Estiagem obriga Rio Grande do Sul a importar milho



 




Estiagem obriga Rio Grande do Sul a importar milho
A estiagem que castigou as principais regiões produtoras de milho do Rio Grande do Sul traz de volta a necessidade de o Estado comprar o grão de outras partes do Brasil e do exterior. Na última safra, os gaúchos produziram cerca de 6,1 milhões de toneladas e chegaram até a exportar mais de 700 mil toneladas. A situação se inverteu devido à projeção de quebra na colheita e à diminuição da área cultivada com o cereal. Com a cotação do grão subindo, os setores mais afetados da economia gaúcha são a avicultura e a suinocultura, que absorvem aproximadamente 85% do volume destinado à alimentação animal. Conforme estimativa da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul Ltda (Fecoagro), pelo menos 80% do milho colhido no Estado tem este fim. "O problema já está nos atingindo.

De janeiro de 2001 a janeiro de 2002, o milho subiu 37%, enquanto os suínos subiram apenas 11%. O valor do milho vinha se mantendo, mas nos últimos 15 dias, com a estiagem, houve uma reação", confirma o presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul, Gilberto Moacir da Silva. "E a tendência para o suíno é de baixa, porque paramos de comercializar com a Argentina", lembra o dirigente. Ano passado, a suinocultura gaúcha consumiu 1,5 milhão de toneladas. A demanda poderá aumentar caso o mercado russo volte a ser aberto para a carne suína do Estado.

Para agrônomo Valdir Bisotto, assessor técnico da Fecoagro, o Rio Grande do Sul precisará importar pelo menos 1 milhão de toneladas. O montante, entretanto, será conhecido apenas perto da metade do ano, quando será conhecido o resultado da safrinha. "A necessidade do Estado é de 5,3 milhões de toneladas", afirma Bisotto, lembrando que, em 2000, o Estado precisou comprar 1,3 milhão de toneladas. Segundo ainda o agrônomo, a safra gaúcha de milho deve alcançar 4,1 milhão de toneladas, já calculada a quebra de aproximadamente 19% projetada pela Fecoagro. Conforme a federação das cooperativas gaúchas, a área cultivada com o grão no Rio Grande do Sul caiu 15,5% da safra 2000/2001 em comparação a atual. De 1,6 milhão de hectares, passou para 1,4 milhão de hectares. "Uma das explicações para a redução da área é o maior interesse em produzir soja, que teve uma valorização no mercado internacional", observa Bisotto. A produtividade média também foi afetada devido à falta de chuvas. A previsão inicial era de que chegasse às mesmas 3,6 toneladas por hectares registradas ano passado. O índice atual, entretanto, não alcança três toneladas por hectare.

Os números da Emater são um pouco diferentes dos apresentados pela Fecoagro, mas refletem o mesmo drama. Segundo a Divisão de Apoio Técnico do órgão do governo gaúcho, a produção do milho deve atingir 3,8 milhões de toneladas. A expectativa inicial, antes da estiagem, era de uma safra de 4,8 milhão de toneladas. De acordo com a Emater, a lavoura do cereal caiu de 1,65 milhão de hectares para 1,5 milhão de hectares. Os técnicos do órgão acreditam ainda que a área cultivada com a safrinha será proporcional às perdas da lavoura que começa a ser colhida.

Conforme o último boletim conjuntural da Emater, o saco de 60 quilos de milho fechou a semana passada cotado, em média, em R$ 11,45. Uma valorização de 2,6 % em relação à semana anterior , sintoma do aumento da demanda devido à perspectiva de falta do produto para abastecimento . A expectativa é de que os preços atuais, que deverão ser calculados hoje pelo órgão, apresentem nova valorização. Na região Noroeste do Rio Grande do Sul, a mais prejudicada pela falta de chuva, os agricultores que plantaram em agosto estão conseguindo uma produtividade que chega a cinco mil toneladas por hectare. A explicação para o bom desempenho está na peculiaridade de que, como são variedades precoces, as plantas não sentiram o período de maior rigor da seca por já terem ultrapassado as fases de floração e enchimento de grãos, quando são mais sensíveis à falta de umidade. Para os técnicos da Emater, os produtores que já colheram estão segurando a comercialização do milho, esperando uma valorização ainda maior do produto. Os levantamentos do órgão indicam que pelo menos 10% da safra já foi colhida. No restante das lavouras, 15% ainda estaria em crescimento vegetativo, 19% em floração, 36% em fase de enchimento de grãos e, outros 20%, maduros.


