Estamos vivendo a "era da biomassa", diz especialista
Em audiência pública nesta quarta-feira (9) na Subcomissão Permanente dos Biocombustíveis, da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) , o diretor do Departamento de Cana-de-Açúcar e Energia da Secretaria de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ângelo Bressan Filho, afirmou que o mundo está vivendo "a era da biomassa".
Bressan foi um dos convidados para o debate sobre as perspectivas de mercado e projeções de cenários futuros para os biocombustíveis. O diretor disse que não faz sentido o temor de que o aumento da plantação de cana-de-açúcar ameace santuários ecológicos, uma vez que as áreas mais propícias para essa cultura, informou, ficam no Sudeste e Centro-Oeste, sem oferecer riscos às regiões de preservação.
O diretor disse ainda acreditar que o investimento mundial em biomassa é uma "decisão irreversível" e que isso trará mudanças para países tropicais, como o Brasil, onde a cana-de-açúcar encontra condições para ser plantada. Mas o representante do Ministério da Agricultura reconheceu que será um passo difícil para todos os países modificar o padrão de uso de combustíveis.
- É um esforço monumental. Se quisermos de fato reduzir o uso de combustíveis fósseis e começar a minimizar os efeitos catastróficos no clima, isso vai exigir um esforço monumental de toda a humanidade. Mesmo que seja uma pequena parte dos combustíveis fósseis a ser substituída - alertou.
Ao debater o assunto, o senador César Borges (DEM-BA) disse reconhecer que o Brasil está vivendo uma "grande oportunidade", mas externou seu receio de que o governo intervenha no processo com a pretensão de ter o monopólio do comércio de biocombustível. O senador falou que está preocupado ainda com a logística necessária para a comercialização do produto e também lamentou não haver políticas públicas destinadas a incentivar a participação do Nordeste na produção de cana-de-açúcar.
Outro convidado para o debate, o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e presidente da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), Roberto Gianetti da Fonseca, disse a César Borges que deve haver um diálogo "equilibrado e racional" entre os setores público e privado a respeito da comercialização e da produção de biocombustíveis. Gianetti defendeu a realização de reuniões entre o governo e produtores privados para tratar do assunto e propôs a criação de estoques reguladores. Disse ainda que a Petrobras é um parceiro desejável para o setor privado e sugeriu que o Nordeste invista na produção de etanol de mandioca, uma alternativa à cana.
Durante o debate, o senador Jonas Pinheiro (DEM-MT) falou do temor que tem de que haja um excesso de produção de álcool e das conseqüências dessa situação. Também manifestou preocupação quanto às dificuldades logísticas para o escoamento da produção. Já o senador Sibá Machado (PT-AC) afirmou acreditar que a questão dos biocombustíveis tem de ser analisada a partir de vários pontos de vista, como geopolítico, econômico, ambiental e social. E disse que o Acre deseja participar da produção de biocombustíveis.
09/05/2007
Agência Senado
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