EX-AUDITOR DO BC APONTA FRAUDES NA.ADMINISTRAÇÃO DE ESPÓLIO DE WASHINGTON NOMINATO
O ex-auditor do Banco Central (BC), Antônio José Heitor, em depoimento nesta terça-feira (dia 8) à Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga irregularidades no Poder Judiciário apontou fraudes e falsificação de documentos na administração da herança deixada pelo proprietário do Consórcio Itapemirim, Washington Nominato, a seu filho Luiz Gustavo. O depoente foi o relator de comissão de inquérito do BC que investigou as causas da liquidação do Consórcio, em 1992, depois de quatro anos sob a administração da Vara de Órfãos e Sucessões, de responsabilidade do juiz Asdrúbal Vasquez Cruxên.Para o depoente, a irregularidade mais notável que encontrou no processo foi o fato de o juiz ter aceitado documentos "espúrios, sem nenhum valor, como a pretensa apuração de haveres, eivada de erros". Segundo ele, a documentação que apontava dívidas do Consórcio, em que o juiz se baseou par autorizar a venda dos ativos do grupo de Nominato para cobrir os débitos, não resistia a uma análise superficial.As conclusões de José Heitor coincidem com o laudo do perito João Ávila e com os resultados de inquérito do Ministério Público ratificando que os documentos contábeis constantes do processo têm origem duvidosa.- O juiz e seu triunvirato estavam certos da impunidade. Não tinham que dar explicações a ninguém porque se diziam amparados por decisão judicial. Eles vendiam o ativo e colocavam o passivo nas costas do garoto, no Consórcio, que era uma empresa rentável e saudável - disse o depoente, que tentou por diversas vezes, sem sucesso, obter informações junto à Vara de Órfãos e Sucessões.Entre as fraudes na contabilidade do Consórcio Itapemirim, José Heitor listou: despesas alheias ao Consórcio como viagens ao exterior dos administradores judiciais e pagamento de confraternizações "regadas a uísque" foram incluídas na contabilidade; depósitos vultosos eram feitas na conta de um dos administradores para, mais tarde, prestar contas; despesas com impostos que faziam parte do espólio foram lançadas na contabilidade do Consórcio, pagamento ilegal de honorários foram feitos aos administradores, que já recebiam por meio da Justiça, venda de uma das empresas do grupo a um ex-sócio de Nominato por Cr$ 2 mil. Essa mesma empresa mais tarde lançou fatura de Cr$ 2 milhões sobre o Consórcio, retiradas foram feitas em nome de Nominato mesmo depois de sua morte, uma locadora de veículos, empresa do grupo de Nominato, foi vendida por Cr$ 75 milhões, mas apenas Cr$ 4 milhões entraram no Consórcio, em uma conta gerenciada pelo juiz. adiantamentos feitos a administradores eram devolvidos tempos depois, sem qualquer rendimento, apesar de realizados em épocas de "inflação galopante",Sobre o episódio da venda do Consórcio, o ex-auditor do BC narrou que os administradores judiciais, temerosos de ações movidas por pessoas na Bahia e em Minas Gerais e prevendo a liquidação da empresa, calcularam o passivo em Cr$ 116 milhões e fizeram com que o comprador assumisse os passivos e eximiu os administradores e o juiz de qualquer responsabilidade. Além disso, foram pagos Cr$ 20 milhões, a título de intermediação da venda, a Maria das Graças Martins Leão, que participou da administração da herança de Nominato.Segundo José Heitor, uma das pessoas que assinaram laudos contábeis atestando débitos do Consórcio, Nelmo Lincoln não era habilitado para elaborar tais documentos. Por isso, continuou, as informações em que o juiz Asdrúbal Cruxên se baseou para autorizar a venda dos ativos são falsas.- Chega a ser triste - disse José Heitor.
08/06/1999
Agência Senado
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