Esperada para hoje decisão do PDT
Esperada para hoje decisão do PDT
Legenda histórica do Estado enfrenta divergências e comete equívocos em sucessivas eleições
O PDT define hoje à tarde a sua participação nas eleições estaduais deste ano, com a vinda do presidente nacional, Leonel Brizola, a Porto Alegre. É esperado encontro decisivo, no qual os trabalhistas batam o martelo, da forma mais consensual possível, sobre o fato de não terem candidato próprio e quem apoiarão ao Palácio Piratini.
Há oito anos fora do centro do poder, com a saída de Alceu Collares do governo, o PDT tem enfrentado uma série de problemas internos e cometido equívocos em véspera de eleições que estão levando ao declínio a legenda histórica do Estado. Com tradição sustentada por ícones do trabalhismo, como os ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart e o ex-governador Brizola, o PDT vem reduzindo nos últimos anos sua representatividade com as baixas na Câmara dos Deputados, na Assembléia Legislativa e nas prefeituras gaúchas. Em 1990, quando chegou ao Palácio Piratini, o PDT elegeu sete deputados federais e 13 estaduais. O número de prefeitos, dois anos depois, era de 106. Em 1988, somava apenas 57.
Na campanha de 1994, os trabalhistas sentiram as dificuldades de terem administrado o Estado. Os desgastes provocados pela CPI da Propina e as críticas à política educacional liderada pela então secretária Neuza Canabarro levaram o partido a amargar a quarta colocação na eleição, com a candidatura de Sereno Chaise, que atingiu 5,6% dos votos, índice distante da disputa anterior, na qual Collares venceu com 45,6%. As bancadas, em 1994, diminuíram. Cinco se elegeram à Câmara dos Deputados e nove à Assembléia.
Nas eleições de 1996, houve queda no número de prefeitos eleitos, de 106 para 82. Hoje, são 76. A campanha liderada por Emília Fernandes ao governo não melhorou o desempenho do partido. Perdeu mais deputados, elegendo quatro federais e sete estaduais. Emília fez 6,1% dos votos.
Se não bastasse a queda de representatividade do PDT pelo voto, as divergências internas levaram à expulsão, em 1998, de 13 prefeitos. Eles se recusaram a apoiar o candidato do PT, Olívio Dutra. Naquele ano, o partido até teve nova perspectiva de poder, ao se aliar no 2O turno a Olívio. Porém, ficou com secretarias periféricas e de pouco peso nas decisões. A campanha à Prefeitura de Porto Alegre, em 2000, também foi motivo de briga entre os trabalhistas. Muitos não concordaram com a polarização da disputa entre Collares e Tarso Genro, do PT, optando pelo desligamento do PDT. Cerca de 200 trabalhistas, entre eles sete prefeitos, desfiliaram-se. As eleições deste ano conduzem mais uma vez ao choque de idéias entre os trabalhistas. A menos de dois meses da disputa, estão longe de chegar ao consenso.
Brusa Neto recebe as últimas homenagens
O corpo do ex-deputado estadual João Brusa Neto foi sepultado ontem à tarde no Cemitério João XXIII. Desde a madrugada, familiares, amigos e autoridades passaram pelo salão Júlio de Castilhos da Assembléia Legislativa, onde ocorreu o velório. O arcebispo metropolitano, dom Dadeus Grings, encerrou as homenagens. Brusa Neto também foi fundador do MDB.
Para o senador José Fogaça, do PPS, o ex-deputado trilhou trajetória de 60 anos que influenciou a história política do Estado. 'Ele era muito simples e recatado, mas tinha saliva e sabedoria para fazer política', enfatizou. O vice-governador Miguel Rossetto ressaltou o compromisso do político com a democracia e os gaúchos. 'Brusa foi um dos nossos maiores líderes, honrando a tradição democrática do Rio Grande do Sul', disse.
Segundo o deputado estadual Jair Foscarini, do PMDB, Brusa Neto representa marco da política do Estado. 'Ele era referência, nós o chamávamos de professor Brusa', ressaltou. O senador Pedro Simon acredita que todos os partidos políticos do Estado o consideravam uma legenda: 'Tenho convicção absoluta de que na sua singeleza e simplicidade, Brusa Neto foi um dos grandes vultos políticos da história do Rio Grande do Sul'. Simon encaminhou ontem à mesa diretora do Senado requerimento para voto de pesar pelo falecimento do ex-deputado. Ele deverá ocupar a tribuna nos próximos dias para falar sobre o político. O governo do Estado decretou ontem luto de três dias pela morte de Brusa Neto.
