Flávio Arns está preocupado com dependência do Brasil em relação a fármacos



O senador Flávio Arns (PT-PR) afirmou, durante audiência pública na Subcomissão Permanente de Promoção e Defesa da Saúde, estar preocupado com a dependência brasileira do molibdênio canadense. Tal metal radioativo é utilizado na produção de tecnécio, um material usado em exames de diagnóticos de câncer e problemas cardíacos, entre outras doenças. Na opinião de Arns, o Brasil deve negociar com outros países que produzem o metal, como Bélgica e Inglaterra, para evitar futuros problemas com o fornecimento do produto, bem como começar a investir na produção própria de molibdênio.

O senador acredita que o investimento, apesar de alto, trará benefícios aos brasileiros. Segundo as estatísticas, disse, o número de brasileiros que necessitam de tais exames vem aumentando no Brasil. Ele lembrou que os índices só não são maiores porque muitas pessoas não têm acesso às terapias de que necessitam.

Para Arns, ao investir no setor, o Brasil pode passar a exportar e tornar-se mais um fornecedor do produto em âmbito mundial. Apesar de concordar com o senador, o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Odair Dias Gonçalves, afirmou que, em curto prazo - o que significa, segundo ele, cerca de cinco anos -, não há possibilidade de o país conseguir a independência, uma vez que a produção de molibdênio requer um reator nuclear de US$ 450 milhões. Além disso, para o Brasil passar a produzir o material, é necessário que entre em acordo com os demais países produtores, por meio de acordos internacionais.

A proposta de independência, disse o presidente da CNEN, pode ser viável num prazo de 15 anos. Já o contato com outros países, sugerido pelo senador, é uma proposta viável, disse Gonçalves, que prometeu apresentá-la ao governo.

O superintendente do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Cláudio Rodrigues, informou que o Brasil produz tecnécio desde 1981 e, durante todo esse tempo, o fornecimento de molibdênio foi interrompido apenas em 11 de setembro de 2001, quando os Estados Unidos sofreram atentado terrorista. Ele afirmou que apesar de o Brasil possuir tecnologia para construir um reator, assim como estrutura na área nuclear para abastecimento dos mercados interno e externo, não tomou tal decisão no final da década de 80, quando, segundo ele, havia todas as condições propícias. O senador Flávio Arns sugeriu ainda que o assunto volte a ser debatido na subcomissão.

Como médica, a senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) ressaltou que a falta do tecnécio foi abordada em reunião dos profissionais da saúde do seu estado. A senadora considerou o debate esclarecedor e prometeu tranqüilizar os médicos do Rio Grande do Norte. Ela também apresentou requerimento com a finalidade de debater a questão da saúde mental.

A Subcomissão Permanente de Promoção e Defesa da Saúde é vinculada à Comissão de Assuntos Sociais (CAS).



19/12/2007

Agência Senado


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