Ex-segurança de Demóstenes Torres obtém direito de permanecer em silêncio na CPI



Convocado para depor na CPI mista que investiga as relações de Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados, Hillner Braga Ananias obteve, nesta terça-feira (14), no Supremo Tribunal Federal (STF) decisão liminar em habeas corpus para garantir o direito ao silêncio. Hillner foi segurança do ex-senador Demóstenes Torres, que perdeu o mandato em julho por quebra de decoro parlamentar, sob a acusação de envolvimento com o grupo de Cachoeira.

Com a decisão, além de manter-se calado, Hillner não será obrigado a assinar temo de compromisso de dizer a verdade. Ele terá direito de se comunicar, livremente e em particular, com seu advogado.

Autor do requerimento de convocação, o senador Pedro Taques (PDT-MT) argumentou que Hillner assessorou Demóstenes durante quase sete anos e, por ter mantido convivência próxima com o então senador, poderia prestar esclarecimentos relevantes à comissão. Hillner Ananias teve o nome citado em ligações captadas pela Polícia Federal durante as investigações da Operação Monte Carlo, que resultou na prisão de Cachoeira, em fevereiro.

Edvaldo Cardoso de Paula, ex-presidente do Departamento de Trânsito de Goiás (Detran) também convocado para depor nesta quarta-feira, obteve decisão favorável a um pedido de habeas corpus, mas em segredo de justiça. O conteúdo de seu pedido não foi divulgado, mas especula-se que seja semelhante ao de Hillner.

Em entrevista nesta tarde, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), minimizou o fato de tantos depoentes, como o próprio Carlinhos Cachoeira e sua mulher, Andressa Mendonça, além de outros, manterem-se em silêncio. Para ele, as provas técnicas têm um peso maior que os depoimentos à comissão.

- Essa CPI é diferente. Os depoimentos não têm tanta valia quanto tem a prova técnica que os assessores e os parlamentares podem estudar lá embaixo na sala cofre. A prova técnica tem um peso talvez superior 80% ao da prova testemunhal, a prova do depoimento.

Rosely Pantoja, outra depoente agendada para esta quarta-feira, não impetrou habeas corpus no Supremo. Ela é sócia da Alberto & Pantoja Construções, empresa tida pela Polícia Federal como integrante do esquema criminoso. O depoimento do delegado aposentado da Polícia Civil e ex-corregedor-geral da Secretaria de Segurança Pública de Goiás Aredes Correia Pires, que teria recebido um dos aparelhos de rádio Nextel distribuídos pelo grupo na tentativa de evitar grampos, foi adiado para a próxima semana.



14/08/2012

Agência Senado


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