FHC rechaça tese sobre a instabilidade








FHC rechaça tese sobre a instabilidade
Insinuações irritam o presidente. O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que está "irritado" com a insinuação de setores da sociedade sobre a possibilidade de o seu sucessor jogar o Brasil na instabilidade.

Para o presidente, o País tem instituições fortes o bastante para evitar que o próximo governo adote medidas intempestivas. "Se ganhar fulano ou beltrano não vai acontecer nada", declarou Fernando Henrique, em discurso ontem à noite na Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O novo presidente da CNI, deputado federal Armando Monteiro Neto (PMDB-PE), concorda que não há motivos para temer a futura administração. Segundo ele, existe uma "blindagem institucional", como um "Congresso equilibrado", contra eventuais ações extremas. Além disso, argumenta, o PT amadureceu. "Não há porque imaginar que o País vá viver um processo de crise incontrolada", disse Monteiro Neto.

Ontem, a Rede Globo divulgou nova rodada de pesquisas eleitorais. Os números para a Presidência da República praticamente são idênticos aos do Datafolha e Vox Populi divulgados no domingo. Segundo o Ibope, Lula tem 60% das intenções de votos e Serra tem 31%. Por região, a maior vantagem de Lula é no Nordeste (64% contra 30%) e no Sudeste (61% a 27%). Na região Norte, Lula vence por 57% a 36% e no Sul tem a menor vantagem: 54% a 38%.


Citi reduz em 29% exposição no Brasil
(01:19) São Paulo, 16 de Outubro de 2002 - A redução da exposição do Citigroup no Brasil ocupou três minutos na apresentação de uma hora feita, ontem, pelo banco a analistas, para apresentar o último balanço. Entre março e setembro, a exposição no Brasil diminuiu 29%, de US$ 11,4 bilhões para US$ 8,1 bilhões. Já os resultados globais do banco foram bons: o lucro do terceiro trimestre foi de US$ 3,8 bilhões, acumulando US$ 11,2 bilhões no ano, com expansão de 14%. O lucro do Bank of America cresceu 166%, para US$ 2,24 bilhões no terceiro trimestre.


Washington tem plano de contingência para Lula
"Trabalharemos com quem o povo brasileiro escolher para o desenvolvimento de um país que é fundamental para a saúde econômica da América Latina", afirmou ontem Otto Reich, secretário-assistente do Departamento de Estado para América Latina.

Reich, que participou da 6a. Conferência das Américas, promovida pelo jornal The Miami Herald, manifestou otimismo em relação ao futuro das relações entre o Brasil e os EUA. Ele disse, contudo, que Washington está preparando um "plano de contingência" para a possibilidade de o Brasil dar uma guinada para a esquerda, numa clara referência a uma eventual vitória do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Reich não forneceu detalhaes sobre o plano.


A Vale desfila na avenida
Empresa investe R$ 6 milhões e vira samba enredo da Grande Rio. "Das profundezas da terra ao esplendoroso Vale do Rio Doce" é o enredo que a escola de samba Grande Rio leva para a Marquês de Sapucaí em 2003 sob o patrocínio da Cia. Vale do Rio Doce. A empresa resolveu diversificar sua estratégia de marketing e investe R$ 6 milhões para que o cobre e o alumínio ganhem a avenida.

Parte do investimento vai para o carnavalesco Joãosinho Trinta desenvolver o enredo, mas o orçamento também prevê o aluguel de um camarote para 300 pessoas nos dois dias de desfile e no sábado seguinte, no Desfile das Campeãs. A Vale espera reunir 600 convidados, escolhidos entre seus principais clientes de mineração - como as grandes siderúrgicas européias e asiáticas - os clientes de energia e de logística. O pacote inclui ainda a estada dos convidados estrangeiros e brasileiros, por cinco dias, em hotéis da zona sul do Rio.

