Fórum Democrático continua os debates sobre a Uergs em Encantado



Ao abrir a audiência pública do Fórum Democrático realizada na Prefeitura de Encantado para discutir o projeto do governo de criação da universidade estadual (Uergs), o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Sérgio Zambiasi, disse que o encontro objetiva que a sociedade conheça essa proposta e possa dar sua contribuição para tornar realidade o sonho da universidade pública no Rio Grande do Sul. Sérgio Zambiasi destacou ser uma oportunidade para que todos possam afirmar suas convicções, a fim de que até o dia 28 de maio seja realizado pelo Parlamento o último fórum, com a votação do projeto ainda no segundo semestre, para que a iniciativa seja logo implantada pelo Governo. Já o presidente do Corede do Vale Taquari, Denizar Becker, afirmou que os Coredes têm a clareza de ver na iniciativa do Fórum Democrático um grande passo para que o Estado possa se desenvolver tecnologicamente. E o presidente da Câmara de Vereadores de Encantado, Marino Deves, destacou a elaboração de uma conquista que certamente irá ampliar os horizontes dos estudantes do Vale do Taquari, com benefícios para toda a região. Por sua vez, o deputado Elmar Schneider (PMDB) garantiu ser a favor da Uergs e entende que a nova instituição deve ocupar as estruturas das universidades comunitárias. Observou no entanto, que não está escrito no projeto a forma como se dará o ingresso dos alunos e de onde virão os recursos, já que a Constituição prevê a destinação de 35% das verbas para educação. O deputado Alexandre Postal (PMDB) elogiou a iniciativa de debater a questão nesta região, assegurando que quer analisar o que as pessoas da localidade desejam em relação à Uergs e acredita que o debate seja profícuo ao longo da reunião. O deputado Luis Fernando Schmidt (PT) também considerou importante o momento oferecido pela proposta do governo e manifestou sua satisfação por tratar aqui no Estado sobre as reformas democráticas e de avanço no ensino de terceiro grau, ao contrário do que ocorre em Brasília, onde se discute sobre a corrupção. E o presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembléia Legislativa, deputado Onyx Lorenzoni (PFL), lembrou que o Fórum Democrático sempre trabalhou com as leis orçamentárias e agora, de forma inédita debate a questão do ensino com a criação da universidade estadual. Ele enfatizou que, mesmo sendo um parlamentar oposicionista não vê problemas em reconhecer o mérito da iniciativa do Executivo, mas lembrou que a Uergs não é do governo e sim de todos os gaúchos. Onyx Lorenzoni quer que a futura universidade possa garantir a geração de novas tecnologias e ajudar o Rio Grande do Sul na formação de patentes, com mais emprego e renda para a população. Disse que pretende instigar as comunidades para que possam contribuir com suas propostas que serão incluídas e sistematizadas até o dia 28 de maio, no último encontro antes da votação do projeto. Defendeu a criação de mecanismos que não impliquem em gasto do dinheiro público e mencionou como exemplo a universidade estadual do Paraná, que possui 10 telesalas onde o professor pode atender mais alunos do que pela forma convencional. Citou ainda a universidade estadual de Santa Catarina, cuja verba de R$ 16 milhões atende cerca de 18 mil alunos por ano, através de bolsas a fundo perdido, sendo que os estudantes após se formarem devem prestar serviços comunitários à sociedade. Onyx Lorenzoni sugeriu um tratamento igual para o Rio Grande do Sul. O representante do Governo do Estado, José Clóvis de Azevedo, explicou que o projeto de criação da Uergs tem a pretensão de ser uma universidade inovadora, porque o centro da sua preocupação será a pesquisa, com as áreas priorizadas para produzir conhecimento. Disse que a Uergs será uma instituição que se estabelecerá gradativamente em várias partes do Rio Grande do Sul e buscará cursos de cooperação em parceria com as comunidades, funcionando em campus das universidades comunitárias. Acredita que a parceria com as universidades privadas e comunitárias diminuirá o custo por aluno e vai complementar e dinamizar a pesquisa onde as universidades tradicionais estão operando com dificuldades. Afirmou que essa filosofia tem como centro o estímulo ao desenvolvimento regional para abrir outras frentes, outros nichos de mercado e de produção. Observou que a Uergs não vai entrar nos cursos tradicionais porque ela tem a preocupação do desenvolvimento regional e não vem para resolver o problema do déficit de vagas nas universidades, até porque não é atribuição constitucional do Estado reduzir o déficit anual de 6 mil estudantes no Rio Grande do Sul, já que cabe ao Governo Federal priorizar o ensino superior. Acrescentou que a Uergs não é uma proposta para resolver a demanda represada do ensino superior, mas uma contribuição para o alavancamento do desenvolvimento regional. Citou a área da agroindústria como importante já que o Estado tem vocação exportadora, daí a necessidade de conhecimento para este setor, como a formação de engenharia alimentar com atuação nesse espaço. Destacou que outra área prioritária é a de gestão ambiental, com a defesa do meio ambiente, porque não podemos conviver com projetos industriais de desenvolvimento que não estejam acompanhados de estudos de impacto ambiental. Disse que também é uma área importante a formação de gestores públicos para que os recursos sejam melhor aplicados, a fim de melhorar os serviços oferecidos à sociedade. Mencionou ainda que outra área prioritária é a de formação de educadores, para qualificar os recursos humanos e atuar na área da formação de doutorandos e mestres. Os cursos da Uergs deverão derivar dessas áreas, que poderão ser ampliados com o tempo. O pró-reitor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Uniscs), Marcos Mauro Batista dos Santos, lembrou que a idéia da Uergs vem desde a década de 70 e que já houve um projeto para a criação de uma universidade estadual, cujos debates ocorreram e foram apresentados ao então governador Alceu Collares que vetou a iniciativa por inconstitucionalidade. Como agora a proposta é do governador Olívio Dutra, reconheceu a legitimidade em debater a Uergs e apoiou a necessidade de ampliar as discussões com as comunidades através do Fórum Democrático. Observou que ser importante a posição das universidades comunitárias pela grande participação na hora de criar a Uergs e considerou as instituições competentes para contribuir com a oferta de diversas carreiras profissionais. Considerou que a partir do projeto do governo e do substitutivo dos deputados será possível a sociedade saber como se pretende fazer o estatuto da instituição, como será a escolha do reitor e a constituição do conselho da Uergs e ressaltou que é preciso esclarecer como se dará o acesso às vagas da nova universidade. O reitor da Universidade do Vale do Taquari (Univati), Nei José Lazzari, afirmou ser necessário o apoio do Governo do Estado para a qualificação do corpo de professores da futura universidade e reiterou sua disposição como parceiro do processo de discussão e de construção da Uergs.

05/11/2001


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