FOGAÇA DEFENDE DEBATE SOBRE REDUÇÃO DAS TAXAS DE JUROS



As taxas de juros podem ser reduzidas mediante uma simples canetada do presidente do Banco Central e, portanto, estariam na dependência de uma decisão exclusivamente política, ou elas exigem o equilíbrio das contas públicas para se manterem estáveis e próximas aos padrões internacionais? Com esta questão, o senador José Fogaça (PMDB-RS) defendeu nesta quinta-feira (14) que governo, congressistas, empresários, associações e sindicatos, todos favoráveis à redução dos juros praticados no país, debatam amplamente sob que procedimento esta meta deverá ser alcançada.Na opinião do senador, enquanto houver desequilíbrio nas contas públicas, com déficit da ordem de mais de 8%, qualquer decisão política de redução dos juros será temerária e de duração incerta, dada sua sustentação artificial.Mesmo reconhecendo a procedência das reivindicações do setor produtivo, Fogaça questionou se baixar os juros por decreto "não acabará gerando uma crise semelhante à que ocorreu na Tailândia".O nível das taxas de juros, argumentou o senador, tem a ver com a organização das contas públicas e com a geração de confiança entre os investidores internos. Não foi essa concepção que esteve embutida na cobrança pública feita pelo então presidente da República Itamar Franco a seu ministro da Fazenda e ao presidente do Banco Central. "Aí estava embutida uma visão característica da social-democracia, a de que a taxa de juros é uma questão política", explicou.É em prol da mudança dessa mentalidade que o senador insistiu, repetidas vezes, na necessidade de o país se dedicar - central e centradamente - ao debate sobre o procedimento a ser adotado pelo país.Em aparte, o senador Lauro Campos (PT-DF) concordou com Fogaça na sua crítica ao tratamento das taxas de juros como uma questão política e na importância dada pelo senador à confiança dos investidores internos.Os juros, explicou, são determinados pela base monetária admitida pelas autoridades econômicas, de modo que, quanto maior aquela base, maior a liquidez e menores os juros. E deu um exemplo: "Agora, numa penada, os juros foram aumentados de 19% para 39%, para manter os capitais voláteis, medida que abalou a confiança do mercado".O aumento dos juros por decreto funcionou, para os investidores, como demonstração de que alguma coisa deveria estar muito errada, completou. Djalma Bessa (PFL-BA), por sua vez, sem entrar no mérito sobre qual o procedimento mais adequado, registrou a necessidade da redução das taxas de juros.

14/01/1999

Agência Senado


Artigos Relacionados


Expedito Júnior defende redução de taxas de juros em financiamentos dos fundos constitucionais

Caixa diz que redução de taxas de juros será ação contínua

Mauro Miranda: situação econômica exige redução das taxas de juros

Aelton solidariza-se com José Alencar e pede redução das taxas de juros

Banco do Brasil e Caixa Econômica anunciam nova redução nas taxas de juros

Efeito da redução da Selic nas taxas de juros ao consumidor será pequeno, diz Anefac