Parcerias com comércio amplia número de agências do Banrisul
O Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) pretende, até o final deste ano, contabilizar parcerias com cerca de dois mil estabelecimentos comerciais, de pequeno e médio porte, entre farmácias, padarias, lojas de conveniência, mercados e supermercados, incrementando a sua rede de “correspondentes bancários” que, hoje, já soma mais de 900 pontos de atendimento espalhados pelo interior do Estado.

“Vamos aumentar a oferta de nossos serviços, ampliar a nossa participação no mercado, facilitando a vida das pessoas, mesmo para aquelas que não são clientes do banco”, observou o coordenador da rede comercial do Banrisul, João Alexandre Silveira. A instituição financeira estuda a possibilidade de estender a sua rede de “correspondentes bancários” para os estados da Região Sul, provavelmente ainda neste ano.

Prática mais avançada em outras regiões brasileiras (ao todo, 56 instituições financeiras do País já possuem seus correspondentes bancários, com 12.587 empresas contratadas, num total de 19.832 pontos de atendimento, conforme levantamento da Divisão de Gestão de Sistemas de Informações Cadastrais, Contábeis e Econômico Financeiras do Banco Central), os correspondentes bancários, ferramenta criada para capilarizar os serviços bancários, fazem parte da vida dos gaúchos a pouco mais de um ano, por iniciativa exclusiva, até agora, do Banrisul. Nestes pontos podem ser recebidas todas as contas que possuam leituras em código de barras (água, luz, telefone e até títulos de outros bancos). Em breve, os correntistas do banco poderão usufruir da possibilidade de saques e depósitos.

“Antes de ser aceito como correspondente bancário, o estabelecimento comercial passa por uma completa análise sobre suas condições financeiras, de segurança, de sua posição física para evitar demasiada proximidade com outro correspondente. Depois, é firmada a parceria e o novo parceiro passa a condição de braço avançado do banco para, por enquanto, receber contas com código de barras. Em breve, e dependendo de quesitos como o de segurança, os clientes do Banrisul poderão utilizar os correspondentes bancários para efetuar saques ou depósitos. Isso vai ajudar ainda mais a melhorar o atendimento aos nossos clientes, desafogando as agências, evitando filas e oferecendo mais rapidez”, disse Silveira.

Aos estabelecimentos comerciais que não possuem equipamentos para aproveitar a leitura do código de barras nos documentos, o Banrisul oferece uma linha de crédito própria para a aquisição desses equipamentos, com prazo de até 36 meses para o pagamento do empréstimo.

Até fevereiro do ano passado, o banco manteve correspondentes bancários pilotos no Rio Grande do Sul. E, a partir daquele mês, passou a fomentar o procedimento. Em um ano, os correspondentes bancários do Banrisul já ofereceram um acréscimo de 5% na base de arrecadação do banco, somando mais de 1 milhão de contas recebidas.

O Banco do Estado do Rio Grande do Sul, com suas agências, postos de atendimento ou seus correspondentes bancários, está presente em 357 municípios gaúchos (num total de 497 cidades) e, em 160 delas oferece serviços bancários de forma exclusiva.


Ostra e camarão do Sul para o Nordeste
Filho e irmão de pescadores de Governador Celso Ramos, cidade vizinha de Flori anópolis, Uri Mafra Machado já percorreu variados caminhos: morou no interior catarinense, em outros estados brasileiros, trabalhou na Receita Federal, foi vendedor e corretor de imóveis. Há quatro anos, entretanto, decidiu voltar para a terra natal e mudar radicalmente o estilo de vida.

