Familiares de vítimas de acidente com avião da Gol pedem apuração de sumiço de pertences
Em depoimento na reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo desta terça-feira (14), a presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do Vôo 1907 da Gol, Angelita Marchi, apresentou relatos de diversos casos de sumiço de pertences de pessoas que morreram no acidente ocorrido em setembro de 2006 e pediu a "apuração do desaparecimento dos objetos e a punição dos responsáveis".
Angelita Marchi deseja também que os familiares sejam ajudados a resolver os problemas burocráticos surgidos com o uso indevido dos documentos das vítimas para realizar compras e empréstimos. A associação, como informou Angelita, tem como associados mais de 80 familiares de 40 vítimas. Em 29 de setembro de 2006, o vôo 1907 da Gol bateu em um jatinho pilotado por dois norte-americanos que viajavam na altitude errada. O Boeing da Gol, que voava de Manaus para Brasília, caiu em uma fazenda em Mato Grosso, deixando 154 mortos.
Entre os problemas ocorridos, a presidente da associação afirmou que diversas carteiras de vítimas do acidente foram devolvidas aos familiares sem documentos pessoais importantes, como identidade e CPF, além de cartões de banco e de crédito e cheques. No entanto, como ressaltou, carteiras de associações e papéis e documentos sem valor financeiro, como título de eleitor, foram devolvidos aos familiares.
Entre os casos citados, a presidente da associação dos familiares referiu-se a uma bolsa de uma vítima que foi entregue aos parentes em perfeito estado, mas sem a máquina fotográfica que deveria estar dentro dela. Angelita Marchi também informou que foi feito um crediário nas Lojas Riachuelo, em nome de uma das vítimas, 65 dias após sua morte.
A presidente da associação relatou ainda com detalhes o caso do marido de uma das vítimas que recebeu uma ligação do celular da mulher que havia morrido dez dias antes. Angelita Marchi contou que uma pessoa que conserta celulares no Rio de Janeiro fez a ligação e informou que tinha recebido o aparelho, com o vidro trincado, e que tinha ouvido a pessoa que contratou o serviço dizer que se tratava de um celular resgatado do acidente da Gol, dado a ela por uma pessoa da Aeronáutica.
Angelita Marchi leu carta aberta à sociedade afirmando que o Estado brasileiro está despreparado para prestar assistência às famílias das vítimas e criticando especialmente declarações da diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu. Na carta, os parentes das vítimas também lamentam a distribuição "sem autorização" de fotos e vídeos da operação de resgate dos corpos e pedem ainda a punição de quem divulgou os vídeos no site You Tube.
Na carta, também foi solicitado que "a Justiça brasileira traga para o Brasil os pilotos norte-americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, que pilotavam o jatinho Legacy, para responder ao processo". O principal objetivo da associação, afirmou Angelita Marchi, é impedir que novas tragédias se repitam e, para isso, os familiares das vítimas "se impuseram a missão de mobilizar a sociedade em busca de mais segurança no tráfego aéreo".
A mãe de uma vítima, Ana Maria Spínola, pediu à CPI para depor e agradeceu o trabalho da Aeronáutica, afirmando que essa Força Armada foi "o único órgão que sempre esteve presente dando informações às famílias das vítimas". Ela disse entender a dificuldade que foi fazer o resgate na selva, em um local inóspito.
- Tenho que tirar o chapéu para um trabalho bem feito. Agradeço o trabalho do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) - afirmou.
Brigadeiro relata dificuldades do resgate das vítimas do vôo 1907 da Gol
14/08/2007
Agência Senado
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