"Estou no PSDB a convite do presidente", diz banqueiro



"Estou no PSDB a convite do presidente", diz banqueiro O presidente do BankBoston, Henrique Meirelles, 56, decidiu filiar-se ao PSDB na noite da última sexta-feira, depois de seguidas conversas com o presidente Fernando Henrique Cardoso. "Em vários telefonemas ao longo do dia, o presidente reafirmou o convite formal que me fizera meses atrás, no Palácio do Planalto", disse ontem, um dia depois de encerrado o prazo de filiação. Em 2002, o banqueiro deve disputar o senado por Goiás, seu Estado natal. Ao ceder aos apelos de FHC, Meirelles recusou a proposta do PMDB, que o queria como pré-candidato ao Palácio do Planalto. O presidente do BankBoston é amigo dos senadores Iris Rezende e Maguito Vilela, caciques do PMDB goiano, e do governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB). Além dos três, o próprio presidente do partido, Michel Temer, acenou-lhe com a candidatura à sucessão de FHC. O banqueiro também foi cortejado pelo PTB e pelo PFL. Antes da decisão de sexta-feira, reuniu-se com o vice-presidente Marco Maciel, com o senador Jorge Bornhausen, presidente nacional do PFL, e com o prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia. "No PTB e PFL, entretanto, a candidatura presidencial não era consenso", disse. A disputa do Senado só deve ser oficializada em maio. Meirelles precisa de tempo para preparar a sucessão no BankBoston. "O banco respeita minha participação política e, de certa forma, até esperava por uma maior atuação no Brasil", afirmou. Meirelles assumiu a presidência mundial em 1996, depois de 12 anos à frente do banco no Brasil. "Sempre achei natural entrar na política ao final da carreira de executivo", disse. O perfil executivo também foi levado em conta. "Há lugar na política brasileira para pessoas com meu perfil: capacidade administrativa e de articulação e vida proba", disse. A estréia na política, porém, aconteceu nos anos 60, quando presidiu a União Goiana dos Estudantes Secundaristas. A família do banqueiro, cujo avô materno, Graciano da Costa e Silva, foi prefeito de Anápolis e o tio Jonas Duarte foi governador de Goiás, hoje tem como representante na política o deputado Aldo Arantes (PC do B-GO), primo de Meirelles. Ministro deixa PMDB e segue amigo O presidente Fernando Henrique Cardoso atropelou os partidos aliados para filiar ao PSDB o presidente mundial do BankBoston, Henrique Meirelles. O banqueiro estava com um pé no PMDB, que de quebra perdeu também o ministro Ovídio de Ângelis (Desenvolvimento Urbano). O ministro acompanhou o amigo e compadre Meirelles rumo ao PSDB. "Mais do que nunca estou no ninho tucano", declarou o ministro na manhã de ontem em Goiânia, durante a coletiva na qual Meirelles também anunciou sua filiação. Ontem, demostrando surpresa com a saída de Ovídio do PMDB, o líder do partido na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), pediu a saída do ministro do cargo ainda hoje. "Não me consta que Ovídio tenha mudado de partido. Se isso aconteceu, ele deve deixar o governo imediatamente", disse Geddel. O líder ficou ainda mais surpreso com uma das possibilidades que podem ser adotadas para manter a atual distribuição dos ministérios entre a base de sustentação do governo. Segundo aliados, o presidente pode considerar o Ministério do Desenvolvimento Agrário como cota do PMDB com a filiação recente do ministro da Reforma Agrária, Raul Jungmann, no partido. "Que maluquice. Isso só pode ter partido de um imbecil", afirmou Geddel. Jungmann, que deixou o PPS, não integra a cúpula peemedebista que venceu a última convenção partidária em 9 de setembro, mas tem trânsito com o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), que pretende uma vaga de vice-presidente numa chapa governista encabeçada pelo ministro da Saúde, José Serra. Perfil ideal A articulação do PMDB para a entrada de Meirelles no partido incluía a candidatura à Presidência da República. A Folha apurou que o partido considerava o banqueiro o perfil ideal para disputar a eleição, porque identifica nele um candidato com credibilidade, bem-sucedido, sem desgaste político e com conceito positivo na sociedade. Se fosse para o PMDB, Meirelles disputaria com o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, as