Flávio Arns destaca exemplo único de vitória de uma revolta popular
Em discurso nesta terça-feira (2), em homenagem aos 50 anos da Revolta dos Posseiros, o senador Flávio Arns (PT-PR) enfatizou que o episódio, ocorrido no Paraná, é "exemplo único de vitória" de uma revolta popular no Brasil.
- Foi mais do que uma disputa por terras: significa a resistência ao colonialismo, ao poder, ao uso abusivo da força. Simboliza a reação do povo às arbitrariedades e à opressão - afirmou.
O parlamentar afirmou que a revolta acarretou, possivelmente, "a maior reforma agrária já ocorrida no Brasil, fundamental para que o sudoeste [do Paraná] começasse a se desenvolver". Afirmou que mais de 40 mil títulos foram distribuídos na região, onde 87% das propriedades são de agricultores familiares, 94% destas com áreas menores que 50 hectares.
A Revolta dos Posseiros ocorreu em 10 de outubro de 1957 em Francisco Beltrão (PR). Cerca de 6 mil agricultores tomaram a cidade e invadiram os escritórios da Clevelândia Industrial e Territorial Ltda. (Citla) e suas subsidiárias, a Companhia Comercial Agrícola e a Companhia Apucarana, expulsando seus dirigentes. As empresas, segundo o senador, implantaram um regime de terror na região, obrigando posseiros a pagarem pela terra que já detinham.
A região, explicou Flávio Arns, tinha 32 mil famílias já assentadas no governo de Getúlio Vargas no projeto de reforço do povoamento da fronteira. Os agricultores tinham posse das terras, mas não sua titularidade. Numa obscura transação com o governo, a área foi entregue à (Citla) que, por meio de suas subsidiárias, começaram a constranger os posseiros com muita violência, incluindo assassinatos.
- A organização e a mobilização popular, mesmo em uma época em que a comunicação era precária, foi fundamental para que os posseiros promovessem um levante contra as imposições e selvagerias comandadas pelas companhias colonizadoras - afirmou o parlamentar, enfatizando ainda a importância da Radio Colméia na viabilização dos encontros dos agricultores nos quais planejaram a Revolta.
02/10/2007
Agência Senado
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