A idéia de participar do carnaval carioca foi apresentada ao presidente da Vale, Roger Agnelli, por executivos da LMS Consultoria, empresa de comunicação que presta assessoria à mineradora. No início, os executivos da Vale estranharam a proposta. Não entendiam os motivos que ligariam a maior exportadora global de minério de ferro, um produto sem nenhum apelo popular, ao carnaval.
O aval veio do antropólogo Roberto da Matta, do historiador musical Ricardo Cravo Albin e de pesquisas feitas pelos escritórios internacionais da Vale junto a clientes. Além disso, concorrentes e clientes da mineradora no mercado internacional adotaram estratégia semelhante - como a australiana BHP que patrocinou as Olimpíadas de Sidney, na Austrália.

A diretora de comunicação da Vale, Márcia Magno diz que, depois da oferta global de ações da companhia, no início do ano, quando 728 mil trabalhadores usaram o FGTS para comprar ações da mineradora, ficou claro para a empresa que sua estratégia de comunicação precisava mudar. "Queremos chegar mais perto da opinião pública brasileira".


Argentino está mais otimista, diz pesquisa
Mais de 73% da população argentina acredita, hoje, que o pior da crise já passou, revela pesquisa Ibope, que entrevistou 1.100 pessoas. Quarenta e três por cento dos argentinos consideram que a economia vai melhorar e cerca de 30% acham que a situação permanecerá como está.

A estabilidade do dólar nos últimos três meses e meio, a inflação aparentemente controlada e a expectativa de eleições no início de 2003 estão gerando maior otimismo na população, avaliam especialistas portenhos.

A mesma pesquisa aponta, ainda, o crescimento rápido na confiança em relação aos bancos, nos quais permanecem retidos os depósitos de parte da população.

Desde julho, o dólar se mantém cotado entre 3,55 e 3,70 pesos. A inflação, prognosticada em mais de 100% para este ano, dificilmente superará os 50%. "A estabilidade do câmbio dá idéia de estabilidade que em março não existia", diz José Dapena Fernandez, economista do Centro de Economia e Matemática Aplicada (Cema), de Buenos Aires. Na opinião do economista Aldo Abram, diretor da Consultoria Exante, o principal motivo da melhora do humor do argentino em relação à economia está associado à sucessão presidencial, prevista para maio de 2003.Em maio último, no auge da crise, só 17% previam melhora econômica.


Brasileiro ingressa na cúpula do HSBC
A partir de 2 de janeiro, o paulista Emilson Alonso, 47 anos, assumirá o segundo maior posto do banco HSBC no Brasil - o de "chief operating officer" (COO), equivalente a um vice-presidente responsável por todas operações de varejo e administração. Atual vice-presidente de pessoa física, Alonso se reportará ao presidente Michael Geoghegan. Ele trabalha no HSBC desde o início das operações no Brasil, em 1997, e vai ocupar um lugar normalmente reservado à tropa de elite do banco centenário, os "international officers" (IO).

Profissionais formados na cultura do HSBC desde jovens, os IO se comprometem, com um aviso de 24 horas, a se deslocar para qualquer parte do mundo que o banco determinar. Existem 35 IOs no Brasil, mas Alonso foi o eleito. A escolha de um brasileiro para o posto faz sentido no atual momento político brasileiro e serve às ambições do HSBC que quer, definitivamente, sair do nono lugar do ranking dos bancos privados, em que está pregado há um ano.


Colunistas

Orçamento apertado para o novo governo
José Casado

Proposta para 2003 embute arrocho sem precedentes. O presidente eleito no próximo dia 27 vai ter pouco tempo para comemorar a vitória. Já no dia seguinte, uma segunda-feira, começa uma corrida contra o relógio na sua primeira grande batalha: negociar com o atual Congresso um acordo para ajustar o Orçamento de 2003 às prioridades políticas do novo governo.