prévias do partido que vai escolher o candidato do partido à presidência da República. A cúpula peemedebista teve diversos encontros com Meirelles. Em uma das reuniões, na terça-feira passada, na casa do presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), Meirelles se reuniu com os ministros Ovídio, Eliseu Padilha (Transportes), o presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), o assessor da Presidência, Moreira Franco, Geddel e o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE). Ontem, Geddel afirmou que as negociações com Meirelles esbarraram nos pedidos do banqueiro. "Ele queria disputar as prévias, mas queria garantias que nós não podíamos dar", afirmou o líder. Garantias de FHC Meirelles encontrou garantias no PSDB, ditas pelo próprio presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), candidato à reeleição. Uma das vagas na disputa para o Senado será dele. No PMDB de Goiás, as chances podem ser menores, tanto eleitorais quanto para obter vaga na disputa. O partido ainda é dominado pelos senadores Iris Rezende e Maguito Vilela. Em almoço na quarta-feira passada na casa do deputado Barbosa Neto (PMDB-GO) com Temer e Geddel, os três senadores goianos (Iris, Maguito e Mauro Miranda) deram aval para a entrada de Meirelles no partido. No PFL e no PTB, partidos que também convidaram Meirelles, foi oferecida uma vaga na disputa pelo Senado. FGTS pode voltar neste ano a financiar obras Estados e municípios poderão voltar ainda neste ano a contar com dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para obras de infra-estrutura e saneamento básico. Esses financiamentos estão praticamente suspensos desde julho de 1998, período que coincide com a reta final das últimas eleições presidenciais. Serão R$ 400 milhões disponíveis para empréstimos até dezembro e mais R$ 1,5 bilhão previsto para 2002. Levantamento preliminar da Caixa Econômica Federal (CEF) sobre a capacidade de pagamento do setor público aponta que 40% dos Estados e dos 3.700 municípios pesquisados poderão se candidatar ao crédito. Em números exatos, são 11 governos estaduais, 1.406 prefeituras e 8 companhias estaduais de saneamento. A retomada dos financiamentos coincidirá com o início da corrida eleitoral. Contestação Agente operador do FGTS e braço financeiro do governo nessas operações, a Caixa Econômica Federal contesta qualquer relação entre a retomada dos financiamentos e as eleições. O R$ 1,5 bilhão estimado para 2002, no entanto, será bem-vindo em um ano (de eleições presidenciais) em que o Orçamento da União para investimentos será econômico: R$ 9 bilhões. "Em São Paulo, Minas Gerais e Paraná se concentram os potenciais tomadores dos recursos do FGTS. No Norte, por exemplo, é muito improvável que algum ente público tenha capacidade de tomar um empréstimo", adiantou o superintendente nacional de saneamento e infra-estrutura da CEF, Rogério Tavares. A diretora de créditos da Caixa, Isabel Pereira, afirma que a lista dos Estados e dos municípios não pode ser divulgada por se tratar de informações de "consumo interno" da instituição. Para o superintendente de saneamento da CEF, tecnicamente não se pode dizer que as operações do setor público com o FGTS tenham sido suspensas. "Não foi uma suspensão, porque, de 98 para cá, uma e outra contratações foram feitas", argumentou a diretora da Caixa. Motivos Tavares argumenta que a decisão sobre o momento oportuno para a volta dos financiamento foi tomada levando-se em conta basicamente três fatores. 1) Somente em julho deste ano, com o saneamento dos bancos federais e a reestruturação patrimonial da Caixa, a instituição ganhou condições para voltar a financiar o setor público com vigor. Isso porque a CEF estava impedida de emprestar para Estados e municípios de acordo com as regras em vigor. Essas normas limitam o volume de empréstimos para o setor público a 45% do patrimônio líquido das instituições. E a CEF estava estourada. Com a reestruturação, os créditos saíram da carteira da Caixa, passando para uma empresa recém-criada pelo Tesouro Nacional. A CEF ganhou margem para fazer os empréstimos. "Nesse período, outros bancos podiam emprestar para o setor público com recursos do FGTS. Não o faziam porque consideravam alto o risco de emprestar para Estados e municípios, além dos juros pouco atrativos", justificou. 