FHC aumenta sua hegemonia no PMDB



FHC aumenta sua hegemonia no PMDB A vitória da ala governista do PMDB na convenção nacional da sigla vai consolidar a hegemonia que o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) já mantinha dentro do partido. O sucesso de FHC será completo se o governador de Minas, Itamar Franco, deixar o PMDB, o que parece ainda incerto a esta altura. O governador tende a permanecer na sigla e só deve anunciar sua decisão no final do mês. FHC estaria em posição mais cômoda se Itamar saísse do PMDB. Isso reduziria o poder de chantagem da direção peemedebista na hora de negociar sua permanência -ou não- na coalizão governista em 2002. Sem um candidato a presidente viável, o PMDB ficaria quase sem opção. Estaria compelido a apoiar um nome de FHC. Na avaliação do Palácio do Planalto, a chance de colocar um candidato governista no segundo turno presidencial no ano que vem passa pela manutenção de uma ampla aliança de partidos, incluindo pelo menos PSDB, PFL, PMDB, PPB e PTB. Mesmo com a indefinição de Itamar, a vitória governista no PMDB deve manter reforçado no poder do partido o grupo detentor de três ministérios no governo FHC, dezenas de cargos e o controle da liberação de verbas dessas áreas. Embora o discurso oficial do PMDB seja pela candidatura própria à Presidência da República em 2002, essa hipótese só é veiculada para fortalecer a legenda na hora da negociação eleitoral do ano que vem. Se o governo FHC continuar com popularidade muito baixa e sem candidato viável eleitoralmente para presidente da República, o PMDB deve de fato tentar a sorte com um nome próprio na disputa pelo Planalto. Mas a direção peemedebista acredita que ainda seja muito cedo para saber qual será o cenário de 2002. É por essa razão que a maioria dos dirigentes do PMDB até prefere e torce pela permanência de Itamar Franco na sigla. "Ele é um de nossos pré-candidatos a presidente. Se sair, perdemos força", diz o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha. "Agora, passada a convenção, temos de juntar os cacos e fazer a unidade do partido", diz o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL). A estratégia dos governistas do PMDB é clara. Consiste de três itens: 1) dominar cada vez mais o partido, eliminando os descontentes; 2) fazer uma bancada grande, com pelo menos cem deputados federais no ano que vem; 3) para obter os dois itens anteriores, escolher qual será a melhor opção na eleição presidencial de 2002 (ter candidato próprio ou apoiar o nome de FHC). Hoje, a legenda perdeu um pouco a dianteira que teve até a metade deste ano na disputa para apontar o eventual candidato a vice-presidente numa chapa presidencial encabeçada pelo PSDB. Essa posição agora pertence ao PFL, que tem insuflado o nome da governadora do Maranhão, Roseana Sarney. Para suplantar o PFL, o PMDB necessita de um nome forte na hora da negociação. Esse nome, por enquanto, é o de Itamar Franco. Se forem mesmo realizadas as prévias para a escolha do candidato peemedebista ao Planalto, o partido terá então mais cacife na hora de negociar com FHC, ficando em pé de igualdade ou até à frente do PFL. Itamar sinaliza que deve ficar no PMDB Mesmo com a derrota de seu grupo na convenção, o governador de Minas, Itamar Franco, deu sinais de que poderá permanecer no PMDB para disputar a prévia que indicará o candidato do partido à sucessão presidencial. Os indícios foram dados pelos itamaristas mais próximos do governador mineiro, já que ele não deu declarações durante a uma hora e três minutos em que permaneceu no local da disputa. A maior demonstração disso veio depois da chegada de Itamar a Minas, quando o governador cancelou encontro que teria hoje com Leonel Brizola, presidente nacional do PDT. Brizola tenta levá-lo para o seu partido. Mas os itamaristas não se arriscaram a dizer quando seria o dia do "fico". "Se não ganharmos aqui, vamos às prévias", disse antes do resultado da convenção o deputado federal Hélio Costa. À tarde, Costa e o vice-governador de Minas, Newton Cardoso, contabilizavam no mínimo 35% de votos para a chapa do senador Maguito Vilela. Era com base nesse número que os dois cogitavam a permanência de Itamar. O secretário de Governo de Minas, Henrique Hargreaves, um dos principais articuladores de Itamar, não quis antecipar a decisão do governador, mas afirmou que Itamar ficou "satisfeito com a receptividade" que