Fortunati deixa o PT e se reúne hoje com o PDT



Fortunati deixa o PT e se reúne hoje com o PDT Vereador diz que recebeu inúmeros convites de diversos partidos, mas não confirma sua filiação a nenhum deles Ao justificar sua saída, Fortunati fez duras críticas ao PT. Entro elas a de nopotismo e de que o partido é formado por "anjos e salvadores. Os que estão do outro lado são os pescadores". O vereador José Fortunati anunciou, em entrevista coletiva, ontem à tarde, na Câmara de Porto Alegre, sua desfiliação do Partido dos Trabalhadores. "Este é um momento difícil, mas é resultado de profunda reflexão que faço há mais de um ano", afirmou. Hoje, às 14h, a Executiva Estadual do PDT fará uma reunião oficial no gabinete de Fortunati na Câmara Municipal de Porto Alegre. Fortunati disse se orgulhar por ter permanecido por 22 anos no PT e ter sido um de seus fundadores. "Posso afirmar de que não houve um único episódio importante nessa sigla no qual eu não tenha participado. Faço parte das lutas populares deste estado", disse. O vereador ressaltou que "a cultura dominante no PT está acabando com a representação das bases e suas instâncias. Hoje existe um engessamento do debate interno do partido. Sou de uma época em que os debates eram acalorados e se buscava argumentos e a opinião final dos filiados. Nos últimos seis anos, isso deixou de acontecer". Fortunati acredita que as grandes tendências estão tomando conta do partido. Disputa fica mais acirrada. A senadora Emília Fernanades, apontada como o pivô de todo o episódio, disse que lamenta profundamente a saída do vereador José Fortunati do PT, mas acha sua decisão precipitada e anti-democrática. Emília destacou que o vereador " não buscou o diálogo". Para ela, nada muda na disputa dos candidatos ao Senado. O deputado federal Paulo Paim, outro concorrente à vaga, se diz surpreso. "Falei com ele na semana passada e ele me disse que poderia sair. Eu não acreditei". O deputado disse que a disputa ao Senado ficou mais acirrada. O prefeito Tarso Genro considerou um "erro político" o desligamento de Fortunati do PT. "Vou tratá-lo como adversário da mesma forma de quando ele era meu companheiro", avisou. Tarso salientou ainda que o vereador é um nome muito expressivo da política gaúcha, mas que o PT não se abala com a saída dele. "O partido continua. Pena que todos pensavam nele para concorrer à prefeitura em 2004", declarou. Para o ex-prefeito Raul Pont, que trabalhou diretamente com Fortunati na prefeitura, "é lamentável a atitude do colega", tanto para o vereador como para o PT. "Não havia razão para isso. Não entendo o que aconteceu", analisou. Pont disse que Fortunati pode sofrer as conseqüências dessa decisão. Brizola aposta mais uma vez no mineiro Itamar Derrota na convenção do PMDB, o governador de Minas Gerais volta a negociar a sucessão presidencial com o PDT O ex-governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola disse, ontem, que o presidente Fernando Henrique Cardoso cometeu "um crime de lesa-pátria", referindo-se à "interferência" de FHC no resultado da convenção do PMDB, realizada domingo, em Brasília, e que teve como vitorioso o deputado federal Michel Temer. Derrotado na convenção do PMDB, o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, reinicia sua estratégia. Amanhã, condecorará o ex-presidente do Senado Antônio Carlos Magalhães (ACM) com uma das maiores honrarias do estado mineiro, a medalha Presidente Juscelino Kubitschek, em Diamantina, terra natal de JK. A festa será em homenagem aos 100 anos de nascimento do ex-presidente. Hoje, reúne-se com Leonel Brizola, presidente nacional do PDT, em Belo Horizonte. Brizola repetirá que espera a filiação do mineiro no PDT, já como candidato à Presidência da República. O favorito do PT elogia Geisel. O presidente licenciado do PT, deputado federal José Dirceu (SP), em palestra na ESG (Escola Superior de Guerra) elogiou o papel do ex-presidente Ernesto Geisel na consolidação do parque industrial do Brasil. Geisel, que governou de 1974 a 1979, foi o penúltimo presidente do período militar (1964-1985). "O governo do