Especialistas sugerem elaboração de Plano Nacional de Robótica



A elaboração de um Plano Nacional de Robótica e a inclusão de previsão de verbas específicas para o setor no Plano Plurianual 2008/2011 foram algumas das principais sugestões apresentadas por especialistas nesta quarta-feira (29) a integrantes da Comissão de Educação (CE) e da Subcomissão Permanente de Ciência e Tecnologia, durante audiência pública conjunta.

O estabelecimento de uma política específica para o setor poderá estimular a instalação no Brasil de novas empresas ligadas à área de robótica, previu o coordenador-geral de Microeletrônica da Secretaria de Política de Informática do Ministério de Ciência e Tecnologia, Henrique de Oliveira Miguel. A seu ver, a crescente importação de robôs - 621 nos dez primeiros meses do ano - também ajudará a motivar os investidores.

Para o coordenador do Laboratório de Robótica Inteligente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Dante Augusto Barone, os incentivos ao setor deveriam partir do Executivo e do Legislativo. Do governo, ele espera o estabelecimento de um plano nacional para o setor. E os parlamentares, na sua opinião, poderiam ajudar por meio da apresentação de emendas ao projeto do futuro PPA.

A importância do tema levou a coordenadora do Comitê de Robótica da Sociedade Brasileira de Automática, Anna Helena Reali Costa, a sugerir a elaboração de um "projeto de Estado" para estimular o avanço tecnológico na área. Dos 850 mil robôs existentes hoje no mundo, relatou, apenas 2.355 estão no Brasil. Além disso, observou, o país ainda não conseguiu levar a pesquisa sobre robótica da universidade para a indústria.

Um dos setores mais avançados na pesquisa sobre robótica no Brasil é o da indústria petrolífera, como demonstrou a gerente de Tecnologia Submarina do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras, Louise Pereira Ribeiro. Já estão em andamento projetos para inspeção e desobstrução de dutos, além do robô ambiental Chico Mendes, utilizado na Amazônia para o monitoramento e a coleta de amostras e espécies.

Louise Ribeiro observou ainda que existe um "grande nicho" para a robótica submarina, uma vez que 25% das reservas comprovadas de petróleo do país encontram-se em profundidade superior a 1.500 metros.

O diretor de Automação Industrial da Associação Brasileira de Indústria Eletroeletrônica, José Luiz Rubinatto, reconheceu que o desenvolvimento da robótica no Brasil ainda é "muito pequeno". Ele sugeriu a redução do índice de nacionalização exigido pelo governo para o financiamento de projetos de implantação de robôs pela indústria.

A sugestão foi contestada pelo senador Geraldo Mesquita Junior (PMDB-AC), presente à audiência. Na sua opinião, mais importante seria a criação de condições para que as compras do exterior fossem cada vez menos necessárias.

- Ainda estamos longe de demonstrar na robótica a capacidade que já mostramos em outras áreas. Precisamos ser cada vez menos importadores e cada vez mais desenvolvedores - propôs Mesquita Júnior.

O senador Augusto Botelho (PDT-RR) pediu aos especialistas que retornem com mais freqüência ao Congresso Nacional, até mesmo para convencer um número cada vez maior de parlamentares a alocar verbas para o setor no Orçamento da União. Ao presidir a reunião, o senador Flávio Arns (PT-PR) lembrou que esta era a primeira vez que se discutia o tema da robótica no Senado.



29/11/2006

Agência Senado


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