Agenda dos candidatos
HOJE
11 Celso Bernardi (PPB)
MAMANHA
gravação do programa eleitoral gratuito. 20h: Passo Fundo.
13 Tarso Genro (PT-PCB-PC do B-PMN)
8h: Santiago. 17h30min: caminhada da cultura, em Porto Alegre. 19h: lançamento do programa de cultura.
15 Germano Rigotto (PMDB-PSDB-PHS)
8h: Santa Maria. 9h: Santiago. 15h: São Vicente do Sul. 17h: Cacequi. 18h: São Francisco de Assis. 21h: Santa Maria
16 Júlio Flores (PSTU)
7h30min: panfletagem em frente ao Banrisul da Praça da Alfândega. 18h: ato contra a Alca, no Largo Glênio Peres.
23 Antônio Britto (PPS-PFL-PT do B-PSL)
Roteiros em Santa Maria, Santa Cruz do Sul e Erechim.
Bernardi garante atenção à educação e à agricultura
O candidato do PPB ao Palácio Piratini, Celso Bernardi, disse ontem, em Candelária, que, se eleito, a educação e a agricultura serão as prioridades para alcançar desenvolvimento e equilíbrio social. Segundo Bernardi, a atual administração tem atrasado repasses nessas áreas às prefeituras tanto do orçamento do Estado como do governo federal. 'Irei descentralizar o governo, aproximando-o da população', declarou. Acrescentou que pretende estabelecer calendário fixo para os repasses na sua administração.
Rigotto pretende buscar recursos fora do país
Germano Rigotto, candidato ao governo pelo PMDB, afirmou ontem que buscará recursos dentro e fora do país para garantir infra-estrutura e desenvolvimento. Citou projetos que podem ter valor econômico expressivo para algumas regiões do Estado, como de florestamento e melhoria de recursos hídricos. Rigotto entende que é possível conquistar esses benefícios junto ao Banco Mundial e ao Banco Interamericano de Desenvolvimento. Também quer estreitar as relações com o BNDES e o Banco do Brasil.
Tarso quer descentralizar saúde envolvendo cidades
Tarso Genro, candidato do PT ao governo, lançou ontem, em Santa Maria, programa na área da saúde. Reforçou proposta de regionalizar a saúde pública, investindo na cooperação técnica e financeira com todos os municípios. O programa prevê a qualificação do serviço público de saúde com a descentralização e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, aplicando mais de 10% da receita tributária líquida do Estado. Tarso visitou o Hospital da Universidade de Santa Maria, que, segundo ele, recebeu investimentos do atual governo estadual de R$ 5 milhões.
Deputados baianos ganham benefício
A Assembléia Legislativa da Bahia concedeu aposentadoria a nove deputados governistas. Outros dois da oposição estão prestes a obter o benefício. Todos ainda exercem o mandato e poderão acumular o valor da aposentadoria especial com o subsídio de deputado estadual. Somado, o rendimento mensal chega a aproximadamente R$ 13 mil. O presidente da Assembléia, deputado Reinaldo Braga, do PFL, um dos aposentados, garantiu que o benefício é legal. O ex-senador Antônio Carlos Magalhães, do PFL, não aprovou a iniciativa. 'Não posso opinar do ponto de vista legal, mas moralmente isso é condenável, sobretudo em véspera de eleições', criticou.
Esposa de Lula depõe na Internet
A esposa de Luiz Inácio Lula da Silva, Marisa Letícia, vai assumir pela primeira vez a linha de frente na campanha do PT à Presidência da República, vencendo a timidez. O partido estreou ontem nova fase do site www.lula.org.br exibindo entrevista com Marisa , esposa de Lula há quase 30 anos. Ela contou que fez a primeira bandeira do PT: 'Tinha um tecido vermelho italiano guardado. Costurei a estrela branca e ficou lindo'. Acrescentou que começaram então a estampar camisetas para arrecadar fundos. Marisa disse que começou a trabalhar como babá aos 9 anos. Narrou ainda a vivência do cotidiano do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo ao lado de Lula na década de 80.
