Francelino Pereira: crise econômica potencializa discriminação racial
Com base na pesquisa A Desigualdade Racial no Mercado de Trabalho, divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) e pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), o senador Francelino Pereira (PFL-MG) afirmou que a discriminação racial se potencializa num quadro de crise econômica. A pesquisa, segundo o senador, revelou que o número de desempregados entre a população negra é maior que entre a branca.
No município de São Paulo, no primeiro semestre deste ano, a taxa de desemprego medida pelo Dieese atingiu 23,9% entre negros e 16,7% entre os brancos, disse o senador citando dados da pesquisa. Na região metropolitana de Belo Horizonte, capital do seu estado, Minas Gerais, a taxa de desemprego entre os homens negros é de 17,9% enquanto entre os brancos é de 12,8%, disse.
No lado das mulheres, prosseguiu, a situação é pior. O senador revelou que o desemprego atinge 22,4% das mulheres negras na região metropolitana de Belo Horizonte e 17,9% das mulheres brancas. Na região metropolitana de Salvador, a pesquisa constata que existe a maior desigualdade racial de todas as regiões metropolitanas do país, com o desemprego atingindo 21,9% dos homens negros e 32% das mulheres negras.
Francelino revelou ainda que a desigualdade racial também se verifica nos rendimentos dos trabalhadores. Enquanto os brancos recebem em média 3,8 salários mínimos por mês, os negros ganham apenas dois salários mínimos. Entre a população parda, o valor cai para 1,8 mínimo, alertou.
Outro ponto da pesquisa destacado pelo senador foi a qualidade dos postos de trabalho. Segundo a pesquisa, a população negra fica com os postos mais vulneráveis e de baixa qualificação, não tendo carteira de trabalho assinada, trabalhando como autônomos ou como trabalhadores familiares.
- O quadro é agravado porque a pobreza cresce num ritmo maior que a capacidade de geração de riqueza e de emprego na economia. O Brasil tem uma renda per capita em torno de US$ 4,3 mil e uma taxa de pobreza de 34%. O México e o Chile, com a mesma renda per capita, têm uma taxa de pobreza ao redor dos 15%. É inexplicável que um país rico tenha 23 milhões de indivíduos vivendo em extrema pobreza - concluiu.
21/11/2002
Agência Senado
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