Fernandinho Beira-Mar nega envolvimento com empresário e deputado estadual mineiro



O traficante de drogas Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, negou que tenha negócios com o deputado estadual Arlen Santiago (PTB-MG) e com seu irmão, o empresário Paulo César Santiago. Fernandinho Beira-Mar foi acareado, nesta quarta-feira (dia 27), com o assaltante Sálvio Vilar, também conhecido como Laércio, na reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Congresso que investiga o roubo de cargas.

Com o braço direito imobilizado - foi atingido por um tiro de alto calibre, durante sua captura - , Beira-Mar compareceu à CPI com uma escolta de 25 homens da Polícia Federal e do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar. Além disso, 20 seguranças do Senado participaram do esquema montado para evitar qualquer tentativa de fuga. O traficante foi questionado por duas horas e meia, sendo colocado frente a frente com Sálvio, que denunciou ligações suas no estado de Minas Gerais.

Segundo Sálvio, Beira-Mar trocava carga roubada por drogas, e compareceu a uma festa no parque de exposições da cidade de Montes Claros (MG), juntamente com o deputado Arlen e seu irmão, Paulo César, que seria um dos principais colaboradores do traficante. Em resposta, Fernandinho Beira-Mar chamou Sálvio de "maluco" e "alcagüete".

- Alguém deve estar usando você para incriminar o deputado - disse Beira-Mar, negando veementemente ter qualquer contato com Arlen ou Paulo César.

Sálvio, porém, manteve seu depoimento, e afirmou ter conhecido Fernandinho Beira-Mar no Rio de Janeiro. Dizendo ter sido membro do Comando Vermelho, ele acusou o traficante de matar vários outros integrantes do crime organizado, visando obter o máximo de controle da distribuição de drogas.

Beira-Mar sorriu várias vezes durante a acareação e os questionamentos dos parlamentares, negando que venda armas ou que tenha assassinado seus inimigos. Ele afirmou que a imprensa o transformou em um mito, e que nunca foi o maior traficante do país. Indagado pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP), presidente da CPI, Beira-Mar confirmou ter ficado escondido em área sob o controle da guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), naquele país.

Queixando-se de dores no braço, ele se recusou a responder a várias perguntas dos deputados Robson Tuma (PFL-SP), Moroni Torgan (PFL-CE) e Pompeo de Souza (PDT-RS), sendo depois liberado para receber cuidados médicos. Os deputados entregaram ao relator, deputado Oscar Andrade (PFL-RO), uma série de documentos que incriminam o traficante. O deputado Cabo Júlio (PL-MG) obteve prova de que Sálvio esteve em Montes Claros, conforme disse em seu depoimento.

O senador Romeu Tuma afirmou que a CPI do Roubo de Cargas continuará trabalhando durante o recesso. Tuma anunciou ainda a convocação de Paulo César Santiago e de um de seus empregados, o Pinduca, antes tido como morto.

27/06/2001

Agência Senado


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