FERNANDO BEZERRA CONSIDERA PRIORITÁRIA A REFORMA TRIBUTÁRIA



Referindo-se a entrevista do presidente da República publicada domingo no jornal O Estado de S.Paulo, o senador Fernando Bezerra (PMDB-RN) lamentou nesta quarta-feira (dia 17) que o governo não considere mais prioritária a reforma tributária, em sua opinião, uma matéria que não pode ser procrastinada. Para o senador, um dos mais graves componentes do que se convencionou chamar de custo Brasil é a estrutura tributária nacional. - Me preocupa que o presidente da República tenha mudado o rumo das prioridades estabelecidas tantas e tantas vezes à sociedade brasileira e aos empresários deste país, que era a reforma tributária. A prioridade agora não é mais a reforma tributária, mas a reforma política - lastimou o parlamentar. Em sua análise, Bezerra disse que, se o modelo político vigente no Brasil não é o melhor, também é verdade que as instituições estão funcionando plenamente neste país. Mas, para ele, a estrutura tributária atual conduz ao desemprego, tira toda a capacidade competitiva do produto nacional no exterior e reduz a capacidade de competição interna, nesse contexto de uma economia globalizada.O parlamentar disse ter acreditado, durante anos, que era decisão do governo fazer a reforma tributária. Ele insistiu em que os empresários brasileiros querem essa reforma sobretudo para conseguir isonomia com seus concorrentes, ou seja, para ampliar seu "poder de competir lá fora e de gerar emprego e renda aqui dentro". Fernando Bezerra sublinhou que isso só será possível removendo-se os obstáculos do chamado custo Brasil. Ele explicou que a estrutura tributária nacional tem impostos cumulativos e tributos em cascata, numa burocracia que induz muitas vezes à informalidade e à sonegação. "Sem tirar a importância que tem a reforma política, é necessário que se faça a reforma tributária. E o setor produtivo brasileiro não está preocupado em reduzir carga tributária, mas em ter condições de competição", informou ele.Referindo-se às dificuldades enfrentadas no momento pelo Brasil, o parlamentar disse desconhecer um só país que tenha votado uma reforma tributária num clima de tranqüilidade na política e na economia. "Politicamente, vamos bem, mas ficaremos mal se não voltarmos a gerar emprego e renda nesse país", avisou. Para ele, foi uma feliz iniciativa a decisão do PMDB definir que reforma tributária é uma de suas bandeiras de luta. Em seu discurso, o senador também manifestou-se contra a reindexação na economia, alegando que ela significaria a destruição completa de um plano econômico que, se "não foi exitoso, tem aspectos extremamente positivos". Para ele, reindexar a economia agora seria destrui-la e levar o Brasil a um passado que ninguém quer de volta.

17/03/1999

Agência Senado


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