Garotinho admite campanha modesta
Anthony Garotinho, do PSB, garantiu ontem desconhecer os problemas financeiros da sua campanha à Presidência. Avaliou que a sua candidatura é modesta e não vê isso como demérito, mas exemplo de austeridade. O coordenador financeiro de Garotinho, Alexandre Cardoso, disse que as dívidas do partido com produtores, compositor e fotógrafo são pequenas, entre R$ 200 mil e R$ 300 mil. Acrescentou que não há campanha com sobra. 'Quem não conta com ajuda da máquina administrativa tem problemas de financiamento', observou Cardoso. A falta de dinheiro limita as viagens. A última que Garotinho fez ao Norte e ao Nordeste custou R$ 160 mil só no aluguel do jatinho.
Pelo Ibope, Ciro vai vencer no 2º turno
O Ibope divulgou ontem pesquisa à Presidência apontando Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, com 33% das intenções de voto. Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, chegou a 27%. José Serra, da aliança PSDB-PMDB, e Anthony Garotinho, do PSB, estão empatados com 11%. Os brancos e os nulos somaram 5%. Dos eleitores entrevistados, 12% disseram que não sabem ou não opinaram. Nas simulações de 2O turno, Ciro venceria Lula por 46% a 41%. O candidato do PT faria 49% contra 36% de Serra e 50% contra 32% de Garotinho. Responderam ao levantamento 2 mil eleitores de 145 municípios entre os dias 5 e 8 deste mês. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.
PMDB de Goiás rompe com FHC
O PMDB de Goiás, que já vinha manifestando insatisfação com o governo federal, decidiu ontem romper oficialmente com o presidente Fernando Henrique Cardoso. A informação foi dada pelo senador Íris Rezende. Para ele e os senadores Maguito Vilela e Mauro Miranda, a gota d'água foi a divulgação da venda para a Eletrobrás do controle acionário da Companhia Energética de Goiás (Celg). Segundo Rezende, o PMDB e o presidente tinham acordo de que o partido seria alertado sobre todas as decisões de interesse de Goiás. 'Fomos surpreendidos com a federalização da Celg', disse. A empresa era uma das bandeiras de campanha do partido, que agora decide entre Ciro Gomes ou Luiz Inácio Lula da Silva.
Roteiro da Frente reúne dissidentes
A programação de Ciro Gomes, ontem, no Rio, mostrou a grande mistura de partidos aliados informalmente à Frente Trabalhista.
Compareceram candidatos e cabos eleitorais do PPB, do PMDB e do PSDB. Ciro precisou adaptar o discurso para contemplar a todos. 'Vamos eleger homens e mulheres da Frente Trabalhista ou de dissidências de outros partidos que são muito bem-vindas neste nosso esforço de unir o Brasil', salientou. Com Ciro, estava o prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito dos Santos, ex-aliado do presidenciável José Serra que se desfiliou recentemente do PSDB. Em São Gonçalo, a festa de Ciro foi organizada pelo prefeito Henry Charles, do PMDB.
Serra vê firmeza na candidatura
José Serra, que concorre pela aliança PSDB-PMDB à Presidência, disse ontem que a sua candidatura está encorpada. 'Estamos na estratégia da Seleção Brasileira de Futebol, caminhando firme. Vamos ganhar no dia que importa, que é o da eleição', salientou. Serra apontou as dificuldades que herdará, considerando que são parte da solução da atual crise. 'Quem for eleito enfrentará taxas de juros e de desemprego elevadas, dívidas interna e externa maiores, com encurtamento de prazos por conta da pressão do mercado e crescimento baixo da economia', afirmou. Observou que a projeção média do Produto Interno Bruto, 4,5% ao ano, não é elevada, pois 'o Brasil tem espaço para crescer'.
Urna será apresentada no Interior este fim de semana
O presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargador Marco Antônio Barbosa Leal, viajará amanhã a Santo Ângelo, Ijuí, Cruz Alta, Panambi e Carazinho para divulgar a urna eletrônica. Estará domingo em Passo Fundo, Soledade, Lageado e Encantado. Os cartórios já estão recebendo 10 milhões de 'colas' confeccionadas em parceria com a Assembléia e a Câmara de Porto Alegre. O eleitor poderá levar o número de seus candidatos anotados. Além da urna, a 'cola' está sendo usada nos treinos simulados.