2) Em julho de 98, a capacidade de Estados e municípios tomarem empréstimos se tornou menor devido a um arrocho nas regras de acesso ao crédito para o setor público. "Uma resolução do Banco Central mudou as normas de contingenciamento, que criou condições mais complexas para o setor público", relatou o superintendente, acrescentando que em 99 começou a ocorrer uma abertura. Aliado a isso, no ano passado começou a vigorar a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal). Embora crie mecanismos que controlam as gestões de maneira mais rígida -proíbe, por exemplo, que os governantes iniciem obras oito meses antes das eleições que não possam ser concluídas até o final do seu mandato-, reduziu o alto risco dos empréstimos para o setor público. "Em julho do ano passado, chegamos a pensar em retomar os financiamentos com uma estratégia diferente: estimular outros bancos a realizar essas operações. Mas o problema passou a ser outro", destacou Tavares. 3) Com a decisão do Supremo Tribunal Federal determinando o pagamento das perdas do FGTS decorrentes dos planos Verão e parte do Collor 1, não havia noção, em um primeiro momento, de como a dívida seria paga. A Caixa decidiu agir com cautela na decisão de retomar os empréstimos porque temia que a conta dos expurgos inflacionários acabasse sendo paga somente com dinheiro do fundo. A fórmula para que não fosse comprometida a saúde do FGTS só foi definida em março deste ano e incluiu uma contribuição das empresas, dos trabalhadores, além do próprio governo. Eleições 98 Encontrar fontes de financiamento para obras em período eleitoral não tem sido um problema para o governo. Em 98, a venda de empresas estaduais foi a saída para bancar boa parte das obras de governadores. Na época, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) calculava que as privatizações tinham rendido aos cofres estaduais mais de R$ 12 bilhões até 97. Para 98, novas vendas geraram mais caixa para os Estados. Do dinheiro arrecadado, os governadores foram obrigados a usar uma parte para abater dívidas. Itamar não diz se continua no PMDB Mesmo encerrado o prazo de filiação partidária, o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, mantém em suspense o seu destino partidário, sem esclarecer se continua filiado ao PMDB ou se assinou a ficha de filiação ao PDT. Além de manter a dúvida, Itamar cobrou do PMDB mineiro reação aos ataques sofridos pela cúpula do partido. Mas os peemedebistas mineiros, liderados pelo vice-governador Newton Cardoso, decidiram baixar a guarda e não revidar. Há indícios de que Itamar decidiu ficar no PMDB para disputar a prévia que a sigla realizará em janeiro, quando será conhecido o candidato do partido à Presidência da República. Filiaram-se ao PMDB anteontem o escudeiro Alexandre Dupeyrat, assessor especial do governador, e o ex-líder do governo Itamar no Legislativo, o deputado estadual Sávio Souza Cruz (ex-PSB). As duas fichas foram abonadas por Itamar. Apesar dos indicativos, os secretários de Itamar e os peemedebistas mineiros -excluídos os escudeiros do governador, que também saíram de cena no fim de semana- não arriscam dizer se ele realmente ficou no PMDB. Nos últimos 30 dias, Itamar ameaçou deixar o partido três vezes. Mesmo derrotado na convenção nacional, há um mês, anunciou que ficaria. Agora, por divergências com a cúpula do PMDB sobre o programa de TV que divulgará a prévia, ele voltou a ameaçar deixar o partido. O PMDB mineiro, cansado das idas e vindas de Itamar, decidiu na sexta-feira colocar panos quentes nas trocas de acusações entre os escudeiros de Itamar e o PMDB governista. No sábado, nota do secretário de Governo, Henrique Hargreaves, cobrou reação do PMDB-MG. "Eu lamento e espero que o PMDB mineiro reaja contra a postura do PMDB nacional. Não é desrespeitando e desprestigiando a pessoa do governador de Minas que irão levantar o PMDB", disse. E atacou: "Os próprios dirigentes, sem a menor cerimônia, dizem que precisam ficar acoplados ao governo federal até dezembro para usufruir de verbas orçamentárias, e o pior é que o presidente da República sabe disso". Segundo Hargreaves, que também filou-se ao partido, o PMDB "necessita com urgência se fazer respeitar". Apesar da nota, Newton e