Na semana passada, pouco antes do primeiro turno eleitoral, assessores econômicos dos candidatos Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e de José Serra, do PSDB, descobriram que na proposta orçamentária para o próximo ano, enviada ao Legislativo pelo governo Fernando Henrique Cardoso, está embutido um arrocho fiscal em escala sem precedentes.

Os cortes de gastos e de investimentos previstos em áreas-chave, como os setores sociais (excluída a Previdência) e de infra-estrutura, praticamente não deixam margem a uma intervenção do Estado para reativar a economia – essência das promessas de campanha dos dois candidatos. A proposta orçamentária para o futuro governo reduz, em comparação com o Orçamento 2002, as despesas públicas nas áreas de Comunicações (-50%), Gestão do Meio Ambiente (-15,5%), Transportes (-12,2%), Saneamento, Habitação, Cultura, Esportes e Defesa dos Direitos da Cidadania (-0,6%).

A comparação entre os orçamentos da União deste ano e o proposto para 2003, sugere à primeira vista avanço nos investimentos em Educação (2,9%) e Saúde (3,2%). Mas não é exatamente assim: esses aumentos estão muito aquém da taxa de crescimento previsto (5,47%) para as receitas primárias, ou seja, não-financeiras, do governo federal no próximo ano.

"É indicador inequívoco de que a Educação e a Saúde foram mal contemplados" – escreveram dois especialistas em orçamento, Gerson Teixeira e Maria Tereza Pedroso, em uma análise recém- produzida para a liderança do PT na Câmara dos Deputados.

Para o futuro governo, o foco do constrangimento orçamentário com conseqüentes riscos políticos estará no brutal aumento das despesas financeiras.

Crescem de forma expressiva os gastos com pagamentos da dívida pública: a parcela dessa dívida que vencerá em 2003, prevista para ser paga com a emissão de novos títulos, será 137,4% maior do que foi neste ano. Estimam-se dispêndios com refinanciamento, ou rolagem da dívida, no total de R$ 512,3 bilhões - isso equivale a mais que o dobro do total de gastos governamentais previstos para a área social, incluídos os do sistema de Previdência.

Somente o pagamento de juros e amortização vai consumir R$ 92,5 bilhões, um aumento de 59,4% em relação ao previsto na proposta orçamentária para este ano. Essa despesa é pouco mais do dobro de todo o gasto federal previsto com Educação e Saúde no primeiro ano do novo governo.
Vai ser delicada a negociação do futuro presidente com o atual Congresso, nos dias seguintes à eleição, para mudar o orçamento conforme as prioridades políticas do novo governo. Isso porque, segundo a proposta apresentada ao Legislativo, não há dinheiro sequer para cumprir algumas obrigações constitucionais.
Uma delas é a determinação de que os gastos em Saúde devem acompanhar a evolução do Produto Interno Bruto (PIB). Não há previsão de recursos suficientes, também, para que o Congresso interfira, como em outras ocasiões, e pressione o Executivo a conceder aumento extra ( muito acima de R$ 11,00) no salário-mínimo.
Os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e José Serra voltam ao rádio e à televisão, hoje, para uma renovação de promessas eleitorais. Com o poder à vista, ambos devem insistir na repetição de mensagens que se perderam calor dos embates do primeiro turno eleitoral. Lula dirá: "Não esperem milagres". Serra vai advertir: "Não existe mágica". O diagnóstico da crise é comum. A divergência está nas alternativas propostas.


Editorial

A FORÇA DAS MISSÕES EMPRESARIAIS

O fortalecimento das correntes de comércio com os países asiáticos, particularmente a China e a Índia, deixou de ser apenas meta do governo. Está agora no plano dos negócios, e quem faz negócios são os empresários.