A escolha de um modo de vida mais simples levou-o novamente a uma troca de ramo: Uri optou pela maricultura. Hoje vive do cultivo de mariscos e ostras e é presidente da Federação dos Maricultores de Santa Catarina, entidade que reúne aproximadamente mil famílias. "Há dificuldades, mas é possível sobreviver da produção nas fazendas marinhas", diz.

Apresentada como opção de renda aos pescadores artesanais, a maricultura surgiu no estado nos primeiros anos da década de 90. A partir daí, cresceu ano a ano. Tanto que hoje o estado é o maior produtor nacional de moluscos: "colheu" 990,3 mil dúzias de ostras e 11,3 mil toneladas de mariscos em 2000. No cultivo de camarões, a expansão também é visível. Em 1999 a safra foi de 69,7 toneladas. No ano seguinte chegou às 190,2 toneladas. No ano passado, depois de mais um salto de 231,2% no volume produzido, chegou às 630 toneladas.

Agora, depois da série de resultados positivos, os catarinenses atuarão como repassadores de tecnologia para o segmento. Com apoio da Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional (Cida), o estado vai criar um centro de excelência em maricultura. O projeto, que tem uma primeira fase de cinco anos orçada em US$ 65 milhões, terá ações em duas frentes. Em uma delas, haverá a liberação de recursos para desenvolvimento tecnológico. Paralelamente, os pesquisadores serão encarregados de exportar as novidades para outros produtores, inicialmente nordestinos. O acerto com os canadenses prevê ainda a transferência de tecnologias para países da África e do Caribe.

"O Canadá já nos financia em questões pontuais como o fornecimento de equipamentos e o intercâmbio de técnicos", diz o coordenador do programa estadual de produção de camarões da Empresa de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Sérgio Wincler da Costa. Com o centro de referência, diz, o apoio deverá ser mais intenso.

Na prática, os técnicos da Epagri pretendem seguir o modelo do programa de cultivo da maçã desenvolvido no planalto serrano com apoio da Agência Japonesa de Cooperação Internacional (Jica), instituição que aplicou, só entre 1996 e 2001, R$ 7 milhões em pesquisas no estado. Iniciadas na década de 70, quando os catarinenses praticamente não produziam maçãs, as pesquisas com a fruta foram fundamentais para transformar Santa Catarina na maior produtora nacional, responsável por metade do volume colhido no País.

"O centro deverá coordenar esforços de diferentes centros de pesquisa para detectar e resolver problemas que estrangulam o cultivo de moluscos e camarão", diz Carlos Rogério Poli, consultor que foi contratado pelo governo do estado para dar formato ao projeto. "Nesse sentido, ficará determinado que os recursos não seguirão para a pesquisa pura. Serão usados apenas em análises de pesquisa aplicada". Ou seja: só vai receber dinheiro a instituição científica que tiver a intenção de criar novidades que possam chegar ao dia-a-dia dos produtores.

Enquanto as novidades não aparecem, os maricultores movimentam-se por conta própria em busca de projetos que possibilitem o aumento do valor dos produtos. "Precisamos deixar de vender apenas os moluscos in natura", diz Machado, da federação dos maricultores. Por isso, explica, os produtores vão unir-se em regime de cooperativa para operar duas unidades de processamento dos moluscos - uma ficará em Governador Celso Ramos e outra em Penha. Cada unidade poderá processar até cinco mil quilos de moluscos por dia. Além disso, os produtores planejam a criação de uma marca própria e analisam parcerias com agroindústrias para a criação de pratos pré-prontos. "Com esse tipo de iniciativa pretendemos aumentar a renda gerada pela atividade", diz Machado. Mesmo admitindo a dificuldade de chegar a dados exatos, ele diz que cada produtor tem renda de aproximadamente R$ 7 mil anuais.
Também com a intenção de melhorar a atividade econômica dos produtores, a federação vai promover cursos de gestão específicos para o segmento. "Assim o pessoal vai saber determinar melhor questões como o custo de produção e o preço que precisa ser cobrado para manter uma margem de lucro adequada".