seus seguidores não se manifestaram. Acham que é hora de a discórdia ter um fim. MST e governo voltam a negociar, após 14 dias Após quatorze dias de protestos em Buritis (noroeste de Minas Gerais), o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e o governo federal firmaram uma trégua e voltaram a negociar. Os protestos do MST incluíram a ameaça de cerco à fazenda Córrego da Ponte, que tem como sócios os filhos do presidente Fernando Henrique Cardoso. A retomada do diálogo foi garantida em reunião ocorrida anteontem entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a coordenação nacional do MST, que há dias mantinham impasse. O governo não aceitava negociar com os sem-terra ameaçando invadir a fazenda e os sem-terra só aceitavam deixar o local se o governo negociasse. Pelo acordo firmado, os cerca de 150 integrantes do MST que permaneciam desde sexta-feira acampados a cerca de cinco quilômetros da Córrego da Ponte, em uma área invadida, retornaram na tarde de ontem ao centro de Buritis, distante cerca de 60 km da fazenda dos filhos de FHC. Durante os dois dias de invasão, vários documentos e papéis dos escritórios da área invadida e uma unidade armazenadora de soja foram destruídos pelos sem-terra. Em Buritis, lideranças do MST local realizaram reunião com integrantes do governo liderados pelo chefe de gabinete da presidência do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Bóris Alexander. Na pauta, reivindicações dos sem-terra para renegociação de dívidas, aumento de crédito e aceleração nos processos de assentamentos, entre outras. A reunião não havia terminado até a conclusão desta edição. Metalúrgicos da CUT param montadoras Os metalúrgicos da CUT vão parar hoje, por três horas, as montadoras do ABC e do interior do Estado. A partir de amanhã, a categoria inicia uma greve em setores estratégicos da produção. A paralisação pode afetar também empresas de autopeças, máquinas, forjaria e outros segmentos. A decisão de parar as montadoras foi aprovada ontem em resposta à proposta salarial do Sinfavea (sindicato das montadoras) de repor somente 70% da inflação nos últimos 12 meses. No ABC, 12 mil operários participaram de assembléia, segundo o sindicato da categoria. A Polícia Militar não forneceu números. O Sinfavea não se pronunciou ontem sobre a ameaça de greve. Os metalúrgicos pedem reajuste de 100% da inflação -estimada em 7,76% pelo INPC (Índice de Preços ao Consumidor)-, aumento real e antecipação da data-base de novembro para setembro. "Os pátios das montadoras estão lotados. As vendas despencaram. Não vamos fazer uma greve para favorecer as empresas. Cada momento da economia exige um movimento grevista diferente", disse Luiz Marinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. "Sem proposta melhor, podemos fazer uma greve de 24 horas ainda nesta semana. A produção de veículos neste ano será igual ou melhor a de 2000. Não existe crise nas empresas. Só houve inversão no pico da produção. Em 2000, o primeiro semestre foi pior. Neste ano, o pior é o segundo [semestre"." Dados da Anfavea (associação das montadoras) mostram que, no final de setembro, fábricas e concessionárias acumulavam 202 mil veículos em seus estoques -o suficiente para 59 dias de venda. O vice-presidente da entidade, Ricardo Carvalho, afirmou que a adoção de redução da jornada com diminuição de salário não está descartada. No ABC, Volkswagen, Mercedes-Benz (DaimlerChrysler), Scania e Toyota devem parar hoje em horários alternados. Na Ford (São Bernardo), a paralisação deve ocorrer amanhã porque os trabalhadores estão de licença hoje. "A idéia também é fazer piquetes nas concessionárias para impedir a venda de veículos. Vamos fazer um movimento de longa duração", disse Marinho. Amanhã, o sindicato faz manifestação em Diadema, quando devem parar as autopeças. O setor ainda não fez proposta de reajuste à categoria. Artigos Política de guerra VINICIUS TORRES FREIRE SÃO PAULO - É irrealista acreditar que alguma solução para a desordem política e social nas cercanias do Oriente Médio venha a estar desvinculada do interesse dos EUA, de um conflito em que façam valer seus objetivos e da implementação de um quadro legal e político que enquadre de modo mais ou menos negociado os envolvidos na refrega. Desde que os EUA