teve. Para quem temia ser hostilizado, como aconteceu em 1998, o fato de o governador mineiro quase não ter sido vaiado em sua chegada simbolizou uma espécie de vitória na derrota. A claque itamarista o recebeu com gritos de "Itamar, guerreiro do povo brasileiro". Poucas vaias foram ouvidas. Quando Itamar chegou à convenção, discursava o candidato situacionista. Temer interrompeu sua fala para recepcionar o governador. Quando voltou a falar, foi logo defendendo a prévia e o seu apoio ao vencedor. Dirigindo-se a Itamar, Temer disse: "O PMDB terá candidato a presidente da República. Pode ser o senhor ou o senador Pedro Simon. Aquele que vencer terá o nosso apoio". A fala foi, para Hargreaves, um comprometimento público. "Temer se comprometeu, ficou difícil para ele. Como vai voltar atrás?" Itamar entrou e saiu mudo. Emitiu apenas duas frases já no aeroporto, quando voltava para Minas, depois de votar. "No furor dos acontecimentos, nem sequer general em guerra fala", disse. Questionado se ficaria no partido, declarou: "Calma, calma, calma!". A estratégia de Itamar de não discursar na convenção foi para evitar bater de frente com os governistas, já que o que ele teria a dizer não agradaria aos defensores de Temer. Mas o vice de Itamar não poupou os governistas. Disse que o partido estava "dividido entre os que querem Itamar presidente e os que querem ser capachos do Palácio do Planalto". Invocando a imagem da Santa Ceia, Newton disse: "Não dá para olhar para aquela imagem e ver o Judas com dinheiro na mão". Encontro O resultado da convenção e, principalmente, a aprovação de uma moção recomendando o rompimento com o governo e chamando FHC de "traidor do PMDB", deixaram itamaristas satisfeitos e levaram o governador a cancelar o encontro com Brizola. Segundo Alexandre Dupeyrat, assessor político de Itamar, a moção é "mais importante do que o resultado" e marca a postura do partido. Diante disso, Dupeyrat afirmou que a tendência de Itamar é permanecer no PMDB até as prévias. O resultado levou o assessor a dizer que o encontro de hoje com Brizola "nunca foi marcado", apesar de o próprio Itamar tê-lo citado e de a reunião estar em sua agenda oficial. Ao chegar a Minas, Hargreaves declarou que a disputa nas prévias será mais fácil porque "todos os convencionais votaram pela candidatura própria e, além disso, nem todos que votaram em Michel Temer são contra Itamar". Crescem chances de candidatura própria Apesar de haver chance de aliança do PMDB em 2002 com um candidato a presidente do PSDB, cresceu a possibilidade de o partido disputar o Palácio do Planalto com nome próprio a fim de priorizar o projeto de eleger fortes bancadas parlamentares. Na convenção de ontem, foi de 79% o apoio à candidatura própria à Presidência -542 de 686 votos defenderam essa tese. Os votos brancos somaram 117. Os contrários, 17. Houve 9 abstenções e 1 opção nula. "Sem candidato próprio, o PMDB perderá força congressual. Estamos preocupados com a disputa pelo Planalto, mas as presidências da Câmara e do Senado mais os governos estaduais serão fundamentais para a sobrevivência do partido", disse Michel Temer, novo presidente da sigla. Temer deu início a um descolamento de FHC. No clima da convenção, afirmou que "o PMDB deverá se afastar do governo [sair dos cargos" em janeiro, quando escolher o candidato a presidente na prévia". Mas, a depender do quadro político, o partido definirá se compõe com os tucanos ou se lança seu projeto presidencial. O objetivo imediato do PMDB será testar o potencial de um candidato com um discurso entre o do PT e o do governo. O senador Pedro Simon (RS) e o governador Jarbas Vasconcelos (PE) serão os nomes insuflados pelo partido. Até Itamar Franco, governador de Minas e derrotado na convenção, poderá ser o postulante. A interlocutores, FHC tem dito que já conta com a possibilidade de o PMDB não dar apoio a um candidato da aliança. Como está preocupado em terminar bem o mandato, deverá aceitar a continuidade da relação dúbia com a sigla. FHC precisa do PMDB para aprovar projetos no Congresso. E o PMDB quer executar o Orçamento de seus três ministérios. Os governadores da sigla também querem verbas federais. A jogada do PMDB é medir se terá cacife para tomar o lugar do PFL na aliança com o PSDB. Se der certo a aposta Jarbas, o governador compensaria no Nordeste o efeito Roseana Sarney (PFL-MA), governadora que obteve de 