Franklin Martins aponta crescimento da mídia regional no país



Nesta quarta-feira (30), a Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) realizou audiência pública sobre os veículos de comunicação regionais do país. No debate, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Franklin Martins, afirmou que, há três ou quatro anos, começou a haver uma mudança no cenário da comunicação regional, com "aumento perceptível da regionalização dos meios de comunicação".

- Vemos no Brasil a regionalização progredindo, mesmo nas grandes redes. Quando temos regionalização da economia, quando há mais peso da economia no interior, é inevitável que ocorram mudanças. Esse é um fenômeno importante em curso, que ajuda a democratização das comunicações no país - disse.

O ministro defendeu que, mesmo contando com uma programação integrada em todo o país, é preciso haver a presença de "todos os sotaques" na programação dos veículos de comunicação. Em resposta a questionamento do senador Gerson Camata (PMDB-ES), Franklin Martins também apoiou a necessidade de uma legislação mais rigorosa para as rádios comunitárias e para impedir o funcionamento de rádios piratas.

Franklin Martins observou ainda que, apesar de a tiragem dos grandes jornais brasileiros estar "estagnada", a de jornais populares vem crescendo. Isso acontece, analisou, porque esses jornais se destinam a um público que "começa a ler jornal agora", principalmente os brasileiros que chegaram agora à classe C.

Ao responder ao senador Cristovam Buarque (PDT-DF), o ministro se disse contrário à inclusão na Constituição da obrigação de os meios de comunicação tomarem parte na educação da população, embora isso aconteça naturalmente, na opinião de Franklin Martins. Cristovam Buarque havia sugerido que os jornais se envolvessem "para fazer o país mudar" e propôs mudanças na legislação.

Franklin Martins contou que ele mesmo se assustou com a força que a mídia regional tem e lembrou que a circulação de jornais locais chega a ser maior do que a dos grandes veículos impressos juntos. Para o ministro, a grande vantagem da regionalização é o fortalecimento dos meios de comunicação locais e o conseqüente espaço alcançado para a cultura local.

Segundo informou ainda, o governo vem estimulando a participação de institutos de verificação de circulação ou de associação da mídia local para viabilizar mecanismos confiáveis de medição da circulação desses veículos.

O ministro informou que a Secom, em 2003, publicou anúncios em 182 municípios, atingindo 499 veículos (incluindo rádio, jornal e TV). Em 2004, esse número subiu para 757 municípios e 2.165 veículos. O pico foi alcançado em 2006, com 1.358 municípios e 4.451 veículos. Devido a um orçamento menor em 2007, os anúncios veiculados pela Secom caíram para 913 municípios em 3.434 veículos.

O presidente da Frente Parlamentar em Apoio e Fortalecimento da Mídia Regional, deputado federal Cláudio Antônio Vignatti (PT-SC), considerou que, muitas vezes, as notícias locais são as mais importantes para os cidadãos. O parlamentar destacou a iniciativa da entidade de criar um grupo de trabalho para discutir a implantação de campanhas publicitárias do governo federal em todo o país.

- Os recursos que chegam aos veículos locais tornam mais forte a economia regional - comentou.

Também participou da reunião o diretor-executivo da Associação dos Diários do Interior do Brasil (ADI), Adriano da Fonseca Kalil Escada, que tratou principalmente da existência de rádios e jornais locais. Kalil Escada afirmou que a concentração desses órgãos de comunicação é vinculada ao desenvolvimento econômico. Informou, por exemplo, que o Norte do país, que ocupa quase 50% do território nacional, conta apenas com 252 rádios e 30 jornais diários.

- O avanço da mídia regional vai acontecer onde houver investimentos - sustentou.

A reunião foi realizada a requerimento do senador Flávio Arns (PT-PR). O senador destacou que o grande objetivo da audiência foi prestigiar e valorizar a mídia regional, pelos aspectos de democracia e acesso à informação que representa.

- Temos que debater a programação dos veículos em relação ao conteúdo regional para promover a valorização dessa diversidade rica, bonita, necessária e importante que existe no Brasil - concluiu o senador.



30/04/2008

Agência Senado


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