entraram para valer na política mundial, na guerra de 1914-18, depois de seus exércitos vieram instituições que a longo prazo se mostraram mais ou menos imperiais -Liga das Nações, ONU, Banco Mundial, FMI e Organização Mundial do Comércio. Trata-se de instituições imperiais, mas não só. Reconstruíram e puseram ordem em regiões historicamente conflagradas (Europa e Ásia "japonesa"), decerto de modo a integrar o império da economia dos EUA, Europa e Japão. Crioulos, produtores de matéria-prima e de manufaturas baratas e potenciais campos de manobra soviéticos ficaram em miséria e sob ditaduras do cordão sanitário anticomunista. O lema "bombas e manteiga" (arrasar o Taleban, Laden e dar sopão aos afegãos) pode ser apenas ouro na pílula imperial, além de lembrar um slogan nazista ("canhões e manteiga"). Mas há indícios, tênues, de que talvez EUA e aliados deixem de considerar a região só como um gueto sobre poços de petróleo, policiado por Israel e frotas americanas. Os EUA tentarão amaciar ditaduras que apóiam ou vão adotar apenas o "plano Paquistão" (dão uns trocados e engatilham um canhão na cabeça do ditador)? Os americanos criaram caso com Israel pela primeira vez em 50 anos. Adotaram Putin como sócio menor -o russo viu a chance de "pacificar" sua fronteira islâmica e de aderir à OMC. Parece haver rearranjo geopolítico à vista. A guerra islâmica já dura mais de 20 anos. Teve sua pré-história na Palestina, engrossou na revolução do Irã. A miséria e a opressão que a fermentou são tamanhas que levaram o conflito aos EUA. Apenas bombas contra favelas afegãs, iraquianas e palestinas não vão resolvê-lo. Colunistas PAINEL Nas nuvens Documentos do governo do MS revelam que Zeca do PT gastou R$ 132 mil em cinco viagens em 2000. Acompanhado de assessores, esteve em Brasília, no Rio, em Porto Alegre e em duas cidades do interior. Uma passagem aérea de Campo Grande para o Rio custa R$ 571 na Varig. Custo da agenda Em média, Zeca do PT gastou R$ 26,4 mil em cada viagem. Em Brasília, o governador foi recebido em audiência por dois ministros. No Rio, esteve com Benedita da Silva. A viagem a Porto Alegre foi motivada pelo Fórum Social Mundial. No interior, lançou obras e entregou lotes. Segundo round ACM disse a aliados que a escolha do cargo que disputará na eleição do ano que vem dependerá da opção de seu inimigo Jader Barbalho (PMDB): "Se Jader for para o Senado, também irei. Quero continuar minha briga com ele", provocou o baiano. Saltando fora Pivô do rompimento de Leonel Brizola (PDT) e Ciro Gomes (PPS), Antonio Britto disse ao PPS que não pretende disputar o governo do Rio Grande do Sul na eleição de 2002. O ex-governador prefere concorrer à Câmara dos Deputados. Mas o partido vai insistir. Time escalado Se Britto realmente não disputar o governo gaúcho, o PPS deve apoiar a candidatura do deputado estadual Sérgio Zambiasi (PTB) à sucessão de Olívio Dutra (PT). O senador José Fogaça (ex-PMDB), que acabou de entrar no PPS, deve completar a chapa concorrendo à reeleição. Família dividida O PDT poderá rachar se Leonel Brizola lançar um candidato próprio do PDT à Presidência. Miro Teixeira, líder da bancada do PDT na Câmara dos Deputados, ameaça levar à convenção do partido a proposta de apoiar Lula na eleição presidencial. Sob medida Paulo Renato (PSDB-SP) mandou fabricar carteirinhas para guardar os cartões do programa Bolsa-Escola. O ministro da Educação quer usar o brinde como santinho na campanha eleitoral do ano que vem. Em busca de apoio Geraldo Alckmin só pretende anunciar publicamente seu apoio à candidatura José Serra se o Tribunal Superior Eleitoral responder que ele poderá disputar o governo de São Paulo. Em nome do pai A cúpula do PSDB diz não estar preocupada com o desempenho de Roseana Sarney (PFL) nas pesquisas para a Presidência. Acha que é uma bolha que estoura logo. Assim que adversários começarem a falar da inflação do governo José Sarney. Dedo tucano O senador Paulo Hartung rebate a insinuação de que FHC influenciou na sua mudança do PPS para o PSB: "É um ressentimento infantil de um deputado tagarela do PPS. Se fosse atender ao Planalto, teria acertado a volta ao PSDB e não teria assinado a CPI da Corrupção". De olho em Minas O PT comemorou a permanência de Itamar Franco no PMDB. Por dois motivos: aposta que o partido impedirá sua candidatura a presidente e acredita que o governador acabará apoiando Lula em 2002. Prato indigesto De um ministro tucano, ironizando a aproximação de Lula com a Igreja Universal: "Lula tem de engolir Edir Macedo como parte de seu visual light. Mas com uma dieta dessa ele vai acabar com uma indigestão!". Inimigo dividido Jader poderá se beneficiar da divisão do PSDB paraense. Há três pré-candidatos à sucessão de Almir Gabriel. O preferido do governador é o secretário Simão Jatene. Mas o prefeito de Ananindeua, Manuel Pioneiro, e o vice-governador, Hildegardo Nunes, também querem a vaga. TIROTEIO Do ex-prefeito de SP Celso Pitta, sobre Marta Suplicy não estar investindo o exigido por lei na educação (30% dos recursos próprios do Orçamento): - O PT está sendo obrigado a morder a língua. CONTRAPONTO Nostalgia comunista Ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro da Previdência no governo FHC, Antônio Britto decidiu há duas semanas trocar o PMDB pelo PPS de Ciro Gomes. A decisão surpreendeu os políticos do Estado, pois Britto sempre foi do PMDB. No dia que anunciou sua disposição de mudar de partido, Britto foi visitar o presidente do PPS gaúcho, Arnóbio Mullit. Antigo militante do PCB, partido que deu origem ao PPS, Mullit tem sua sala decorada com pôsteres de Marx e Lenin. Assim que entrou no escritório, Britto deu de cara com a foto de Lenin. Surpreso, perguntou para um assessor: - Aquele cara do cartaz é mesmo o Lenin? - Pior que é, governador -respondeu o assessor. Britto, irônico, comentou: - Tenho ainda muito que caminhar para entender esse meu novo partido! Editorial A RETALIAÇÃO DOS EUA Depois do 11 de setembro, um contra-ataque militar norte-americano se tornou hipótese praticamente certa. Mais. Uma resposta à odiosa façanha que ceifou 6.000 vítimas inocentes em poucos minutos era necessária para deixar claro que o terrorismo não é tolerado sob aspecto nenhum. Primeiro ato expressivo de uma ofensiva multifacetada, o bombardeio ao Afeganistão ainda necessita, porém, de legitimação. Vinte e seis dias se passaram desde que o World Trade Center e o Pentágono foram alvejados por ataques suicidas. E o fato de Washington ter evitado uma reação militar intempestiva foi um sinal positivo. Em vez de dar ouvidos a assessores que pregavam retaliação imediata, o governo George W. Bush optou inteligentemente por uma enorme empreitada diplomática. O resultado foi a tessitura de uma rede de apoio internacional sem precedentes. O passar do tempo e a costura de alianças foram fundamentais para que ganhassem mais elementos as investigações sobre os perpetradores dos atentados, para que diversos serviços de inteligência trocassem informações e para que fosse levada em conta a opinião pública nos países desenvolvidos -reticente em relação a uma grande campanha militar, à exceção da dos EUA. Tudo isso contribuiu para impor certas condições à ação militar norte-americana. Para legitimar-se na teia de apoio internacional que conquistou, Washington deveria convencer seus aliados de que combatia grupos terroristas implicados nos atentados, empreender outras ações de cunho político no Oriente Médio e na Ásia e evitar mais um banho de sangue na população civil. A primeira condição os EUA satisfizeram de modo oblíquo. Mostraram as supostas provas que implicam a Al Qaeda apenas a autoridades de países e organizações aliados. Em relação ao segundo ponto, a política externa americana sofreu notória inflexão. São exemplos a atuação mais efetiva no apaziguamento do conflito israelo-palestino e o envio de ajuda humanitária aos refugiados afegãos. É o terceiro elemento, o da necessidade de evitar a perda de vidas inocentes, que vai ter de passar pelo crivo internacional. É cedo para saber se apenas alvos de milicianos foram atingidos. E as características desse conflito tornam a obtenção de informações isentas ao menos tão dificultosa quanto foi na Guerra do Golfo. É hora, portanto, de a Organização das Nações Unidas tomar papel ativo no episódio. Ela é a instância multilateral por excelência, capaz de conferir o maior grau de legitimidade às ações de EUA e aliados e de condenar atos eventualmente abusivos. Topo da página

10/08/2001


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