Ex-dirigente do Flamengo diz que dinheiro para compra de jogadores não passava pelo caixa do clube
Caravello disse ter participado pouco da elaboração do contrato com a ISL, mas revelou que todos os negócios relativos ao direito de marca e propriedade do clube eram acompanhados por um "conselhinho", organismo criado por delegação do conselho deliberativo. Segundo o presidente da CPI, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), o valor atual da dívida do Flamengo, sem contar os débitos incluídos no contrato com a ISL, situam-se em R$ 144 milhões. Em 2000, revelou Dias, a empresa suíça só cobriu US$ 14 milhões das dívidas do clube.
Apesar do contrato milionário de venda de imagem firmado com a ISL, segundo o relator da CPI, senador Geraldo Althoff (PFL-SC), o Flamengo fechou o exercício passado com o patrimônio líquido negativo em R$ 106 milhões. Diante desse resultado, o próprio conselho fiscal do clube emitiu parecer, rejeitando o balanço e a prestação de contas de 2000, alegando as seguintes irregularidades: divergência de valores entre o balanço patrimonial e o balancete de verificação, ausência de documentos fundamentais à fiscalização, má utilização de recursos e não adequação das contas ao orçamento aprovado pelo conselho de administração do clube.
O ex-vice-presidente de finanças preferiu não comentar a decisão do presidente do clube, Edmundo Santos Silva, de impedir na Justiça a quebra do sigilo bancário e fiscal do Flamengo. O depoente negou que o Flamengo desse preferência a algum empresário nos negócios de compra, venda e agenciamento de jogadores, mas admitiu que Léo Rabelo era um dos agentes que avaliavam o valor de mercado do passe dos atletas do clube.
O depoimento da contadora do Flamengo, Maria Ângela Alves Luz, foi tomado em sessão secreta. Ao ser questionada por Althoff sobre se teria sido vítima de constrangimento ou ameaça por ter sido convocada a depor na CPI, Maria Ângela preferiu silenciar em público.
05/04/2001
Agência Senado
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