Isso, contudo, pode não ser a solução de todos os problemas. "Muita gente, principalmente de áreas não litorâneas, não compra ostras e mariscos por desconhecer o produto. Sem mais ações de marketing, dificilmente esse mercado vai deslanchar", diz a diretora da Marepesca, Marli Helena Marques. A empresa, que vende ostras e mariscos catarinenses para o Carrefour, amargou queda nos negócios em 2001. A empresária não divulga o volume de vendas.


TST define entendimento sobre depósitos do FGTS
A Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho (TST) decidiu, por unanimidade, que cabe ao empregador comprovar os depósitos referentes ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). A decisão é válida para os casos em que é ajuizada ação pelo empregado para cobrança de depósitos não realizados dentro de período específico.

De acordo com o relator do processo, ministro Carlos Alberto Reis de Paula, uma vez que o autor da ação reclamou diferenças em depósitos do FGTS e tendo o empregador, em contestação, afirmado estar correto o recolhimento, cabe à empresa apresentar as provas. Por outro lado, quando refere-se a um pedido genérico, feito pelo empregado, sem especificar a suposta irregularidade no recolhimento do FGTS e o período em que teria ocorrido, fica invertido o ônus da prova. Nesse caso, segundo entendimento do TST, cabe ao empregado comprovar a afirmação.


Indústrias do Paraná vendem 24,5% a mais que ano passado
As indústrias do Paraná apresentaram o melhor índice nacional na evolução das vendas em 2001: 24,25% em relação ao ano anterior, seguidos pelo Rio de Janeiro(16%) e São Paulo (14,5%), segundo levantamento da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP). O índice também é o melhor já registrado no estado pelas pesquisas da FIEP que iniciaram em 1992.

Todos os demais estados apresentaram desempenho inferior a 10% e a média nacional foi de 13,21%. Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, José Carlos Gomes Carvalho, os números apresentados são conseqüência do processo de industrialização do estado.

As compras industriais aumentaram 21,86%, apenas quatro setores não aumentaram suas compras no acumulado de 2001 – material de transporte, matérias plásticas, papel e papelão e química.

Os maiores números de vendas ficaram com os setores de bebidas que registraram aumento de 77,39%. Carvalho atribuiu o crescimento das compras industriais a modernização e profusão das indústrias - de água mineral, das tubaínas e da própria Ambev; que investiram muito. O setor têxtil mostrou uma rápida recuperação passando de 17,42% em 1999 para um acumulado de 45,55% em 2001.

Mesmo com a queda de aproximadamente 4.200 vagas no mês de dezembro, a indústria paranaense apresentou um aumento de 9% no nível de emprego no ano de 2001 se comparada a 2000. “ A indústria aumentou sua capacidade de produção, teve uma maturação do setor”.

As negociações industriais realizadas dentro do estado paranaense cresceram, as compras representaram 41,67% e as vendas de 34,45% dos negócios realizados em 2001. As importações apresentaram uma queda de 26,26% em 2000 para 22,41% em 2001 como resultado da depreciação do real.

Segundo Carvalho é difícil fazer projeções do que irá acontecer em 2002, diante de tantos problemas que a indústria está enfrentando, como por exem plo a lei de meio ambiente que deverá causar queda nas exportações, já que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) com a fiscalização está limitando em 15 os embarques diários no Porto de Paranaguá. “ Para o exportador manter os prazos é fundamental. Não somos contra processos de preservação e controle dos recursos naturais, mas desejamos que eles não impeçam o desenvolvimento industrial”, afirmou Carvalho.

O ICMS poderá se tornar outro agravante para a indústria em 2002, já que poderá sofrer os efeitos da mudança da alíquota de 17% para 18% em todas as categorias. Segundo Carvalho a indústria responde por 54% dos setores que mais arrecadam o imposto. E está se aproximando do Rio Grande do Sul, no ranking dos estados. O Paraná está em quinto lugar com R$ 4.416 bilhões e o Rio Grande do Sul arrecada R$ 5.463 bilhões.