13% a 15% de intenções de voto em pesquisas. O líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), marcou reunião nesta semana com Jarbas. Quer incentivá-lo a se lançar a presidente. Jarbas é um dos maiores defensores de uma aliança com o presidenciável José Serra, ministro da Saúde. Em conversas reservadas, admite ser vice do tucano. Para Temer, Jader não deve retomar o cargo O primeiro movimento público da cúpula do PMDB para que o peemedebista Jader Barbalho (PA) renuncie à presidência do Senado foi feito ontem. O novo presidente do partido, Michel Temer (SP), defendeu que Jader, que não compareceu à convenção do partido, não reassuma o posto no dia 17, como tem prometido. "É melhor que ele se defenda fora do cargo. Se reassumir, haverá uma carga maior contra ele", afirmou. A renúncia de Jader é a primeira missão do provável novo presidente e do grupo que deve aumentar o controle sobre o PMDB. "Vamos conversar com o Jader [sobre a renúncia". Sabemos que a decisão cabe a ele. O partido não tem nem como forçá-lo a renunciar", disse Temer. A operação tem o apoio do presidente FHC. A avaliação de dirigentes peemedebistas e do Planalto, que deu apoio decisivo à eleição de Jader para a presidência, é que o caso é uma fonte de desgaste eleitoral para o partido e para o governo. Para peemedebistas e FHC, a volta à presidência será interpretada como uma provocação à opinião pública e aos senadores. Avaliam que ele teria mais chance de se defender fora do cargo. PFL e oposição jogam pela cassação. Jader resiste à renúncia pelo temor de que o gesto o enfraqueça. Quando se licenciou, havia um acordo informal de que as acusações contra ele seriam enviadas à Justiça, cujo julgamento é moroso e permitiria a ele encerrar seu mandato na presidência. Mas as acusações foram remetidas ao Conselho de Ética, que julga política e sumariamente. A cúpula do PMDB tem dado sinais de que pode ajudar Jader se não surgir uma prova definitiva contra ele. "Não vamos abandonar o Jader. Essa posição do partido, porém, não significará apoio total. As acusações são pessoais, e é ele que tem de se defender", disse Temer. Ele também prometeu examinar o caso do ex-senador Luiz Estevão (cujo mandato foi cassado). Não falou em expulsão, mas em "discutir o assunto". Caminhão do governo do DF levou material para convenção do PMDB Um caminhão do governo no Distrito Federal transportou no sábado divisórias metálicas utilizadas na convenção nacional do PMDB, que ocorreu ontem no ginásio do colégio Marista, em Brasília. Militantes da candidatura de Maguito Vilela (GO) disseram que o caminhão também teria transportado material de campanha do novo presidente da sigla, Michel Temer (SP), até o ginásio. O governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB), foi um dos articuladores da candidatura de Temer. A reunião que lançou a candidatura foi realizada na casa de Roriz, em julho. Jeferson dos Santos, 22, integrante do PMDB Jovem de Minas Gerais e correligionário de Maguito, fotografou o caminhão Mercedes Benz, de placas JFO-3647, às 14h40 de sábado, em frente ao ginásio. Nas portas do caminhão, havia uma inscrição: "Distrito Federal, uso exclusivo em serviço", um número, "5518", e uma sigla: "SEA". Santos afirmou que o caminhão transportava faixas com propaganda de Temer. Disse que tentou fotografar o material, mas teria sido impedido por correligionários de Temer, que tentaram retirar-lhe a máquina fotográfica. Policiais teriam impedido a agressão e a retirada da máquina. Mais tarde, o filme foi cedido à Folha. Após a confusão em frente ao ginásio, o caminhão foi retirado do local. Ele pertence à frota da Administração do Plano Piloto. Segundo a assessoria de Roriz, o caminhão teria sido contratado pela presidência do PMDB. Maguito, que presidiu o partido até a convenção, disse ontem que a sigla não havia contratado nenhum veículo do governo para o transporte do material. O coordenador da campanha de Temer, Júlio Bonow, afirmou que não contratou o caminhão e que desconhecia a informação sobre o transporte de material de campanha do deputado no veículo. A assessoria da presidência do PMDB informou que as divisórias foram fornecidas pela empresa Acap, contratada pelo partido. O transporte do material seria responsabilidade da empresa. Governo admite uso e diz que vai punir culpados A assessoria de imprensa do governador Joaquim Roriz confirmou ontem