Fim dos conflitos na América do Sul é prioridade para Lula, diz Mercadante



O senador Aloizio Mercadante, líder do governo no Senado, disse nesta quarta-feira (19), durante reunião do ministro Celso Amorim, das Relações Exteriores, com os parlamentares do bloco de apoio ao governo no Senado, que o fim dos conflitos na América do Sul é prioridade na política exterior do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Após ouvir do ministro detalhes sobre o esforço do governo brasileiro para atenuar os conflitos internos em diversos países da região, como Venezuela, Equador e Colômbia, Mercadante destacou o esforço pessoal do presidente da República para chamar a atenção dos países desenvolvidos para os problemas mais sérios vividos pelos países em desenvolvimento.

Usando a expressão -Belíndia- (criada pelo economista Edmar Bacha, para representar os dois -Brasis- de contraste, um rico, no padrão da Bélgica e outro pobre, no padrão da Índia), Mercadante disse que Fernando Henrique Cardoso, quando no exterior, vendia sempre a imagem do Brasil -belga-, dos ricos. Lula, ao contrário, é visto como o lado da -Índia-, o dos pobres, que os países ricos preferem não enxergar.

No encontro com o chanceler brasileiro, o senador Tião Viana (PT-AC), líder do bloco de apoio ao governo demonstrou preocupação, principalmente, com as reações do mundo mulçumano a um ataque norte-americano ao Iraque. O ministro, em resposta, disse que uma guerra poderá, efetivamente, gerar -uma onda anti-ocidental- naqueles países.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) levantou na reunião, entre outras questões, a dos mais de 2 milhões de brasileiros que vivem no exterior, muitos deles, em condições indignas, vítimas da prostituição e do trabalho escravo. O ministro se identificou com as preocupações e anunciou medidas a serem adotadas pelas embaixadas brasileiras em favor desses brasileiros. Essa mesma preocupação foi destacada pelo senador Marcelo Crivella (PL-RJ).

O senador Roberto Saturnino (PT-RJ) reclamou da falta informações mais precisas em torno das negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Celso Amorim disse que até para ele essas informações chegam incompletas e muitas vezes incompreensíveis, precisando ser decodificadas.

Para o senador Jefferson Péres (PDT-AM), a questão do pacto amazônico, que engloba 6 mil quilômetros de fronteiras, é de vital importância para o país, incluindo-se aí o acordo da biodiversidade, conforme ressaltou, em seguida, Celso Amorim, que compartilha as preocupações de Jefferson e do senador Siba Machado (PT-AC). Este alertou para os perigos da biopirataria.

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) mostrou-se preocupado com a repercussão da guerra no Golfo Pérsico nos preços do petróleo e a senadora Idelli Salvatti(PT-SC), com a livre circulação dos trabalhadores nos países do Mercosul.

As implicações do tratamento da educação nos acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC) foi levantada pela senadora Fátima Cleide (PT-RO) e a presença do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, pelo senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). O senador Eurípedes Camargo (PT-DF) quis saber do ministro, principalmente, sobre as providências para uma reaproximação do Brasil com a África.



19/02/2003

Agência Senado


Artigos Relacionados


Mercadante diz que Venezuela não deve ser empurrada para fora da área de influência da América do Sul

Mercadante: crescimento econômico será prioridade da CAE

Cristovam pede a Lula que defenda na ONU prioridade para educação

Mercadante: viagem de Lula à China é estratégica para o Brasil

Mercadante propõe declaração sobre "enclaves coloniais" na América do Sul

Presidente Lula também sanciona prioridade para processos de idosos