Levantamentos – como do Sindicato das Indústrias de Metal (Sindimetal) que mostram que cada carro produzido no Paraná utiliza apenas 2,78% de componentes da indústria local; mostram um mercado a ser explorado que poderá ajudar a estrutura de produção do estado a se manter nos mesmos patamares em 2002. “ É um desafio e uma enorme oportunidade”, conclui Carvalho.


BB libera R$ 2 bilhões a agricultores paranaenses
A safra paranaense 2001/2002 deverá contar com R$ 2 bilhões, volume 25% maior que o liberado pelo Banco do Brasil (BB) no último ano, segundo previsão divulgada ontem pela Diretoria de Marketing e Comunicação da instituição. O banco já havia sinalizado em janeiro um aumento no valor do repasse ao Paraná, Estado que responde por 25% da safra nacional de grãos. A expectativa é que, até a conclusão da safra, o setor receba em todo o País R$ 10,5 bilhões.

“A política do banco para o setor vem mostrando que os recursos vão aumentar anualmente”, afirma José de Mesquita Filho, superintendente estadual adjunto. Segundo ele, boa parte do repasse será consumido em lavouras de trigo e milho, “dois produtos nos quais o Paraná é bastante forte”. O dinheiro é captado dos depósitos à vista e da poupança e recebe a equalização do Tesouro Nacional, com juros de 8,75% ao ano.

Responsável por 70% do financiamento da safra brasileira, o BB destinou R$ 1,36 bilhão ao Estado no ano/safra 2000/2001 – R$ 1,3 bilhão para custeio e R$ 260 milhões para investimento. No mesmo período foram repassados R$ 155 milhões para o Programa de Geração de Emprego e Renda (Proger) e R$ 282 milhões para o Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar (Pronaf).

Segundo o levantamento do BB, o Paraná absorveu R$ 91,92 milhões de recursos oriundos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o Moderfrota, o programa de modernização da frota de máquinas agrícolas. Foi o Estado que mais dinheiro captou neste produto, ficando com 36% dos financiamentos feitos no País. Os paranaenses também foram os que mais dinheiro obtiveram por meio do Prosolo (recuperação de solo) e Profruta (desenvolvimento da fruticultura), com, respectivamente, 25% e 30% das operações realizadas no período.

Os três Estados do Sul, e o Paraná em particular, foram os que promoveram o maior número de transações no “Balcão de Agronegócios”, o site na internet do BB que aproxima o produtor rural da indústria do agribusiness. Juntos, o Paraná e o Rio Grande do Sul foram responsáveis no ano passado por 42% (R$ 98 milhões) das operações feitas no www.agronegocios-e.com.br, num total de R$ 231,6 milhões, segundo informa José Carlos Vaz, gerente executivo da gerência de comercialização agropecuária da instituição.

O Centro-Oeste brasileiro foi o segundo colocado, com uma movimentação de R$ 85 milhões. O Paraná totalizou R$ 54,7 milhões. O Rio Grande do Sul movimentou a segunda maior cifra (R$ 39 milhões), e o Mato Grosso a terceira (R$ 34 milhões). Os agricultores de Santa Catarina movimentaram R$ 5 milhões. O Balcão de Agronegócios está sendo usado pelo produtor para conseguir melhores preços, principalmente de insumos.


Artigos

Não existem rodovias grátis
Moacyr S.Duarte*

A concessão de rodovias à iniciativa privada é uma tendência que vem se espalhando pelo mundo, atingindo inclusive países nos quais tradicionalmente não se cobrava pedágio, como é o caso da Alemanha, onde a partir de 2003 essa tarifa deverá ser paga pelos caminhões. A razão básica para essa decisão é a constatação de que não existem “rodovias grátis”: há custos para implantá-las, operá-las, mantê-las e modernizá-las.