Artigos
A angústia do não ser
Fernando Affonso Gay da Fonseca
Na medida em que a data da eleição se aproxima, a preocupação daqueles que concorrem a um cargo eletivo é mais com o não ser do que com o ser, pois para atingir o ser é mister que se afaste o não ser. Melhor dizendo, para ser eleito é preciso que o candidato não seja enganado pelos cálculos que são feitos em torno dos votos que receberá. Não pode se equivocar com as manifestações de apoio. Essas podem deixar de ser verdadeiras e válidas. O cômputo dos votos que lhe serão oferecidos não pode deixar de ser real. Jamais pode ser enganado pela memória a ponto de não saber identificar um companheiro, um correligionário pelo seu nome, tampouco esquecer o nome da esposa deste, quando não também o aniversário de ambos. Jamais poderá se deixar trair pela indiferença diante de uma criança que lhe for apresentada. Esta sempre deverá ser adjetivada de meiga, de bonita, mesmo quando não o for.
Os jantares, os almoços, bem como as guloseimas que lhes prepararem, devem ser deliciosos, apetitosos e jamais poderá dizer que está satisfeito e que não pode neles tocar. Não se esquecerá nunca de ter um sorriso para oferecer aos circunstantes e jamais deixará uma mão estendida sem acolhê-la entre as suas. O chefe político local sempre deve ser um douto em qualquer matéria sobre a qual resolver versar e a sua experiência de vida jamais será suplantada. O seu partido tanto terá virtudes como correções a fazer conforme a situação. O programa a ser por ele desenvolvido deve ser adaptável para poder ser digerido por qualquer grupo e em qualquer circunstância.
Enfim, ele deve confiar que não será traído nem pelos seus apoiadores, nem pelos companheiros de partido, nem pelas urnas e, muito menos, por sua memória. Para conquistar uma eleição, durante a campanha, o pleiteante deverá municiar-se de muitos recursos que se fundamentam mais no não ser do que no ser propriamente tal.
Colunistas
PANORAMA POLÍTICO - A. Burd
DIA D, DE DECISÃO
1) Leonel Brizola não quer reunião ampla, hoje à tarde, quando tratará da sucessão estadual. Acha que bastam executiva e conselho político. Só adiante promoverá encontro com maior participação para anunciar decisão.
2) Líderes do PDT telefonaram ontem para o Rio, conversaram entre si e até consultaram bolas de cristal para descobrir o que Brizola defenderá. Dividem-se entre manutenção de candidatura própria, liberação dos filiados e apoio à chapa liderada pelo PPS. Primeira hipótese é a menos provável, porque os cogitados (Alceu Collares, João Luiz Vargas e Vieira da Cunha) confiam em suas reeleições. Pedro Ruas consta ainda da lista. Está sem mandato desde 2000, concorre à Câmara dos Deputados e quer fugir de riscos.
SEM PRÊMIO
A hipótese de ir para o sacrifício, concorrendo ao governo do Estado, e depois esperar prêmio de consolação está fora das cogitações do conselho político do PDT. Prêmio, é claro, na hipótese da vitória de Ciro.
ENCRUZILHADA
O PDT gaúcho tem hoje uma das reuniões mais delicadas de sua história. Para definir o rumo, entram em jogo a forte tradição, a coerência e os compromissos ideológicos pelos quais tantos se sacrificaram.
ESCALA ESTRATÉGICA
O presidente regional do PDT, deputado Vieira da Cunha, foi ontem a Brasília para tratar da CPI da Segurança. Na volta, escalou no Rio de Janeiro e foi direto ao apartamento de Brizola, em Copacabana. Os compromissos com Ciro Gomes retardaram o começo da reunião para às 21h30min e entrou noite adentro. Avaliaram todos os cenários sem chegar a conclusão final. Voam juntos hoje para Porto Alegre.
COM EXCESSO
Um milhão de caminhoneiros ameaça com greve a partir do dia 25. Se o governo federal tivesse coragem e o ano não fosse eleitoral, incluiria na pauta de discussões a volta das balanças em estradas, hoje desativadas. Com excesso de peso, os transportadores destroem a pavimentação, exigindo reparações caras e freqüentes. Quando não há pedágio, o prejuízo acaba injustamente sendo pago por toda a sociedade.
