com a comunidade como uma das formas de reduzir o problema. Em resposta a questionamento do senador Osmar Dias (PDT-PR), presidente da comissão, o diretor do Observatório Europeu de Violência Escolar, Eric Debarbieux, afirmou que o problema da violência existe em todo o mundo é de difícil solução, mas que, no Brasil, ele é agravado pelas grandes desigualdades sociais existentes no país.

- A escala de desigualdades é tão grande, são tantos problemas a resolver, que eles nos levam ao pessimismo. Tudo indica que, sem mudanças econômicas globais, ficaremos convivendo com o problema - disse Debarbieux.

Não há solução miraculosa, insistiu o especialista, destacando que as melhorias reais têm sido sempre derivadas de soluções localizadas. Entre essas soluções, ele sugeriu menos burocracia, melhores salários para professores, maior integração entre os diversos serviços públicos e polícia integrada à comunidade.

A outra convidada para a audiência, a professora da Universidade Católica de Brasília e vice-coordenadora do Observatório sobre Violência nas Escolas no Brasil Miriam Abramovay, respondeu a Osmar Dias sugerindo que cada escola precisa encontrar suas próprias soluções e defendeu o fim da lei do silêncio nas escolas, inclusive com a criação de um 0800 para denúncias. Miriam Abromovay também defendeu a abertura das escolas para as comunidades.

Debarbieux se disse bastante impressionado com as declarações do senador João Capiberibe (PSB-AP) sobre a experiência vivida quando o senador era prefeito e governador no Amapá. Capiberibe contou ter conseguido ótimos resultados descentralizando recursos, tornando cada escola responsável pela gestão de seu orçamento, sendo que a comunidade fiscalizava a aplicação dos recursos. Além disso, o governo Capiberibe fez acordos com gangues para evitar depredações nos prédios. Graças ao acordo, as quadras de esportes ficavam abertas para as comunidades nos fins de semana.




28/05/2003

Agência Senado


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