Sérgio Guerra rechaça tese de que CPI da Petrobras vai afetar mercado
A tese de que a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a Petrobras pode produzir efeitos negativos sobre a posição da empresa no mercado é condenada pelo presidente do PSDB, Sérgio Guerra. Nesta sexta-feira (15), em Plenário, depois da leitura do requerimento para a abertura da CPI, em articulação liderada pelo partido, ele disse que a intenção é fazer uma investigação "tranqüila", para proteger a empresa, evitando que continue sendo "partidarizada". A questão maior, como avaliou, não é saber se a CPI vai ter reflexos no mercado, mas ainda assim ele disse que isso não deve acontecer.
- Nós, do PSDB, não vamos nos prestar a aventuras. Nós temos responsabilidade, nós construímos a Petrobras também, nós a defendemos há muitos anos, muitos dos nossos. Não tem nada disso. Isso é terrorismo de quem não quer ser investigado - afirmou.
Para o senador, ninguém está "acima do bem e do mal". Não é concebível, como acredita, a idéia de que uma estrutura não possa ser investigada pelo Congresso. "Se a mania pega, não vai ter investigação nenhuma sobre assunto nenhum". No caso da Petrobras, ele afirmou que o desejo dos governistas seria impedir a discussão sobre a situação da empresa. Já o PSDB, disse, pretenderia evitar que ela se transforme em "comitê eleitoral" e "objeto de desejo" de setores que considera "nada republicanos", num ambiente que, como avalia, "já perturba" o país.
- O que a maioria [governistas] não quer é que essa discussão se dê. Querem manter, lá, uma porta fechada, uma zona de sombra que não ajuda a Petrobras, nem o conceito dela, porque a multiplicação de denúncias não explicadas afeta o conceito de uma instituição que tem milhões de brasileiros como acionistas - disse.
Valorização de funcionários
Com a CPI, argumenta, abre-se caminho para acabar com o "loteamento" da companhia entre partidos políticos. Isso vem sendo feito, disse ele, com indicações de dirigentes "para lá de suspeitas", inclusive de políticos afastados da cena política. O propósito, continuou, é o de que a empresa volte a ser como no passado, dirigida por funcionários do próprio quadro.
- A gente quer a Petrobras como ela sempre foi: a Petrobras dos seus funcionários, a Petrobras dos seus dirigentes, a Petrobras da pesquisa, da afirmação brasileira, a Petrobras do mérito daqueles que têm condição de assumir os papéis que devem assumir.
São por essas razões que, como esclareceu o senador, o PSDB rejeita a idéia de esperar pela audiência que será feita com o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, para decidir sobre a convocação da CPI. Ele disse que o dirigente da estatal está viajando nesta semana e só vai voltar na semana que vem. Para ele, o adiamento é uma tentativa de "esfriar" a CPI.
A comissão parlamentar está sendo proposta com o objetivo de investigar fraudes apontadas em licitações e denúncias sobre desvios de royalties sob foco de ações da Polícia Federal, além de irregularidades na construção de plataformas e refinaria indicadas em auditorias do Tribunal de Contas da União. Outra finalidade é investigar suposta utilização de artifícios contábeis para reduzir o recolhimento de tributos, além de problemas relacionados a patrocínios na área da cultura.
15/05/2009
Agência Senado
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