O uso da rodovia pode ser oneroso ou não para o usuário e é melhor, por vários motivos, sempre que viável, cobrar de quem usa e não de toda a sociedade, através de impostos. Os governos em todo o mundo estão fazendo face ao aumento da escolaridade, dos anos de vida das pessoas e da criminalidade, que obrigam a aplicar recursos muito superiores aos das décadas anteriores nas áreas sociais, particularmente em educação, saúde, justiça e segurança. Em decorrência, se reduzem as disponibilidades para a infra-estrutura, incluindo o setor de transportes.

Ao declínio do investimento público no setor de transportes, somam-se ainda fatores como a necessidade de expandir e modernizar os sistemas rodoviários, uma maior transparência no uso de recursos e de seu custo, e a capacidade, flexibilidade e agilidade muito superior do setor privado para gerenciar projetos e introduzir novas tecnologias, respondendo às demandas da sociedade.

Assim, em recente palestra na Bovespa, em São Paulo, Jim Mc Meckan, diretor do Macquarie Bank Limited da Austrália, segundo maior investidor mundial no setor de concessão de rodovias (o maior é o grupo italiano Autostrade), mostrou que a redução de investimentos e operação governamentais no setor entre 1970 e 1997 foi de 30% nos Estados Unidos, cerca de 65% na Alemanha e porcentagens entre essas duas na Inglaterra, França e Austrália. No Brasil a queda foi ainda mais dramática, uma vez que os recursos para rodovias provinham quase só do Fundo Nacional Rodoviário, que começou a ser esvaziado por etapas e foi extinto com a Constituição de 1988.

A redução nos investimentos e nas despesas de operação deixou a descoberto as necessidades de manutenção e melhoria das redes rodoviárias. O diretor do banco Macquarie estima que hoje as necessidades de recursos são de 55 bilhões de dólares nos Estados Unidos, 150 bilhões na China (até 2020) e 18 bilhões de dólares na América Latina. No Brasil, as estimativas do Ministério dos Transportes e da CNT-Confederação Nacional dos Transportes são da necessidade imediata de dez bilhões de dólares, o que significaria mais de 60% do previsto para a região.

As 39 concessionárias de rodovias têm o compromisso de investir R$ 16 bilhões até o final de seus contratos, mas sua responsabilidade se limita aos cerca de 6% da malha pavimentada que foi concedida. Vale lembrar que a concessão de rodovias, além de reduzir os dispêndios do setor público nos trechos concedidos, traz ainda recursos para o Tesouro, na forma de tributos e pagamentos ao poder concedente. O Coordenador da Comissão de Concessões do Estado de São Paulo estima que a soma dos dois valores, redução de desembolsos com investimentos e operação mais aportes das concessionárias ao Estado, já atinge R$4,9 bilhões em três anos.

As concessionárias de rodovias no Brasil têm financiado os investimentos com empréstimos e aportes de capital, complementando os recursos originários do pedágio, que não são suficientes para cobrir os desembolsos dos primeiros oito ou nove anos, quando se concentram as principais obras. Mas o especialista australiano mostrou que a tendência mundial é que tanto os investimentos, como até a propriedade de parte das concessionárias, passem para invest idores institucionais, como os fundos de pensão, que aplicam recursos a longo prazo. Três são as condições para que isso ocorra: um ambiente regulatório forte e de fácil compreensão, experiência dos gestores e uma governança corporativa transparente. No Brasil, com a criação de agência regulatórias, a partir da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), e com a nova Lei das S/A, temos satisfeitas essas condições, pois todas as concessionárias de rodovias são gerenciadas por grupos de excelente histórico na área de construção rodoviária.

A conclusão é que não existindo rodovias grátis (embora sua utilização possa ser cobrada ou não) e destinando-se cada vez mais os impostos aos setores sociais, incluindo estradas vicinais e secundárias, o Brasil, como os demais países do mundo, vai experimentar um crescimento do setor de concessão de rodovias e a conseqüente melhoria e ampliação da malha existente. A esse crescimento somam-se os serviços prestados pelas concessionárias, que oferecem mais segurança e conforto para os usuários, redução de custos, geração de oportunidades de trabalho, atração de recursos de investidores institucionais, estrangeiros e nacionais, além do incremento em infra-estrutura, acelerando assim o desenvolvimento do País.