que um caminhão do governo foi usado para transportar material para a convenção do PMDB. Informou ainda que o governador determinou a abertura de inquérito para apurar os responsáveis pela utilização irregular do veículo oficial. O assessor André Duda afirmou que o governo foi informado pela presidência do PMDB sobre a contratação de um caminhão da Administração do Plano Piloto. "Se for um funcionário de carreira, será punido. Se for um ocupante de cargo de confiança, será exonerado", declarou Duda. Colunistas PAINEL DO LEITOR Casa própria "Com a nova medida da Caixa Econômica Federal quanto ao financiamento de imóveis, fica claro que a opção do governo FHC é pelos ricos. Como entender um governo que dá bilhões de dólares a banqueiros e empresas privadas, incluindo-se estrangeiras (vide privatizações), e não tem dinheiro para nem sequer dar o mínimo ao povo brasileiro? FHC é o pai dos ricos. E o povo não aprende. No ano que vem liberam verbas, e o povo elege mais um que vai pisar nele mesmo." Discurso vazio Em seu artigo "Quebrar pedras" (Opinião, pág. A3, 9/9), a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), mantém a coerência: fala, fala, mas não diz nada. É como faz na administração municipal. Merece, com o artigo, um passe livre em ônibus (com seus colegas empresários), com a tarifa reajustada acima da inflação, ou a alegre companhia dos perueiros por um mês. Bocejos oficiais "Ao ler a Primeira Página de sábado (8/9) deste prestigioso jornal, deparei com as fotos de mandatários do Brasil bocejando ao assistir às comemorações do dia da pátria. Gostaria de saber em que isso contribui para o progresso deste país e para manter aceso o já desfalecido sentimento de cidadania, tão necessário a todos nós." Exemplo de professora "Admirável em todos os aspectos a atitude da professora Aparecida Maria dos Santos Vecchi, baleada em plena sala de aula por um de seus alunos, ao separar a sua função de educadora -feita com amor e dignidade- da violência e do descaso social dos quais é vítima. Nesse sentido, a professora dá uma lição a todos os professores: chega de maldizermos nossa profissão e nossos alunos -igualmente vítimas. Canalizemos as nossas reclamações para o governo estadual (absolutamente omisso em relação à situação vexatória da maioria de suas escolas); para a sociedade (igualmente omissa diante da situação da escola pública); e também para a mídia (que nem sequer está percebendo a falta de profissionais de apoio nas escolas -sobretudo inspetores de alunos- absolutamente indispensáveis para um funcionamento mínimo de uma instituição educacional). Como um governo que está há sete anos no poder permite que as suas escolas funcionem com um quadro desses? Não é um escândalo?!" Medindo o cinismo "Se existisse um Índice de Cinismo Humano (ICH), o Brasil teria alcançado o topo da lista por conta do quadro patético em que o sr. Pedro Malan comemora o "Brasil Day", na bolsa de Nova York, exatamente num 7 de Setembro, em que nosso país comemora, também, seu dia da "independência"." Ambiente ameaçado "É incrível como o Senado Federal foi incapaz de enxergar que o feroz desmatamento é o principal fator determinante da diminuição do volume dos rios e lagos que está ocasionando a falta de energia. Ou será que tornar esse fato público desagradaria aos madeireiros destruidores do patrimônio florestal e aos ruralistas que estão defendendo um novo Código Florestal que permitirá a total dizimação das floresta e encostas ? Alheia ao bom senso e a todos os conhecimentos científicos acumulados, a Comissão do Senado aprovou por maioria as propostas de larga destruição de florestas e da biodiversidade." Britânicos e indígenas "Com respeito a reportagem sobre Reino Unido e indígenas (Mundo, 7/9), é lamentável que tenhamos entrado na conversa desse mesmo reino, quando o príncipe Charles e sua princesa Diana, fizeram até excursão no Amazonas para defender as terras dos ianomâmis. Agora ficou realmente claro que o interesse deles era sepultar sob as terras demarcadas aos índios, a maior jazida mundial de estanho que nelas se encontram, produto estratégico e importantíssimo nas exportações inglesas." Reforma política "Já que os senhores senadores e os senhores deputados federais não estão conseguindo fazer a reforma político-partidária, vamos nós, cidadãos comuns, eleitores, fazê-la, e para tanto proponho que a redação do artigo 1º seja