Fábio Koff diz que CBF não quer reconhecer a Liga de Futebol



O presidente da Liga Brasileira de Futebol Profissional, Fábio Koff, disse que a entidade está enfrentando uma "resistência terrível" para conseguir seu reconhecimento junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Durante audiência pública da Subcomissão do Esporte realizada nesta terça-feira (7), ele explicou que o problema é político, já que nem a atual direção da CBF nem as federações querem aceitar a liga.

Fábio Koff informou que a liga foi protocolada junto à CBF no dia 26 de março, no mesmo dia em que seus estatutos foram registrados em cartório. No dia 8 de abril, segundo disse, as federações se reuniram com a CBF em uma assembléia-geral e, "exorbitando de sua competência, baixaram uma resolução praticamente vedando o registro das ligas".

- Eles não proibiram explicitamente, mas criaram obstáculos para que as ligas pudessem atingir seus objetivos e organizar competições - explicou Fábio Koff.

Outro participante da audiência pública, o presidente do conselho deliberativo do Clube Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, disse que a CPI do Futebol promovida pelo Senado criou o momento histórico para a implantação das ligas. Ele afirmou que, depois dos fatos apurados contra o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, pela comissão parlamentar de inquérito, Teixeira "tornou-se refém das federações estaduais de futebol". A decisão de não reconhecer as ligas, segundo ele, foi uma imposição das federações.

O presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras, Mustafá Contursi, disse que as federações têm sido o maior entrave para a "nova ordem" que se deseja implantar no futebol brasileiro. Para ele, a criação das ligas representa um avanço para o esporte.

- As ligas regionais tiram dos clubes esses grilhões impostos pelas federações estaduais de futebol - afirmou.

Na parte da audiência pública reservada para o debate dos convidados com os membros da subcomissão, o senador Lindberg Cury (PFL-DF) perguntou qual seria a diferença entre a administração do futebol pela CBF ou por uma liga. Como exemplo, Fábio Koff lembrou que, quando a CBF organizava o campeonato brasileiro, a Rede Globo pagava R$ 10,8 milhões pela competição, valor que passou para US$ 50 milhões no primeiro ano em que o comando passou para o Clube dos 13, chegando hoje a US$ 80 milhões.

O senador Álvaro Dias (PDT-PR) sugeriu que os clubes passem a organizar os campeonatos, independente da vontade da CBF. Mustafá Contursi declarou que não falta, por parte dos clubes, vontade para promover as mudanças, mas que eles estão tolhidos. O presidente da subcomissão, senador Geraldo Althoff (PFL-SC), informou que na última reunião do grupo de trabalho especial do Ministério do Esporte e Turismo, do qual faz parte, foi aprovada moção no sentido de agilizar os procedimentos referentes ao processo disciplinar na Justiça Desportiva.

Por sua vez, o senador Geraldo Cândido (PT-RJ) pediu aos convidados uma avaliação sobre a posição dos clubes do Rio de Janeiro de se retirarem da Liga Brasileira. Os três foram unânimes em considerar a decisão um erro, dizendo acreditar que os clubes voltarão atrás. O senador Chico Sartori (PSDB-RO) defendeu a não convocação para a Seleção Brasileira de jogadores que não souberem cantar o Hino Nacional. Koff revelou que, pelo que conhece do técnico Luiz Felipe Scolari, todos cantarão o hino durante a Copa do Mundo.

Presidente da Federação de Futebol do Tocantins, o senador Leomar Quintanilha (PFL-TO) recebeu o apoio dos convidados ao afirmar que a obrigatoriedade de todos os clubes brasileiros se transformarem em empresa poderá inviabilizar o futebol no país. Os senadores Gilvan Borges (PMDB-AP) e Romeu Tuma (PFL-SP) manifestaram todo o interesse em recolher sugestões dos convidados que possam contribuir para que o futebol brasileiro possa novamente brilhar no cenário internacional.



07/05/2002

Agência Senado


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