general Geisel realmente consolidou a industrialização brasileira, com a implantação da indústria de bens e equipamentos", disse Dirceu, ressaltando que o crescimento teve "custo muito grande em termos de restrição à liberdade". José Dirceu disputa no próximo domingo, com o apoio de Lula, o terceiro mandato consecutivo na presidência do PT contra outros cinco candidatos: os deputados federais Tilden Santiago (MG) e Ricardo Berzoin (SP), Markos Sokol, da Executiva Nacional, e os gaúchos Raul Pont, ex-prefeito de Porto Alegre e Júlio Quadros, presidente licenciado do PT-RS. Dirceu, disse que espera conseguir 60% dos votos de cerca de 300 mil filiados que deverão votar em todo o país. E a primeira eleição direta em todos os níveis na história do PT. Os filiados escolherão em todos os municípios do país, seus dirigentes municipais, estaduais e o presidente do diretório nacional . Temer boicota rivais na executiva nacional. O PMDB elege hoje 13 dos 15 titulares da Executiva Nacional do partido. Os líderes na Câmara, Geddel Vieira Lima, e no Senado, Renan Calheiros, são membros natos. A reunião para a escolha da nova Executiva está marcada para as 10h. Ontem, o novo presidente do PMDB, Michel Temer, reuniu as principais lideranças do partido para discutir a posição a adotar em relação à ala derrotada na convenção nacional de domingo. Temer já avisou que a intenção de seu grupo é restringir ao máximo a participação dos dissidentes no comando do PMDB. Um dos mais fortes adversários de Temer, o ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia minimiza a derrota de seu candidato, o senador Maguito Vilela: "O resultado foi muito bom porque prevíamos receber de 38% a 39% dos votos e, no final, Maguito teve 37% dos votos". Para Quércia, a decisão do governador de Minas Gerais, Itamar Franco, de não disputar a convenção, aliada ao fato de os governadores peemedebistas terem pressionado suas bases para não votar em Vilela, favoreceu a vitória de Temer. "Tenho certeza que se o Itamar tivesse entrado na disputa, venceria. Além disso, não recebemos os votos que esperávamos do Pará, Alagoas, Bahia, Amazonas, Piauí e Pernambuco, por pressão dos governadores", justificou. O presidente FHC evitou fazer comentários sobre o resultado da convenção do PMDB, e sobre as moções exigindo que o partido se afaste do governo e entregue os cargos. Jader usou verba da Sudam para eleição Além de liberar recursos em troca de doações, o senador cobrou propina por projetos liberados. O delegado Hélbio Dias Leite, da Polícia Federal, vai entregar ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF) um dossiê sobre fraudes na extinta Sudam. Pelo menos 15 depoimentos, cheques e outros indícios sustentam as acusações de desvio de verbas pelo senador Jader Barbalho, e o primo dele, o deputado federal José Priante, ambos do PMDB paraense. De acordo com Leite, a liberação de recursos da Sudam estava condicionada ao pagamento de doações à campanha eleitoral de Jader, de 1998. Também havia a cobrança de propina, de 7% a 10%, sobre o valor dos projetos aprovados por meio de "laranjas". Desde abril passado, Leite coordena as investigações sobre a conexão dos fraudadores de Altamira, montada em Tocantins. Uma das testemunhas, cujo nome é mantido em sigilo, afirma que foi depositado um cheque, no valor de R$ 70 mil, na conta bancária da Centeno & Moreira, empresa responsável pelo ranário Touro Gigante, projeto da Sudam implantado pela atual mulher de Jader, Márcia Zahluth Centeno. O delegado vai a Brasília, na quinta-feira, pedir a colaboração da Câmara e do Senado para ampliar as investigações, já que agora há dois parlamentares federais sob suspeita. Leite também vai encaminhar o dossiê ao STF para abertura de inquérito e quebra dos sigilos de ambos. Para Jader, a visita do delegado ao Congresso desmascara suas reais intenções de que o inquérito é político. OAB desconfia das MPs editadas pelo governo. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou ontem que pretende analisar em detalhes as últimas Medidas Provisórias (MPs) editadas pelo governo. A análise da constitucionalidade dos textos das MPs será feita pela Comissão de Constituição e justiça da entidade. Na última quinta-feira, o governo baixou dez MPs tratando de vários assuntos, como mudanças nas regras do financiamento de imóveis pelo Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), criação de multa por omissão de investimentos brasileiros no exterior e tributação de imposto de renda sobre os rendimentos financeiros dos fundos de pensão. O motivo do pacote de medidas de uma única vez foi a aprovação da emenda constitucional que regulamenta a edição de MPs pelo Executivo. Agora, as MPs não poderão ser reeditadas por tempo indeterminado, perdendo a validade em 60 dias se não forem votadas e aprovadas pelo Congresso Nacional. Em sessão marcada para as gh de hoje, o Congresso promulga a emenda em sessão solene no plenário da Câmara. deverão estar presentes da República, Fernando Henrique, e do STF, Marco Aurélio Mello. Editorial Por quem os sinos dobram? Mais uma família gaúcha chora a ausência insuportável de um filho querido, arrancado de forma avassaladora de seus braços, vítima da violência policial, Uma denúncia sobre a presença de três jovens em atitude suspeita, numa rua deserta na área central de uma das mais importantes cidades de nossa região metropolitana, fruto da verdadeira paranóia em que estamos vivendo nos dias de hoje, resultou numa ação truculenta, inaceitável e criminosa. Por quem os sinos dobram? Há mais tempo, em Canoas, vários telefonemas para o 190, denunciando que um bandido forçava a porta dos fundos de uma casa humilde, onde se encontravam uma mulher e suas duas filhas menores de idade, resultou na invasão do domicílio e no estupro daquelas três cidadãs, destituídas de seu direito de ver atendido seu pedido de socorro. Neste caso, a BM não compareceu. Nos dois episódios, ainda muito vivos na memória de todos, o sistema de segurança do Estado falhou brutalmente. No primeiro, por um excesso inaceitável. No segundo, por omissão. Em ambos vamos encontrar a falha humana. Eis aqui o nosso paradoxo. Exigimos mais segurança, queremos mais verbas para a compra de equipamentos, queremos armamentos sofisticados, carros velozes e a construção de mais delegacias e casas de detenção. Não se discute, por óbvio, serem todos fatores estratégicos. Mas quando começaremos a discutir a condição do agente da Lei? O que sabe a sociedade quanto à qualidade do ser humano que está com a arma na mão, na defesa de nossa integridade fisica? Quem são os homens e mulheres a quem delegamos o dever de dar a própria vida no cumprimento de sua missão? Precisamos de investimentos na formação desta mão-de-obra indispensável. Vale lembrar que são poucos os casos que acabam tendo repercussão como os dois citados. Milhares de casos semelhantes acontecem cotidianamente, resultando em inquéritos, demissões e prisões. É urgente alterarmos o eixo da discussão. Às autoridades responsáveis pelo cumprimento do dispositivo constitucional que confere ao Estado garantir a integridade do cidadão, cabe esclarecerem à sociedade que as sustentam. De quanto em quanto tempo seus agentes passam por avaliações psicológicas? Quantas horas por mês este agente pratica treinamento tático e de tiro? Qual grau possuem de familiaridade com as armas que usam no cumprimento de seu dever? Trabalham com armas "particulares"? Quem controla a condição de cada um dos agentes? Existem serviços de apoio aos alcoolistas e drogados, que certamente devem existir, pela própria natureza de violência de sua função? Uma arma não dispara sozinha, alguém puxa o gatilho. É este braço que precisamos deter. Um organismo funciona harmoniosamente quando suas células estão sadias. Convém lembrar que estas não são reflexões eivadas de ingenuidade. É ao agente da Lei que devemos voltar nossos olhos, e não apenas exigir um estado policialesco e violento contra aqueles que queremos presos, pois nossos filhos poderão ser confundidos entre as sombras da noite e amanhã os sinos poderão estar dobrando por nós mesmos. Topo da página

09/11/2001


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