A imprensa só tem dado notícias esporádicas a respeito, mas os empresários brasileiros estão hoje mais atentos do que nunca às possibilidades de exportação e importação, formação de "joint ventures" e conclusão de acordos operacionais com aqueles dois países. E esses empresários estão conversando diretamente com empresários ou representantes de empresas do lado de lá.
No espaço de pouco mais de uma semana, por exemplo, três missões chinesas terão visitado o Brasil, numa demonstração cabal de credibilidade nas perspectivas de negócios. Em vez de mandar uma missão oficial diretamente de Pequim para entendimentos com o governo brasileiro, o que já foi feito em uma fase preliminar, os chineses estão agora enviando missões das províncias, com representantes de empresas, de modo a facilitar as operações diretamente com os empresários brasileiros.

Delegação formada por oito representantes da província de Gansu - na região central da China - reuniu-se, nesta semana, na Câmara Brasil-China de Desenvolvimento em Intercâmbio Econômico e Comércio Exterior (CBCDE) com 35 empresários brasileiros das áreas de couro/calçado, papelaria, sucroalcooleira, organização de feiras e, principalmente, bens de capital. Segundo Zhong Zhaolong, chefe da comitiva, Gansu é a maior produtora de minérios da China, com 800 mil toneladas/ano e planos de dobrar a produção em cinco anos. Daí o interesse por bens de capital. A província quer também atrair investimentos estrangeiros. "Podemos dar terrenos de graça para empresas que queiram instalar-se na região", diz Zhong.

O processo de incremento de negócios do Brasil com a China incluiu a assinatura em setembro, pelos dois países, de um memorando de entendimento para um acordo de equivalência sanitária. Essa medida, tomada em boa hora, permitirá a exportação, para a China, de carne produzida nos estados livres de febre aftosa.

No último dia 9, uma delegação da província de Hebei veio conhecer nosso gado zebuíno e inteirar-se dos processos de biotecnologia usados para a melhoria do rebanho brasileiro. A expectativa do governo do Brasil é de que essa visita venha a facilitar a venda de carne bovina para o mercado chinês.

Para isso, o grupo chinês reuniu-se com empresas brasileiras da área de alimentos numa mesa de negócios que, além de carne bovina e aves, tratou também de massas e biscoitos.

A terceira delegação chinesa, com pessoas da província de Shangai, está com rodada de negócios com brasileiros marcada para depois de amanhã.

O Brasil precisa estar preparado para atender a esse interesse da China por produtos brasileiros. Relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre o comércio internacional assinala que nos seis primeiros meses de 2002 as importações da União Européia (UE) e dos Estados Unidos diminuíram 6%, enquanto as do Japão e da América Latina caíam mais de 10%.

No entanto, as importações da China subiram 10%. Na relação de importadores e exportadores de produtos, a China passou, em 2001, ao quarto lugar, à frente do Canadá. No segmento de serviços, enquanto o desempenho global ficou estagnado, as exportações e importações da China cresceram 9%.

As exportações do Brasil para a China subiram de US$ 676,1 milhões em 1999 para US$ 1,902 bilhão em 2001 e as importações, de US$ 865,2 milhões para US$ 1,437 bilhão.

Quanto à Índia, funcionários do governo em nível ministerial já estiveram no Brasil manifestando interesse pela tecnologia aqui desenvolvida na área do álcool carburante. O Brasil também tem feito vendas de petróleo em bruto, do tipo mais pesado, para atender a refinarias indianas. Mas agora chegou a vez dos contatos de empresa para empresa.

Um grupo de oito empresários indianos está no Brasil participando de rodadas de negócios com representantes de empresas brasileiras. Os indianos são da Câmara de Comércio e Indústria das Regiões de Punjab, Himachal Pradesh e Delhi (PHDCCI), que abrange 11 estados do Norte da Índia. Eles estão interessados especialmente em formar "joint ventures" e parcerias com empresários do Brasil.

Nos oito meses de 2002, as vendas brasileiras para a Índia cres ceram 82%, para US$ 333,53 milhões, em relação ao mesmo período do ano passado, a maior taxa de crescimento da nossa balança comercial.


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10/16/2002


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