NO CANSAÇO
1) O FMI apressou o acordo com o Brasil e mata a Argentina no cansaço. O presidente Eduardo Duhalde jura de pés juntos que não aplicará calote; 2) partidos que vociferaram contra por anos agora capitulam, achando que é um mal necessário. O FMI tirou o governo brasileiro do sufoco mas exige o que nenhum quer fazer: reduzir as despesas públicas. Equação duríssima.
MULTAS
Há candidatos que chegarão ao final da campanha com o caixa quebrado, tantas são as multas que levam do TRE por afixação de propaganda irregular. A maioria é do PT que tomou conta de locais proibidos.
PESAR
O Tribunal Militar do Estado aprovou voto de pesar pelas mortes do capitão Carlos Augusto Cabral Vieira e do sargento Ari Frank. Foram assassinados em serviço esta semana. Frank foi motorista do presidente do Tribunal, João Carlos Bona Garcia, ao tempo em que chefiou a Casa Civil do governo do Estado.
OUVINDO
O TRE, que em 2000 ofereceu fones para que os eleitores com deficiência visual, no Instituto Santa Luzia, pudessem ouvir os dígitos teclados, pretende agora ampliar o número de seções com o recurso.
APARTES
Merecem gravação as reuniões de representantes de candidatos ao Piratini para tratar de debates em TV. Maioria tem forte vocação artística.
Ferve caldeirão dos vereadores.
Conselheiros de Serra insistem: ele não tem falado no controle da inflação e suas ações no Ministério da Saúde.
Ciro contra-ataca: onde foi parar todo o dinheiro das privatizações?
Estréia no rádio e TV deixa candidatos e assessores com nervos à flor da pele. Jogo de vida ou de morte.
Alegando falta de estrutura, jornalista Carlos Chagas deixa a assessoria de imprensa de Ciro Gomes.
Não passará da próxima semana análise do veto do Executivo ao projeto do vereador Nereu D'Ávila que cria Secretaria Municipal da Segurança.
Deu no jornal: 'Programa de Serra diz que Brasil cresceu pouco'. Campanha desperta auto-crítica.
Jogo de boliche, originário nos primórdios da Alemanha, inspirou as eleições da história recente do Brasil.
Editorial
O OPORTUNO ACORDO COM O FMI
O acordo fechado entre o governo brasileiro e o Fundo Monetário Internacional pode e deve ser recebido como melhor do que o esperado. Ao assegurar ao Brasil a disponibilidade de 30 bilhões de dólares e autorizar a redução de índice das reservas internacionais do Banco Central, de 15 bilhões de dólares para 5 bilhões de dólares, fator considerado como o mais importante para neutralizar os efeitos da crise cambial, o Fundo Monetário Internacional demonstrou confiança no Brasil, justamente quando os investidores internacionais se mostravam temerosos diante das sucessivas informações negativas sobre o risco do país. Nada do que foi estabelecido pelo acordo, como por exemplo a manutenção de um superávit primário (receita menos despesas, excluindo o pagamento de juros) de 3,75% do Produto Interno Bruto em 2003, 2004 e 2005, pode ser considerado como exigência impossível de ser cumprida.
Inteligente, também, foi a decisão de que, do volume global de 30 bilhões de dólares, 80% dos recursos somente serão liberados a partir do próximo ano, o que deixa muito à vontade os candidatos que concorrem à sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso para manifestarem apoio à ajuda do FMI. As resistências não passarão de jogo de cena para a platéia, o que poderá ser assim entendido, pelo mercado financeiro internacional, como decorrência da campanha eleitoral, sem representar rejeição absoluta, pois o acordo assegura um volume bem maior de sustentação para o futuro governo.
Outra decorrência positiva do acordo é a de que o Banco Central recuperou a condição de buscar um reforço das linhas de financiamento de comércio exterior, com os bancos, o que redundará em considerável alívio da pressão sobre o câmbio. Há, ainda, a considerar que, diante da crise que ameaçava o Brasil, o FMI agiu com excepcional presteza, o que não deixa de ser uma mudança de conduta dos dirigentes do Fundo. Parece que se estão dando conta de que é preferível evitar o agravamento de crises que atingem países emergentes, como o nosso, a ter de arcar, mais tarde, com as conseqüências dramáticas, até para as economias mais fortes, pois numa época de crescente globalização, como num abalo sísmico, as ondas de propagação terminam sendo sentidas até mesmo em locais distantes do epicentro do terremoto.
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08/09/2002
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