Flávio Torres defende abertura de investigação sobre a morte de Jango



"Existem razões para supor que o presidente João Goulart tenha sido assassinado". Ao opinar que as condições da morte repentina do ex-presidente da República nunca foram completamente esclarecidas, o senador Flávio Torres (PDT-CE) disse não entender as razões para o Ministério da Justiça não abrir investigações sobre o caso. Ele alertou que será vexatório para o Brasil se a família de Jango solicitar à Argentina, onde se deu sua morte, uma apuração a respeito do assunto.

O senador pelo Ceará registrou que no ano em que João Goulart morreu foram comprovadamente assassinados Zelmar Michelini e Hector Guitiérrez Ruiz (ex-presidentes do Senado e da Câmara do Uruguai), os generais Juan José Torres e Carlos Prats e o ex-chanceler chileno Orlando Letelier. Sobreviveram a atentados no mesmo período o ex-senador e candidato presidencial uruguaio Wilson Ferreira Aldunate e o dirigente chileno do Movimento de Esquerda Revolucionária, Andrés Pascal Allende.

- Há uma razão objetiva para essa aparente coincidência. Como lembra um jornalista que se especializou nessas investigações, Jair Krischke, 1976 é o ano em que os Estados Unidos elegeram o presidente Jimmy Carter, que assumiu o poder dizendo que não ia sustentar mais as ditaduras. Para Krischke, os governantes militares da região resolveram limpar o terreno e eliminar todas as personalidades que pudesse ameaçá-los - afirmou Flávio Torres.

O depoimento do uruguaio Mario Neira Barreiro, detido no Rio Grande do Sul por tráfico de armas, com informações a respeito da morte de Jango também foi citado pelo parlamentar, embora ele tenha ressaltado que o preso seja uma figura de passado duvidoso e que suas declarações devem ser encaradas com reservas. Porém, Neira Barreto comprovou que conhecia pormenores reservados sobre a vida do ex-presidente brasileiro durante o exílio.

Segundo Neira Barreiro, um médico forense uruguaio chamado Carlos Milles Golugoss teria preparado um composto químico que, ministrado em João Goulart, desencadeou o ataque cardíaco fatal. Flávio Torres destacou que o médico efetivamente prestou serviços ao governo uruguaio durante a ditadura e morreu em circunstâncias misteriosas.

- É possível que muito do que se disse a esse respeito seja fantasia. É possível até que todo o depoimento de Neira Barreto seja falso. Seja como for, não se pode admitir que a morte de um ex-presidente brasileiro permaneça envolta em uma aura de mistério. É indispensável que se conduza uma investigação imparcial, correta, precisa e, acima de tudo, independente - cobrou Flávio Torres.



16/09/2009

Agência Senado


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