Colunistas

NOMES & NOTAS

Injustiça
A Associação Nacional dos Mutuários denuncia: os bancos que agem como agentes do Sistema Financeiro de Habitação vendem imóveis retomados de mutuários inadimplentes por valores inferiores ao débito do mutuário. Além de injusto com o devedor (por que não renegociar o débito com eles?) é danoso a proprietários no mesmo prédio ou bairro residencial, que vêem imóveis idênticos aos seus vendidos a preços abaixo do mercado e menor que o saldo devedor.

Cursinhos
A multiplicação de faculdades particulares em Curitiba, nos últimos anos, tem tornado difícil a sobrevivência dos cursinhos pré-vestibulares. Afinal, vestibulando que não consegue vaga na Federal tem sempre uma nova oportunidade em uma faculdade particular, para não perder mais um ano de cursinho. Resultado: eles estão enxutos ou, como o Positivo, se transformando em universidade.

Controle
A Good Card, de São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre, acaba de assinar contrato com a Eletropaulo para o gerenciamento da frota da empresa paulista de distribuição de energia. No total, serão dois mil cartões Fuel Control na Grande São Paulo. O fato determinante para o fechamento do negócio foi a alta tecnologia agregada ao produto e seu controle em tempo real. Lançado no ano passado com o objetivo de auxiliar as empresas a controlar o consumo de combustível de suas frotas, detectando eventuais problemas, o cartão Fuel Control já é utilizado por 18 mil veículos. Quase 1.000 postos já estão credenciados pela Good Card nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.


Doação
A Calçados Azaléia, com sede no município de Parobé, no Rio Grande do Sul, fez a entrega oficial de uma doação de cinco mil pares de calçados à Pastoral da Criança, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Este é o 7o ano que a empresa participa deste tipo de atividade, devido a sua participação como patrocinadora do Programa Criança Esperança, apresentado pela Rede Globo de Televisão. Todos os anos, a Unicef destina estas doações para entidades brasileiras, porém esta edição veio com uma “marca diferenciada”, diz Suzana Neves, gerente de Comunicação Institucional da empresa. “O trabalho desenvolvido pela Pastoral da Criança nos encantou. Ficamos orgulhosos de contribuir para um processo desta grandeza que atende mais de um milhão e 600 mil crianças em 27 estados com 150 mil voluntárias”, diz.

Nova administração
O Parque Tecnológico do Pólo de Informática de São Leopoldo elegeu a nova equipe que administrará os trabalhos do Condomínio, que é formado por dez empresas. No primeiro encontro de trabalho deste ano, os representantes das empresas escolheram como síndica a empresária Vera Boufler, da GVDASA Informática. Ela dará continuidade aos trabalhos iniciados pelo empresário Siegfried Koelln, da SKA Automação de Engenharias, que deixa o cargo de síndico, mas permanece como presidente da Comissão de Implantação do Pólo. O novo subsíndico é o empresário Cláudio Carrara, da Meta Serviços em Informática. Para um mandato de dois anos, também foi eleito o Conselho Fiscal, que tem como presidente Júlio César Ferst, da Sispro S.A. Sistemas e Processamento de Dados; vice-presidente Derli Viegas, da CWI Software, e o secretário Rogério Rodrigues, da Digistar Telecomunicações. Como suplentes ficaram Gerson Fioravante, da Gama Gerenciamento de Documentação; Luiz Gerbase, da Altus Sistemas de Informática, e Luiz Garcia, da Micromega Software Empresarial.


Topo da página



02/07/2002


Artigos Relacionados


Etanol caro obriga Petrobras a importar 1,5 milhão de barris de gasolina

Governo libera venda de milho para municípios atingidos pela estiagem

Renan comemora reforço na venda de milho subsidiado a estados atingidos pela estiagem

Conab vai doar 50 mil toneladas de milho para a Bahia para ajudar regiões atingidas pela estiagem

Estiagem no Rio Grande do Sul afeta 460 mil pessoas

Rio Grande do Sul tem dez municípios em estado de emergência por causa da estiagem