a seguinte: "Não se vota em candidatos ligados -por afiliação ou apoio- a partidos políticos que afiliam corruptores, corruptos ou quaisquer outros criminosos." Mobilização elétrica "Em uma bela tarde, notei todos os meus vizinhos em suas portas. Percebi que todos os olhares e atenção estavam voltados para um rapaz que vinha cabisbaixo na esquina. Ele era nada mais, nada menos do que o medidor de luz. Em meio a alguns cálculos, ouviam-se alguns gritinhos de satisfação daqueles que provavelmente atingiram sua meta e uns suspiros de insatisfação. Pensei sobre toda aquela mobilização. Se todas aquelas pessoas se comprometessem da mesma maneira em fazer um mundo melhor, com menos poluição, mais gentileza, mais amor, menos violência e mais honestidade, não conseguiríamos tornar nosso país um lugar melhor?" Fundações universitárias "Em relação a reportagem sobre a manifestação contra a regulamentação das fundações universitárias (Cotidiano, edição de 5/9), gostaríamos de expressar o nosso descontentamento. Em primeiro lugar, pela banalização da ideologia estudantil. Não somos um bando de extremistas alienados promovendo desordem, dizendo que a USP está sendo privatizada, queremos apenas ter voz ativa na política da universidade. Será que um assunto de tamanha importância deve ser decidido por um pequeno grupo em grande parte formado pelos próprios associados às fundações? Afinal, apenas 8 dentre os 105 conselheiros são alunos da USP. É importante que se saiba também que a Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) administra cursos privados e pretendia montar um curso de graduação. Propomos aos senhores conselheiros que promovam um plebiscito para saber o que pensam funcionários, professores e principalmente alunos." Seleção derrotada "Tanto quanto a derrota, doeu a percepção da distância entre nós e eles. Às vezes, um simples gesto ou atitude valem mais do que uma conquista. Refiro-me à frase escrita na camisa vestida pelos argentinos quando ingressaram em campo: "Em defesa do ensino público e gratuito". Dos 22 em campo, metade se posicionou claramente em defesa de um valor fundamental. A outra metade, cujo último gesto de que se tem lembrança é a parafascista entrada de mãos dadas, posou como se estivesse no melhor dos mundos. Podiam ter usado a mesma frase ou outras também apropriadas a nossa conjuntura como: "Ética e decência já!", "Salvem os nossos rios e florestas", "Terra para quem trabalha". Ao contrário, pensaram em homenagear Ricardo Teixeira! Parece até castigo." Editorial TRIBUNAIS DE DROGAS É preciso ter consciência de que não existe uma resposta fácil para o problema das drogas. É uma chaga que coloca vidas em risco em todo o mundo, tanto diretamente, pelo uso abusivo, quanto indiretamente, com a organização criminosa do tráfico de narcóticos. Mas algumas das providências tomadas no combate ao uso abusivo passam por caminhos bem tortuosos. Assim parece ser o projeto de Tribunais de Drogas, que vem sendo utilizado nos Estados Unidos. A Secretaria Nacional Antidrogas, chefiada pelo general Alberto Cardoso, apóia essa idéia e pretende implementá-la aqui no Brasil. Seria necessário, para isso, criar varas especializadas no julgamento do usuário. Se condenado, a ele seria oferecida a alternativa de se submeter a um tratamento. Pode até ser considerada um avanço a admissão de que o usuário de drogas não deve ter o mesmo julgamento de um traficante. Realmente não deve. Mas é apenas um meio caminho andado, que não toca na questão principal: conserva-se a intenção de julgar um criminoso. O que acontece é que são oferecidas ao usuário oportunidades de se tratar do vício. Porém fica a impressão de que, como que passando por um exorcismo, ele finalmente pudesse expurgar os crimes do corpo. Programas europeus tomam outros caminhos para tratar o usuário. E o fundamental da experiência européia é que esses programas reconhecem que não há tratamento que dê certo sem que o paciente queira mesmo dele participar. A instituição de tribunais de exceção para drogados não indica que esse tipo de abordagem, conservando a relação de crime e castigo, leve em conta a decisão do usuário em se desintoxicar. Ele tem de fazê-lo. A repressão ao tráfico deve continuar a ser firme, mas parece equivocado insistir em equiparar o usuário a um criminoso. Topo da página

09/10/2001


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